Wilson do Bandolim é um ícone da música instrumental paraibana. Foi amigo fraterno de Artur Fumaça, músico itabaianense também genial com seu bandolim, artista que nunca adentrou no mundo orquestral, jamais teve a chance de se envolver com as sinuosidades teóricas da arte da música, no entanto foi também um criador e inovador da técnica deste instrumento.
A universidade de Wilson do Bandolim e Artur Fumaça foi o cabaré. De menor idade, Wilson teve seu primeiro contrato de trabalho no chamado “baixo meretrício” de Cabedelo. Tocou, agradou e ficou, iniciando a carreira profissional naquelas pensões elegantes da velha Cabedelo da década de 30/40 onde se apresentavam grandes orquestras do Recife, do Rio de Janeiro e até conjuntos internacionais, atraídos pelo dinheiro dos marítimos.
Wilson entreviu naquele tocador de Itabaiana um grande músico, e por isso agregou Artur Fumaça no seu grupo musical. Artur ficou sendo o “regra três”, o substituto de Wilson nos prostíbulos de luxo, quando precisava atender ao chamamento dos amigos da Nau Catarineta para fazer parte da orquestra da brincadeira tradicional de Cabedelo.
Ainda hoje Wilson do Bandolim domina seu instrumento, compõe suas melodias e rende suas homenagens ao chorinho, gênero ligado umbilicalmente ao bandolim. Deixou para trás a boemia, só lembrando com saudade das sensações afetuosas de uma época de ouro, uma época terna onde até a prostituição tinha sua ética e sua beleza, seu carisma e seus grandes artistas.
Unido amorosamente a Cabedelo desde sempre, Wilson do Bandolim é pai dos violonistas Wellington Costa e Carlos Costa, este último um grande e premiado mestre do violão. É a história que se segue para as gerações seguintes, na esperança de que Cabedelo hoje e amanhã tenha plena consciência do significado do trabalho de mestre Wilson do Bandolim para a cultura paraibana e brasileira.
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