quarta-feira, 31 de julho de 2019

Toca do Leão ocupa espaço nobre no jornalismo da blogosfera


Recebi convite do editor do DiárioPB, meu compadre Sérgio Ricardo, para espalhar os rugidos do leão no seu portal. Chego com ar de quem não quer que ninguém note minha presença, devagarzinho, querendo roubar a atenção dos leitores, mas sem intencionar molestar ninguém, vestido dessa modéstia que não é discrição nem nada, é apenas ansiedade do calouro, ancho com o espaço concedido, mas sem saber até onde posso avançar com minhas papagaiadas e tiradas anarquistas. Para não ferir as tais suscetibilidades, mesmo porque hoje em dia a patifaria anda solta, a partir do Planalto Central do Brasil. Não quero contribuir com a falta de educação geral e quase irrestrita que virou moda nesse patropi. Vamos com calma que o santo é de lodo.
Sou um sujeito ponderado, mas não sou crismado nem batizado. Uns dizem que sou doido, o que me bota na fila dos inimputáveis, incapazes de discernir seus atos, igual a um certo regente tantã que anda fazendo sucesso negativo nas paradas nacionais. Outro dia meu compadre e antagonista Maciel Caju me classificou como “poeta menor”. Em sendo menor, sou legalmente irresponsável, o que me deixa com razoável margem de erro. Desculpem antecipadamente minhas escorregadelas e algum desregramento próprio de um sujeito pueril.
Feito o introito, saúdo o muito digno leitor e a generosa leitora que casualmente acessarem esta coluna no DiarioPB. Dizendo ainda que também estou danado com as cretinices descomedidas dos nossos “representantes”. Mas, e sempre tem um porém, como diria Plínio Marcos, prometo não vestir a camisa de paladino da justiça ou de protetor dos fracos, porque fingimento e imposturice é papel dos depufedes e dos atores medíocres. Não assino embaixo por puro retraimento, mas boto minhas digitais analfabéticas abaixo do discurso daquele sujeito, tribuno de rua mencionado pelo colossal humorista Stanislaw Ponte Preta: “Quem fala em nome do povo é safado. Todo cretino que levantar a voz, seja onde for, dizendo-se representante do povo, emissário do povo, ou povo propriamente dito, é um cretino!”

domingo, 28 de julho de 2019

POEMA DO DOMINGO



Trocadilho amargo:
estreito navio
passou ao largo

***
Luz da Estrela Guia
antes de nascer
já existia

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Discurso apoplético e psicótico de Bento Júnior na posse como Presidente


Se Bolsonaro pode ser presidente, por que eu não posso? 
Meus amigos, minhas amigas, meus cachos e minhas coxinhas: eu, Bento Júnior, primeiro e único, declaro aqui que tou mais feliz do que Bolsonaro pedindo a benção ao pato Donald Trump. Tomo posse na Rádio Zumbi, essa rádio que não é mais uma rádio, é uma fossa séptica que separa os resíduos fecais e distribui democraticamente nas ondas cibernéticas e folobosquéticas do Brasil! Mamãezinha, eu sou finalmente um Presidente! Se orgulhe, mamãezinha, se orgulhe! Seu filho que não era nada, continua sem ser porra nenhuma, mas recebe neste momento solene a faixa presidencial da Rádio Zumbi, prometendo combater a corrupção com muita ação, determinação, alienação, fornicação, retaliação e as outras rimas em ão. Prometo canalizar cerveja nos tubos do encanamento dessa rádio que só basta abrir a torneira que já sai a cerveja gelada no ponto. Prometo empoderar os malucos, as malucas, os bêbados, as bêbadas e todos os que se sentem oprimidos pela falta de canal retal de comunicação, pois que o intestino grosso clama por liberdade, numa total falta de coloscopia democrática e cagatícia!
Finalmente, quero aqui defecar meu grito político: Liberdade para Sérgio Moro! Que ele fique livre sozinho numa canoa em alto mar, apreciando a beleza do oceano! Tenho dito e passe banha!

domingo, 7 de julho de 2019

Cordel em transformação


A maior parte dos cordelistas que participam desta coletânea tem formação acadêmica. Nestes trabalhos, entretanto, resta preservada a linguagem simples e envolvente dos cordéis, mesmo quando trata de assuntos sérios como o tema explorado pela odontóloga Cristine Nobre ou pelo físico Jota Lima. Em outros folhetos da mostra aparece a objetividade ingênua, própria da literatura de cordel, as narrativas acentuadas pela oralidade, a musicalidade como característica marcante deste gênero.
 
A Literatura de Cordel vivencia uma fase de transformações. O poeta não expõe mais seus folhetos nas feiras livres. A tenda agora é eletrônica. Alguns desses poetas da Academia de Cordel do Vale do Paraíba não têm folhetos impressos. Toda produção deles está no universo da internet, emocionando e despertando o interesse das novas gerações. É uma literatura que soube sobreviver, saindo das casas grandes e senzalas para se transformar em objeto de estudo de pesquisadores estrangeiros.
O cordel retrata os anseios e a cultura da região onde nasceu. Entretanto, atualmente está disseminado em todo o país e até no estrangeiro. Incorporando linguagem e temas populares, faz uso da fala coloquial com humor e ironia, falando de temas do folclore, assuntos religiosos, sociais, políticos, episódios históricos e os chamados “folhetos fesceninos” que muitos estudiosos do cordel chegam a classificar na categoria de “folhetos de gracejo”, mas, é putaria mesmo, dentro da transparência franca e um tanto simplória da literatura popular.
Nesta coletânea não há folhetos “de gracejo” escabrosos, mas não faltam poetas impudicos. Brevemente lançaremos uma coletânea de cordéis safados que têm seu lugar de honra. É porque o cordel cobre todas as facetas da vida humana, incluindo o chamego.
O que se ressalta é a riqueza poética deste gênero literário. No ritmo e na melodia construídos com a medida fixa dos versos e a presença de rimas, o cordel também mexe com o jogo de palavras, constrói expressões poéticas, às vezes líricas, às vezes visões pessoais, carregadas de significados que só o outro poeta, o que lê, entende e reconstrói. Pegue-se esta estrofe de Chico Mulungu:
Sou passageiro do tempo
Como uma flecha certeira,
Sem descansar da bagagem
Que trago abrindo porteira
Na estrada que liga, mira
Mulungu a Guarabira,
Por minha existência inteira. 
Em seu ofício de poeta, o novo cordelista vai além das cantigas triviais e despojadas. Ele percorre múltiplas tendências nas veias abertas da poesia.
Segundo pesquisas acadêmicas, há na Paraíba cerca de 330 artistas do cordel em atividade. Temos aqui 18 deles, com suas rimas fáceis ou difíceis, pobres ou ricas, narrativas despojadas ou requintadas, evocando suas experiências pessoais ou botando o dedo nas feridas da humanidade.