sábado, 30 de dezembro de 2017

Fábio Mozart declama José Sóter, poeta de Brasília, neste sábado no "Alô comunidade"

José Sóter e Fábio Mozart

O programa “Sarau da palavra” tem mais uma edição no ar, através da Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares. A segunda edição foi gravada no estúdio Dumato, em João Pessoa, com os poetas Sander Lee, Thiago Alves, Fábio Mozart e Dalmo Oliveira. O programa será emitido neste sábado (30), durante o “Alô comunidade”, na Rádio Tabajara da Paraíba AM, a partir das 14 horas, com reprise diária pela Rádio Web Zumbi às 20 horas.

A edição de dezembro do Sarau da Palavra tem poesia do paraibano Manuel Xudu e José Sóter, poeta de Brasília. O repentista Otacílio Batista Patriota canta martelo agalopado. Otacílio era o mais novo da lendária trindade da cantoria nordestina, formada pelos irmãos Batistas (além dele, Lourival e Dimas). Ainda nesta edição do Sarau da palavra, o ator Edilson Dias declama poemas de Augusto dos Anjos.

O programa é produzido pela Academia de Cordel do Vale do Paraíba e Rádio Zumbi, com apoio da Sociedade Cultural Posse Nova República e Coletivo de Jornalistas Novos Rumos.

Para ouvir pela internet o som da Rádio Tabajara da Paraíba AM – 1.110 Khz (sábado, 30 de dezembro, 14 horas):


sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Com brasileiro não há quem possa


Meu compadre Piaba é um artista do audiovisual, criativo, com enorme potencial e maior ainda percentual de irresponsabilidade. Piaba é desses caras que não ligam pra nada. Ele tem princípios, o que é uma preciosidade. Dá consultoria técnica a todos que pedem, desde que sejam organizações populares, rádios comunitárias ou movimentos sociais. Leva a vida na manha e no uísque. Faz freelance e constrói páginas na internet. É um tremendo gravurista e produz belas camisas. Enfim, vive como pode.  Acredita que, nesse país, o cara que consegue levar comida pras crianças e manter um nível mínimo e decente de vida, já é um vitorioso.
Piaba abriu uma microempresa de estamparias e foi aí que entrou no campo das licitações, que no Brasil significa golpe. Convidado por um “mala”, Piaba foi informado de que tudo era legal, que o jogo era só entrar com alguns acordos com outras empresas e todos ganhariam, na base do revezamento. Não sei como se faz isso, mas era o plano. Piaba seria um rato que não sambaria à vontade naquele lixo da burocracia fedorenta como os bueiros abandonados da cidade. “Em que mundo você vive, Piaba? As coisas funcionam assim. Não terá nada de ilegal, apenas uns acordos entre amigos”, ponderava o “mala” atravessador dos contratos com a Prefeitura.
Contrato firmando, a empresa de Piaba recebeu encomenda de fornecimento de camisas no valor de R$ 13 mil. O intermediário levaria dois mil de bonificação pela trinca de ases que escondia na manga naquele jogo de cartas marcadas. Pedido atendido, encomenda entregue, o intermediário foi pegar a grana. Não voltou nunca mais.
Óbvio que Piaba procurou o meliante em sua casa. O vizinho informou que fizeram as malas e viajaram para Natal, sem promessa de retorno. Foi aí que o micro empresário soube que concorreu com bandidos, sem chance de ganhar. Prejuízo, revolta, vontade de cair de porrada em cima do malandro. O inexperiente autogestor respirou fundo e foi tratar de “correr atrás do prejuízo”. Sim, porque os tolos não correm atrás de lucro. Inocentes vivem pra reparar perdas e danos.
Essa parada ele me contou rindo. Ainda hoje sem capital de giro, vive em circunlóquio constante em torno do caixa vazio. Lição: a infindável luta entre o Bem e o Mal está personificada entre o trouxa e o ímprobo.
O Palácio do Planalto contratou uma lancha para o presidente Michel Temer e sua família usarem na Bahia, durante o carnaval, por R$ 24 mil, sem licitação. A lancha tem o nome de “Bem me quer”. Se a vida fosse simples como os macetes dos podres poderes! Na terra brasilis, corrupção não é coisa fortuita. Ao contrário, é uma razão. É um princípio, um meio e um fim.





terça-feira, 19 de dezembro de 2017

CARTA DE FIM DE ANO


É uma história antiga que cai sempre em dezembro. Cada um tem uma teoria própria sobre o fenômeno. É a tal depressão de fim de ano. O cara descobre que o ano passou e ele abre seu diário, só vê folhas em branco. Nada produziu. Adormeceu em janeiro e acordou em dezembro. Vagou sem rumo e sem saber o que faz nessa vida besta durante doze meses. O bom senso manda calar sobre essas coisas para evitar duas vergonhas: a constatação da perda do ano e o prazer malévolo dos inimigos.
Eu, na qualidade de eminente crítico de mim mesmo, faço a descrição dos meus infortúnios e pequenas vitórias de Pirro, um militante do PSDB que venceu a batalha do golpe, mas não levou. Quem ficou com o butim foi o PMDB.
Por falar em vitórias inúteis, lembrar que comecei a tomar uma beberagem para perder peso em janeiro. Maxixe, água de coco, maçã, limão e pepino. Perdi tempo e sofri amargor durante um período. O peso corporal não se mexeu. Tomei cerveja no Mofados Bar ao som da banda Street City com uns caras meio que alternativos. Um tal de Chuá, sujeito conversador e baixinho, foi no sanitário para enrolar uns cigarrinhos estranhos. Na volta, eu quis testar sua acuidade visual:
--- Ta vendo aquele cartaz ali na parede?
--- Que parede?
Quantas preocupações neste ano que passou! Já dizia o velho Mateus: “não se preocupe com o que comer e beber, nem com o próprio corpo. Não é a vida mais importante que essas coisinhas?” Talvez um chato teria dito a Mateus: “e sem comida, como ter vida, seu zé ruela!” Longe de mim criticar os santos homens de Deus. Mas isso foi há muito tempo, antes de Michel Temer e seus demônios amestrados. No congresso faltou quórum, no palácio faltou decoro e na mesa de Natal do proletário faltou couro de galinha, o famoso bolo de colesterol. Digo isso de passagem, pra politizar levemente meu relatório. É cada vez inacreditável a realidade desse lugar. E olhe bem e atente: quando o sujeito não acredita na realidade, ele perde a indignação social. Vira um indignado antissocial e esquizofrênico. Daí ele escreve no Facebook: “Somos todos Bolsonaro.”
Eu, pessoalmente, não me incomodo mais com o aumento da pobreza e a exploração dos mais imbecis. Descobri que ninguém dá a mínima para o abuso de que sou vítima. Aposentado, ganho um terço do que paguei durante vinte e cinco anos para a Previdência. O Governo acha muito e quer diminuir a esmola. Chama-nos de vagabundos e mortos vivos que teimam em não comer grama pela raiz. Como diria Sonsinho, devo esse assalto contínuo a três pessoas: ao Presidente de plantão, ao seu Ministro da Previdência e aos mais de quinhentos congressistas vigaristas.
Queixas à parte, neste ano conheci cada figura! Uma delas, o meu amigo Ciço da Mangabeira. Uma enciclopédia ambulante, embusteira e falaciosa. Um sujeito de índole jovial, desses que não ligam o mínimo se a vida passa e a melancolia existe. Conviver com o velho Ciço é aprender a falar com seriedade sobre coisas engraçadas e expressar com leveza assuntos sérios. Como um sábio sujeito, Ciço sabe rir de si mesmo e releva se riem dele, desde que com afeto e consideração. Ta certo.
Eu, pessoalmente, arranjei uma forma de fazer terapia para combater stress. Diagnosticada minha doença mental: senilidade. O pior é a solidão. E falta de risibilidade em geral. Daí inventamos, eu e um grupo de maduros, um programa de rádio chamado “Multimistura”. Cada quinta-feira a gente se reúne em estúdio de rádio para curtir duas horas de banalidade. Esse xaveco frívolo e ridículo alivia o peso da vida e das dificuldades dela. Se bem que tem uns caras meio que infensos ao modo humor de tratar a vida. Meu compadre Marcos Veloso, para entrar um sentido engraçado na cabeça séria dele, seria preciso uma operação cirúrgica. Psicoterapia em grupo é isso aí, o resto é relacionamento desgastado pelo tempo.
O Comendador Fábio Mozart se despede dos seus cinco ou seis leitores da Toca, lamentando o ano safado de 2017 e querendo que 2018 seja o ano em que os bandidos morram. Sim, porque no fim todos os bandidos morrem. No meu caso, repito Millôr Fernandes: "Se eu morrer, nem ligo; enfim, estarei fora de perigo."

domingo, 17 de dezembro de 2017

POEMA DO DOMINGO



EJACULATÓRIA

Per sexo seculorum
em nome do padre,
do filho do padre
e do espírito dionisíaco.
Per sexo seculorum...

domingo, 10 de dezembro de 2017

Poema do domingo



Poema da dejeção

Domingo sem noção
eu pensando numa merda
de tema pra compor
uma poesia qualquer
pra postar no blog.
Foi quando
vi que a vida tão linda
se perde nesses desalentos.
Peguei meu caderninho de canções
pincei duas ou três frases da ora
apliquei uns efeitos tipo concretismo
melhorei duas ou três frases célebres
plagiei três ou quatro poetas mortos
curti um ou dois poetas semimortos
e glorifiquei a arte do improviso.
Resultado final:  dejeção moderna.
Fiquei meio constrangido,
mas, a galera começou a curtir no Facebook.
“Amor e poesia no pé do muro
sem ninguém policiar.”

F. Mozart



domingo, 3 de dezembro de 2017

POEMA DO DOMINGO

Foto: Cícero Omena


Paraibanagem.

orgânicas imagens

poesia de terra em transe

trocas simbólicas de feridas

pernambucanamente

estados de incertezas

proclamação da república

do açúcar amargo

e dos caboclinhos

escondidos na zabumba

de Pedro Osmar

e na sanfona circense

de Sivuca

remexendo a cloaca

de antigos faustos

e mais antigos hieróglifos

ingamente ativos

no seu mistério teórico

Paraíba sem bandeira

coparticipante de um Nordeste

polimórfico

assumindo suas caras

suas caretas e traumas

condenado em primeira instância

a viver vida oprimida

com gosto de rapadura.

 

F. Mozart


 

sábado, 2 de dezembro de 2017

ECT & ECT


Opus impuratus - O livro proibido de Vavá da Luz, sai em janeiro. Edição limitadíssima. Garante seu exemplar in box.

"Grupo da Copa prova que Brasil só não dá sorte em sorteio do STF" - (Sensacionalista)

SUJOU O LAVA JATO
"Tacla Durán diz ter recebido da Lava Jato lista de políticos para denunciar"

Tem a operação "Lava Rato" e a operação "Enxuga o rato".

Globo comprou o sorteio da Copa para o Brasil pegar chave fácil. (FakeNews)

QUERENDO FUGIR DA SUJEIRA
Dividida, base aliada de Temer fala até em apoio a Lula.

SUJEIRA E ESCÁRNIO
Temer quer fazer reforma da previdência alegando déficit fiscal, mas edita MP que dá R$1 trilhão para a Shell em isenção de impostos.

SUJEIRA DEBAIXO DO TAPETE
PSDB planeja esconder Aécio e deixá-lo longe de Alckmin na convenção do partido.

LAVANDO ROUPA SUJA EM PÚBLICO
O ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Durán, em depoimento nesta quinta-feira (30) declarou que foi extorquido pela força-tarefa da Lava Jato.

"A imprensa, de marrom passou a degradê. Tinge-se de acordo com o interesse e com a música que estiver no ar." - Antonio Fonseca

Desde abril o IBGE não registra a criação de um único emprego formal na indústria.

Desemprego do trimestre é o mais alto em cinco anos

Desempregado agora tem nova designação: empregado por conta própria.

COMPRA DE VOTOS COM PATRIMÔNIO PÚBLICO
Terreno público imenso, ao lado do mercado de Mangabeira, doado à Igreja Universal! - (Zuma Nunes)

Compadre meu enviou um exemplar do livro "Manual da Poesia Fajuta", de Sérgio Cortêz. Não sei porque, senti a cutucada de uma certa indireta.

Quando surgirá um vereador em João Pessoa para propor projeto admitindo passageiros em pé nos ônibus, desde que não ultrapasse o limite de um quarto da lotação do veículo?

“As rádios devem ser usadas para informar à população dos seus direitos e devem ser democratizadas para que todos os interessados possam usufruir do serviço. Não precisa ser uma rádio só para falar de saúde, mas de todos os temas de interesse das comunidades. O mais plural possível”. - Luiz Henrique Parahyba.




terça-feira, 28 de novembro de 2017

Fábio Mozart cede direitos e TCE deve publicar folheto institucional em cordel

Em folheto de cordel, o poeta Fábio Mozart fez uma homenagem ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, cujos direitos autorais ele acaba de ceder à instituição. O cordel deverá ser distribuído gratuitamente nos eventos públicos do TCE e nas apresentações da Academia de Cordel do Vale do Paraíba em todo Estado. “É uma forma de agradecermos pela acolhida que nossa Academia recebe no TCE, notadamente no Centro Cultural Ariano Suassuna, dirigido por Flávio Sátiro Fernandes Filho, um parceiro de primeira hora e grande incentivador das artes”, disse Mozart.
O folheto do TCE deverá ser lançado no início de 2018, fazendo parte do material de divulgação do projeto “Cordel do fogo apagado”, espetáculo de teatro, declamação e música que a Academia de Cordel pretende montar no próximo ano, com excursão programada para várias cidades paraibanas. 
Para Sander Lee, Presidente da Academia, a literatura de cordel tem recebido espaço e reconhecimento no TCE. “O rico universo da poesia popular ganhou um palco de luxo no Espaço Cultural Ariano Suassuna, graças ao significativo apoio de Flávio Sátiro Fernandes Filho e de toda diretoria daquele órgão público”, afirmou ele. “Em 2018, nossa meta é adquirir um espaço físico onde possamos ter condições estruturais de armazenamento de nossa produção e realização de oficinas de cordel e xilogravura”, finalizou.  

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Poetas comemoram Dia Mundial da Palavra com estreia de programa no rádio


Os poetas Dalmo Oliveira, Fábio Mozart, Josafá de Orós e Thiago Alves, da Academia de Cordel do Vale do Paraíba, são os agentes principais do programa “Sarau da palavra”, radiofônico que vai ao ar pela primeira vez nesta quinta-feira, 23 de novembro, na Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares e em canal do Youtube. A proposta do programa é, inicialmente, integrar uma programação internacional que envolve mais de 150 países em torno do Dia da Palavra, promoção do Museu de La Palabra, de Barcelona, Espanha. O coordenador do programa, Fábio Mozart, disse que o radiofônico terá novas edições mensais, “sempre na perspectiva de reunir escritores, poetas, atores, músicos, pesquisadores e entusiastas da palavra”.
A proposta de celebrar a palavra “como vínculo da humanidade” é da Fundación César Egido Serrano, de Barcelona, Espanha, que concederá o título de “Embajador de la Palavra” às pessoas e instituições que organizarem eventos cujo foco central seja a palavra neste 23 de novembro. Destra maneira, a Academia de Cordel do Vale do Paraíba se converterá em “Embaixadora da Palavra” na Paraíba.  
O programa “Sarau da palavra” será compartilhado através das redes sociais da Fundación César Egido Serrano e concorre à quinta edição do Prêmio Internacional de Microrrelatos sobre a Palavra, com 20 mil dólares de prêmio.
“Sarau da palavra” estará no ar neste 23 de novembro, às 19 horas, pela Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares, de João Pessoa, no endereço eletrônico: www.radiozumbijp.blogspot.com.br
Neste sábado, 25 de novembro, o programa será reprisado na Rádio Tabajara da Paraíba AM, às 14 horas, como conteúdo do programa “Alô comunidade”, no link www.radiotabajara.pb.gov.br


domingo, 19 de novembro de 2017

POEMA DO DOMINGO


DUELO NAS ALTURAS

Numa cena avessa e distorcida
Eu sonhei com o fim, o desenlace,
Eu vi Deus e o Diabo, face a face,
Eles dois duelando na avenida
Por esta vagabunda e torpe vida
Esgotaram o arsenal completamente.
Escapei da chacina e virei crente
Sem prever que depois eu pecaria
O pecado mortal da fantasia
Condenando-me ao breu eternamente.

Peço aos céus que me puna docemente,
Não com a pena imposta a Galileu,
Cientista do sol que descreveu
Lei dos corpos, punido cruelmente.
Se tivesse em verso complacente
Dito claro que a terra é quem se move,
Essa arte poética que socorre
O artista que dela tem domínio,
Barraria o soturno vaticínio
Que das bulas papais, cruento, escorre.

No duelo de Deus e do Diabo
As esgrimas terçavam pura arte,
Indo e vindo em Vênus e em Marte
Com o Divino ganhando a guerra ao cabo.
Satanás empenhou até o rabo,
Mas perdeu por pobreza do seu verso,
Pela força da língua submerso,
Humilhado na estética divinal,
Imolado na pedra filosofal,
Sucumbiu com seu estro vil, perverso.

F. Mozart

terça-feira, 14 de novembro de 2017

MULTIMISTURA com defeito de fabricação


Deputado Antonio Mineral ganha o troféu Babaca da Semana do MULTIMISTURA: 


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Astróloga Madame Preciosa apresenta o Horóscopo Nordestino. 

BLOCO 2: 


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“Luciano Cartaxo é tão falso que já nasceu clonado” – (Vavá da Luz) 

BLOCO 3: 


      ****** 

A verdadeira história das pedras de Ingá na voz do autor, o doutor Fábio Mozart. 

BLOCO 4: 

domingo, 12 de novembro de 2017

POEMA DO DOMINGO

Gravura de Mailson Rodrigues

A verdadeira história das pedras de Ingá - PARTE I


Um dos maiores mistérios
Do mundo misterioso
O lajedo de Ingá
Em lugar muito formoso
Na beirada de um riacho
Pertencente a um cabra macho
Que o povo chama Vavá.

Eu já estive por lá
Estudando a profecia
Daquela pedra famosa
Onde de noite e de dia
O povo reza contrito
Em louvor do monolito
De fama conceituosa.

Palavrado em verso e prosa
O lajedo é estudado
Por doutor em ocultismo
E até cabra safado
Metido a saber de tudo
Porém, sem ter muito estudo,
É mestre em cabotinismo.

Disfarçando seu cinismo,
O doutor Fábio Mozart
Começou o seu estudo
No lajedo do Ingá
Tendo como assessor
O perito professor,
Cabra que sabe de tudo

Da vida, e sobretudo
Do tema “pouca vergonha”,
Vavá da Luz é seu nome
Famoso pela peçonha
Que destila feito cobra.
Na caçada se desdobra,
Mata a cobra e depois come.

Com a luz desse bom homem
O rei da Itacoatiara
Comecei a estudar
Aquela pedra tão rara
De cuja história oculta
Muita gente se exulta
Querendo até explicar

Que a pedra do Ingá
Foi feita pelo ET
Vindo do planeta Marte
E nesse “teretetê”
Dessas falsas teorias
Decorreram muitos dias
No Ingá do Bacamarte

Levantando o estandarte
De deuses da antiguidade
Que aqui teriam pousado
Por pura necessidade
De acampar em clima ameno
Em pedregoso terreno
Bom pra escrever um tratado.

E foi nesse lajeado
Que o misterioso povo
Começou a escavar
Em saliente corcovo
A sua divinação
Deixando sem tradução
A mensagem milenar.

Até no sítio chegar
Um doutor, grande perito
Estudioso do tema,
Versado muito em “priquito”
E outras sem-vergonhezas
Entendeu as naturezas
Do que estava escrito.

A descoberta eu debito
Ao mestre Vavá da Luz
Que, com ciência, explica:
“o assunto me seduz
Pois é claro, se deduz,
o tema da pedra é pica.”

O que não desqualifica
A mensagem milenar
Pois isso é o eixo do mundo
Ciência de acasalar
Desde que o homem surgiu
Com a mulher descobriu
A arte de furunfar.

No lajedo de Ingá
As gravuras são picantes
Sobre o amor e desejo
Uma carta de bacantes
Em suruba milenar,
Segredos de lupanar,
Dionisíaco traquejo.

E é assim que eu vejo,
Um tratado sexual
Do povo da antiguidade
Pois no tempo era normal
Se estudar esse assunto
Em conteúdo conjunto
Com a temática geral

Porque o nosso ancestral
Não conhecia o tabu
Sobre sexualidade,
Mandavam tomar no cu
Todo falso moralista
Fela da puta purista
Sem muita capacidade

Que viesse com maldade
Dizer que aquilo era feio,
Que o sexo era do diabo.
Não tinham nenhum bloqueio
Para a libertinagem,
Essa tremenda viagem
Entre a vagina e o rabo.

Então, por fim e ao cabo
O sexo na pré-história
Era alavanca do mundo
Jamais sendo atentatória
Aos costumes e moral
Promiscuidade geral
Em universo fecundo.

Aponta estudo profundo
De fina arqueologia:
Noção de propriedade
Do sexo é coisa tardia.
Sexo não tinha preceito,
O desejo era conceito
Em integral liberdade.

Tinham parceiro à vontade
As mulheres dessa era
Em orgasmos variados
Não escolhiam paquera,
Ta tudo escrito na laje
Não era nenhum ultraje
Amantes associados.

Homens meio aperreados
Sem parceiras pra transar
Transavam com animais
Em um coito singular.
Arte rupestre indica:
Facilitou, tome pica!
Assim eram os ancestrais! 

F. Mozart