sábado, 31 de dezembro de 2011

RETROSPECTIVA A PERDER DE VISTA


Fim de ano, a Toca faz sua retrospectiva. Sendo que, para não ficar no lugar comum, vamos revisar fatos de sete, oito anos atrás. 


23 DE SETEMBRO DE 2003 – O Tribunal de Contas do Estado multou o então prefeito de Itabaiana, Babá do Pote de Barro, por descumprir determinações da Corte.


05 DE NOVEMBRO DE 2003 – O Tribunal de Contas do Estado reprova as contas do prefeito Babá do Pote de Barro, relativas a 2001. 


05 DE FEVEREIRO DE 2004 – O Juiz de Direito da Comarca de Pilar intima Fábio Mozart para audiência onde foi réu por suposto crime de difamação contra a ex-vereadora Maria Lúcia da Silva Alcântara. No final, o Juiz mandou arquivar o processo por inconsistente.


03 DE JULHO DE 2002 – O Tribunal de Contas do Estado da Paraíba reprova as contas do prefeito de Itabaiana, Antonio Carlos Rodrigues de Melo Júnior, por causa de muitas irregularidades.


01 DE MAIO DE 2004 – Estudantes universitários de Itabaiana protestam  por descaso da Prefeitura em providenciar transporte para Campina Grande. Os alunos disseram no jornal O NORTE que o prefeito Babá das Panelas de Barro alegou falta de dinheiro para o transporte escolar.


OUTUBRO DE 2006 – Fernando Melo pede ao deputado do seu partido, João Gonçalves, que “deixe de ser tão arrogante”, não assuma as obras que foram trazidas graças ao deputado Fábio Nogueira, do esquema de Melo.


05 DE MAIO DE 2004 – Delegado de Santana do Acaraú, no Ceará, abriu inquérito para apurar denúncia de quatro garotas que dizem ter sido coagidas pelo então Bispo de Sobral, Dom Aldo Pagotto, a não testemunarem contra o Frei Luiz Sebastião, acusado de abuso sexual.


17 DE JUNHO DE 2004 – O Juiz Meales Medeiros abriu processo contra o ex-deputado Fernando Melo, movido por Sebastião Tavares, o homem da jarra de cerâmica. Fernando Melo retratou-se, disse que não chamou a turma de Babá de “quadrilha” e não teve a intenção de ofender ninguém. Babá aceitou as desculpas de Fernando e ficou tudo em paz. 


21 DE MAIO DE 2004 – O deputado João Gonçalves requereu à Assembléia Legislativa Votos de Aplausos para a jornalista Clévia Paz, “reconhecendo seu importante papel na sociedade itabaianense”.


17 DE JUNHO DE 2004 – A cidade de Pilar revive Sucupira do “Bem amado”: a cadeia pública ficou pronta há um ano e seis meses, mas não pode ser inaugurada. Faltam os presos.


17 DE MARÇO DE 1997 – O então vereador Pedro José da Silva pede ao prefeito Antonio Carlos Rodrigues de Melo Júnior a desapropriação do antigo Cine Ideal para ser uma casa de cultura, com teatro, museu e área de exposição. O prefeito deu calado por resposta e o cinema virou templo de igreja “pegue-pague”.


17 DE JULHO DE 2002 – A deputada Eurídice Moreira responde, em inquérito policial, à acusação de desvio de alimentos doados por entidades filantrópicas do Sul para famílias flageladas da seca no sertão. A Polícia Federal entrou no caso. A suspeita era de que Eurídice distribuiu os alimentos em Itabaiana em troca de votos.


28 DE NOVEMBRO DE 2004 – A prefeita eleita de Itabaiana, Eurídice Moreira, diz que “não vai dar esmola a ninguém, mas melhorar as condições de vida da população”. No Açude das Pedras, por exemplo, ela disse que vai financiar os bodegueiros e pequenos negociantes através de convênio com o Banco do Brasil e Banco do Nordeste.


01 DE MARÇO DE 2005 – O Juiz de Pilar, Ananias Nilton Xavier, pede ao jornal Tribuna do Vale, de Itabaiana, cópias de todas as entrevistas divulgadas no jornal proferidas pelo deputado João Gonçalves, fazendo acusações contra o Juiz.


25 DE MARÇO DE 2005 – O Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, insultou o então Presidente da Câmara Federal, deputado Severino Cavalcante. Chamou Severino de “cocô de gato”. A Sociedade Protetora dos Dejetos Animais protestou, indignados com a comparação feita pelo Arcebispo. “O cocô de gato, embora tenha semelhanças com os deputados, não deve ser baixado a esse nível, porque serve como adubo e combustível”, alegou a entidade.


01 DE ABRIL DE 2005 – Justo no Dia da Mentira, Belarmino Júnior Malta Ribeiro fundou o Centro de Integração Social de Itabaiana, entidade pré-inscrita como organização da sociedade civil de interesse público. 


04 DE MAIO DE 2005 – A prefeita de Itabaiana, Eurídice Moreira, remete projeto de lei à Câmara dando o nome de “Aglair da Silva” a uma praça e tornando feriado municipal o dia 05 de julho, data da morte do ex-prefeito, seu esposo. O ato contrariou princípios de impessoalidade de que trata a Constituição, mas ninguém notou.


19 DE ABRIL DE 2006 – A vereadora Márcia Ribeiro chama o também vereador Pedro José da Silva de “nazista, covarde e irresponsável” por este ter se negado a ceder o prédio da Câmara para uma palestra sobre drogas. 


07 DE JULHO DE 2005 – “O dinheiro da Prefeitura não pode ser destinado somente para pagar salários de pessoas de fora da cidade e parentes da prefeita. Por isso eu rompi com ela”, justificou Dema Azevedo.


08 DE JULHO DE 2005 – A prefeita de Itabaiana, Eurídice, sobre o rompimento do seu vice, Dema Azevedo: “graças a Deus que ele me deixou em paz!”.


25 DE MAIO DE 2005 – Itabaiana aparece como uma das cidades onde se registrou maior aumento de casos de AIDS: 31 casos registrados.


07 DE JULHO DE 2005 – Maria Elza, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itabaiana, acusa o secretário de Saúde, José Sinval, de cortar o convênio médico, “prejudicando os trabalhadores das comunidades rurais”.


05 DE ABRIL DE 2004 – Vereador Denis Albert Ramos, de São José dos Ramos, apresenta requerimento com Votos de Aplausos para o jornal “Tribuna do Vale”.


07 DE OUTUBRO DE 2005 – O deputado Manoel Júnior ameaça processar o jornal “Tribuna do Vale” por suposta calúnia e difamação porque o jornal publicou foto de caminhão pipa distribuindo água em São Miguel de Taipu com propaganda política do deputado.


“Esquecer é permitir, lembrar é combater”















O cara que veste a camisa


Neste final de ano quero mandar mensagem para todas as minhas amigas e meus amigos, na pessoa desse elemento que aí está no retrato exibindo orgulhosamente a camisa do nosso programa “Alô comunidade”, da Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares. Antes, lamentar que o Ministério das Comunicações tenha mandado ofício anunciando que o pedido de outorga da Rádio Zumbi foi rejeitado. Faltou de nossa parte mais empenho, mais luta e mais organização. Também não tivemos apoio político, apadrinhamento e outras práticas que aviltam o movimento de rádios livres e comunitárias.
Entretanto, o ano de 2011 foi marcante porque conseguimos editar 29 programas de rádio com uma marca: a da fidelidade aos princípios do radialismo comunitário. O “Alô comunidade” foi no sacrificio. Viveu de dedicação de alguns, citando Adriana Felizardo, Fabiana Veloso, Dalmo Oliveira, Jacinto Moreno, Marcos Veloso, Ricardson Dias, Clévia Paz e este locutor que vos fala.
Um de nós assumiu, na íntegra, o espírito do radialismo comunitário, aquele que é feito de improviso, técnicas alternativas e paixão. É justamente esse cabra, o Marcelo Ricardo da foto aí de cima, idealizador e comandante da Rádio Comunitária Diversidade, a única que ainda vive esse espírito de comunicação democrática e popular na grande João Pessoa, das que ainda resistem, exceção feita à nossa Zumbi.
Escravizados até a sétima alma pela grana que destrói coisas belas, elementos daqui empobreceram o sentido de radialismo comunitário. Teve gente que recebeu outorga do Ministério das Comunicações e opera como relés rádio de baixa extração, de aluguel, a serviço apenas de interesses mercantis. Para esses, nosso repúdio e desprezo. Para pessoas como Marcelo Ricardo, radialista comunitário convicto, nosso alô e nosso reconhecimento.
Aí vem 2012 com sua cara de novo, mas com a mesma safadeza. Ninguém se engane: 2012 é 2011 disfarçado. A alma que não se corrompeu em 2011, não o fará no ano que vem. O crápula de 2011 terá sua segunda chance em 2012 e jogará fora, porque não se pode mudar a natureza das coisas. A mais nobre massa da evolução, nossa massa encefálica, essa estará mais velha e cansada, precisando de mais repouso. Portanto, desejo mais energia para os bons e uma ligeira batida de motor para os safados de todos os naipes.
E 2012 arretado para os quatro ou cinco leitores da Toca do Leão.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

“Alô comunidade” deste sábado homenageia Wander Farias


O cantor e violonista Wander Farias (foto) recebe homenagem póstuma no programa “Alô comunidade” deste sábado, 31 de dezembro, na Rádio Tabajara AM. O artista, que faleceu em 28 de dezembro, ficou conhecido por sua atuação durante muito tempo na noite pessoense, tanto tocando em bares quanto atuando em projetos culturais.

Na última edição do programa em 2011, o entrevistado é o artista popular Mestre Brown, mestre de Reisado, Cavalo Marinho, Bumba-meu-boi e ciranda. Toca rabeca, pandeiro, ganzá e reco-reco. É ventríloquo e interpreta as 76 figuras do Cavalo Marinho. O nome da fera: Charles Brown, ou Mestre Brown. 
Mestre Brown e Fábio Mozart na Rádio Tabajara

_______________________________________________________
O “Alô Comunidade” é produzido pela Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares e transmitido pela Rádio Tabajara (1.110 AM), reproduzido por sete rádios comunitárias e diversos blogs e sites.
O programa vai ao ar todos os sábados às 14h, com apresentação e produção de Dalmo Oliveira, Fábio Mozart, Clévia Paz e Adriana Felizardo, com reportagem de Fabiana Veloso e Marcos Veloso. Apoio técnico de Marcelo Ricardo e Jacinto Moreno. 

Na internet, acesse o programa nos blogs:

“O peso do mundo” é título de novo projeto de vídeo no “Cantiga de Ninar”


A turma concluinte da oficina de audiovisual do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar estará realizando o último estágio nos dias 26 a 28 de janeiro de 2012, em Itabaiana, com filmagem das cenas finais do documentário de ficção “O peso do mundo”, com roteiro dos próprios alunos e assistência técnica de Quixaba.

Débora Lins, coordenadora do setor de audiovisual do Ponto, esclarece que o filme “tem a ousadia de tocar em um assunto muito melindroso, que é a saúde mental”. O enredo foca a figura de uma mulher acometida de profunda depressão, meditando sobre a exclusão dessas pessoas e a visão distorcida do mundo por parte de alguém que tem a infelicidade de cair nesse processo mental. “Faremos um filme ousado, no sentido de mostrar a exacerbação da doença, mesmo com as nossas limitações técnicas”, disse Débora.

Os planos para o setor em 2012 ainda contemplam exibições quinzenais de filmes no Cineclube Vladimir Carvalho a partir de janeiro, além da continuidade da produção do vídeo “A lista de Irene”, sobre os 35 anos de fundação do Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana. Em 7 de janeiro, o cinegrafista Jacinto Moreno estará no Ponto de Cultura para curso relâmpago de manuseio de equipamentos e técnicas de iluminação.

Acorda, Itabaiana!


Em Itabaiana é mais um ano eleitoral, com os mesmo coronéis de sempre, as mesmas conversas e os mesmo seguidores de sempre. Nesta época, nossa cidade ganha pai e mãe, muitos seguirão os cordões de seus partidos, teremos muitas brigas, como sempre bastantes promessas, compra e troca de votos. Por amor ao partido que aqui é religião, o povo sai na rua fazendo arrastão nos comícios, distruibuindo  santinhos, adesivos e bandeirões.

Sobem pelo Botafogo e vão pro Açude das Pedras, Brejinho e Jucuri, sobem nos palanques, fazem discursos bonitos. deixam o povo naquela emoção, nas esquinas, na praça e na frente da matriz é tanta alegria e o povo tão feliz, alguns fazem as suas apostas com dinheiro, casa ou o que tiver.

Tudo muda em todos os lugares, apenas em nossa Itabaiana é que ainda alimentamos esta ilusão que azul e encarnado são os partidos do futuro da nação, mesmo que não se pague salários em dia, que falte comida em casa, o leite das crianças, que a saúde e educação sejam um desrespeito, o importante é manter a cor do meu partido.

Do que importa a cor de um partido, a crença em uma seita ou uma religião, se continuo sem acesso às coisas mais básica que deve ter um ser humano? Saúde, emprego, cultura e respeito que gera dignidade e educação. Até quando Itabaiana ficará refém desta escravidão, presos nas mãos de uma tirania marcada com ferro como propriedade de um partido ou religião? Nesta Itabaiana precisamos mudar esta história, vamos fazer com que brilhe no final do túnel uma forte luz. Acorda Itabaiana! Vamos escrever um novo futuro para nossa Rainha do vale do Paraíba, a cidade de Sivulca, Biu da Rabeca e do grande poeta Zé da Luz.

Edriano Silva

Postado em
www.itabaianaforcajovem.blogspot.com

A arte de viver da fé

Edir Macedo no xilindró. Ele inventou a Teologia da Prosperidade.
Edir Macedo faz escola até na Igreja Católica

Edir Macedo, ninguém contesta, é um gênio na captação de recursos via religião. O inventor da Igreja Universal do Reino de Deus tem na Renovação Carismática a sua mais completa tradução.
A TV Canção Nova mostrou um vídeo com ritual de oração de cura através da dança. É uma espécie de exorcismo pentecostal, com pitadas de coreografia de umbanda. O padre arrecada dinheiro tirando os “espíritos malignos” dos devotos. “Uma total e absoluta profanação do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor”, diz estarrecido um católico em site religioso.
Temendo a concorrência, Edir Macedo ataca os pentecostais de outras marcas e movimentos religiosos como a Renovação Carismática da Igreja Católica. Sua maior arma é a TV Record.
Na briga para atrair os fiéis, a Universal não poupa os padres estrelas. O padre Marcelo Rossi, de 35 anos, o ex-professor de aeróbica que se transformou no clérigo mais popular do país, foi alvo de artilharia na “Folha Universal”, jornal da igreja de Edir Macedo: "Movimento católico tenta recuperar o tempo perdido, imitando evangélicos". O traça uma caricatura impiedosa do padre Marcelo: "Ele clona os cultos evangélicos e usa chavões que soam religiosos. A cúpula da Igreja Católica finge que não gosta, os padres carismáticos fingem que estão se rebelando e o povo que os segue finge que é crente".  
No fim, os brasileiros fingem que são cristãos, mas a maior parte dos seguidores dessas seitas são adeptos da filosofia do “eu primeiro”. Todos os pobres diabos que estão doando dinheiro para esses vigaristas espirituais querem bênçãos imediatas na forma de emprego, carrão, casa própria, lucros e vida de rico.
Só a Igreja Universal controla sessenta emissoras de televisão e a cada dia abre novos templos. "A Universal ataca qualquer um que traga esperança para a população", diz dom Estevão Bittencourt, teólogo da arquidiocese do Rio de Janeiro.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Vladimir Carvalho colabora com o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar


Passando o chapéu

ARTE não é produto comercializado.
ARTE não é para a gente pagar ingresso.
ARTE não é exposta na vitrine.
ARTE não se pendura na parede.
ARTE é impulso, cambalhota mortal do Desejo e da Imaginação, salto quântico da mente em busca de outras freqüências-intensidades de Onda. (Bráulio Tavares)

Sou aposentado, mas só faço isso por sobrevivência. Minha atuação mesmo é na área da arte. Faço o possível para cumprir meu destino de devorador de arte, criador (de caso, muitas vezes), disseminador de fazeres e saberes. Espalho em múltiplas direções ideias pouco convincentes de sustentar o mínimo de memória de nossa cultura regional, salva desse redemoinho da indústria cultural inconsequente, falsa e vazia. Vale a pena? Acho que sim, até para sair um pouco do rame-rame que apoquenta nosso cotidiano.
É por isso que me sacrifico para manter uma instituição cultural sem fins lucrativos na minha cidade, Itabaiana do Norte. Tem gente que me vê como um fanático, um esquisitão que tira dinheiro da feira da família para gastar com uma ideia que para muitos é insana: interferir no mundo mental de jovens, na esperança de que nossa mocidade troque os carros de som que chamam de paredão com suas músicas infames, o apelo das drogas e a burrice da TV pela adesão a movimentos culturais. Nosso propósito, no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, é a utilização do teatro, dança, música, artes plásticas e cinema como veículos aglutinadores da juventude, para a construção de um verdadeiro processo de cidadania dos jovens.

Estamos passando o chapéu para sobreviver. Eu digo que fomos vítimas de estelionato por parte do Governo da senhora Dilma Roussef. Planejamos nosso Ponto de Cultura para atuar com uma programação que utilizasse as ferramentas prometidas pelo Governo em Convênio com nossa entidade. Só que o Governo resolveu cortar o orçamento deste ano, e começou desbastando o que considera supérfluo, a área cultural. Deixaram os Pontos de Cultura à míngua, sem poder executar seu plano de trabalho. A trapaça se configura como um estelionato. Artistas e produtores ficaram no prejuízo. Uns pegaram dinheiro emprestado, outros venderam bens, fizeram “papagaio” em banco para tocar seus projetos de ponto de cultura. Dona Dilma, a primeira coisa que fez foi não repassar o dinheirinho acertado em Convênio. Endividados e com o nome sujo na praça, os agentes culturais começaram a fechar os pontos de cultura.

Nosso Ponto continua aberto, sem os computadores prometidos pelo Governo, sem dinheiro para pagar professores e oficineiros, mas com agentes culturais ainda dispostos a resistir, buscando novas formas de financiamento, abrindo o círculo de apoiadores. Lamentando a forma como os governos tratam a cultura e seus atores, quero agradecer aos amigos e amigas que estão colaborando conosco. Agora mesmo recebemos doação de R$ 500 reais do grande cineasta itabaianense Vladimir Carvalho. Esse é um cidadão desprendido, tanto que doou todo o acervo da Fundação Cinememória, que funciona na casa dele na W3 Sul, em Brasília, à Universidade de Brasília. O acervo do cineasta incluiu uma biblioteca com mais de 3 mil volumes, uma coleção completa do jornal Pasquim, câmaras e refletores antigos e documentos sobre a história do cinema no DF nos últimos 40 anos. 

Outros amigos estão colaborando, de forma que vamos inaugurar o auditório no dia 28 de janeiro de 2012 com o lançamento do meu livro “A História de Biu Pacatuba, um herói do povo paraibano” e a nova produção de Romualdo Palhano, “Eu e a Rainha”. Muita gente do meu convívio me acha um sujeito excêntrico e imprudente. Não discordo totalmente. Mas é como eu digo: dentro dos padrões normais não se consegue fazer arte e dar aquele  “salto quântico da mente em busca de outras frequências-intensidades de Onda”.

 

A guardiã da praça (1)


Praça Odilon de Carvalho vista do Bar de Zé

Dona Mariinha
Dona Mariinha mora há 47 anos na Praça Odilon de Carvalho, em Jaguaribe. É a guardiã da praça. Toda manhã, bota água nas touceiras que ela mesma planta com devotamento pelo mundo vegetal. Diz que conversa com as plantas, sabe seus segredos. Se não fosse pela dedicação de dona Mariinha, a praça já teria se acabado no abandono. “Só aparecem pra destruir”, queixa-se dona Mariinha, revoltada com ação de uma turma da Secretaria de Urbanismo que passou pela praça e cortou pelo tronco uma velha algarobeira. “Mas Deus é grande e a árvore já está brotando de novo”, diz aliviada, garantindo que a árvore, depois de cortada, passou 15 dias chorando, “gotejando lágrimas de dor, mas graças a Deus está renascendo”. Os homens da Prefeitura alegaram que a velha árvore estava infestada de cupim. “Se fosse assim, eu teria que derrubar minha casa, que tem cupim também, mas eu trato sem precisar destruir”, alega dona Mariinha.

O nome dela é Maria Alves, magrinha, muito popular nas vizinhanças, atendente médica no Hospital Infantil Arlinda Marques, viúva, três filhos, prestes a se aposentar. “Eu sou responsável pela praça, é minha missão de vida”,  garante dona Mariinha. Há uns tempos, a praça Odilon de Carvalho era ponto de maconheiros e malandros da região. À noite, faziam da praça um quartel-general. “Acabei com a farra: plantei agave e outras plantas que furam, têm espinhos. Isso espantou os malandros”, explicou.

Dona Mariinha é responsável pela criação e devoção da Santa Amassadinha, história que eu conto no meu livro “A Voz de Itabaiana e outras vozes”. É um arquivo vivo da História de Jaguaribe. Graças à sua memória fabulosa, fiquei sabendo de fatos históricos importantes e surpreendentes relacionados com a Praça Odilon de Carvalho. Ali moraram Kay France, a nadadora que atravessou o Canal da Mancha, o cantor Zé Ramalho, a ex-vereadora Madalena e o humorista Ari Toledo. Amanhã eu conto umas histórias preciosas desse povo quando habitava aquele recanto da velha Jaguaribe, o bairro mais tradicional da Parahyba.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Aniversário de mãe

Dona Iraci e seu Arnaud no almoço de aniversário da matriarca


Ontem eu peguei a estrada para almoçar com minha mãe, dona Iraci Costa, na cidade de Sapé. Era aniversário da matriarca. Estiveram por lá meus irmãos Vasti, Nôca, Sosthenes e Lavoisier com suas respectivas proles para dar os parabéns à dona da casa, ela muito satisfeita pela recuperação do marido, seu Arnaud Costa. O homem já está andando, animado que só pinto em monturo, refazendo-se de AVC.

Dona Iraci e seu Arnaud são responsáveis diretos por esta dinastia dos Costa, do ramo itabaianense, pessoas reconhecidas pelas suas façanhas nesta vida em missão de paz e arte. Cada um no seu mister, pela melhora da humanidade. Tem operadores do Direito, operadores de gente mesmo, daqueles que abrem o corpo humano e não se horrorizam com nossa humanidade tão frágil, tem poetas e sonhadores, pessoas muito finas e educadas com a marca dos Costa, uma família descendente de tão nobres figuras, dona Iraci e seu Arnaud. Temos orgulho de nossa descendência.


“Alô Comunidade”, edição natalina, já está no ar neste blog

Heriberto Coelho (foto) é destaque no programa, ele que é dono do Sebo Cultural onde nasceu o Fórum Metropolitano de Comunicação Comunitária, coletivo que deu origem à Abraço/PB e revitalizou o movimento de rádios livres e comunitárias na Paraíba.

Enviando os cumprimentos de fim de ano, o programa destaca também valorosos companheiros e companheiras do movimento, tais como:

Maxuel e Viviane da Amazona, Bartolomeu de Brejo dos Santos, Maria José, de Tavares, Roberto de Pilõezinhos, Rodolfo da Rádio Comunitária Alquimista de Mussumago, Petrônio de Catingueira e Joanes Leonel de Pedras de Fogo.

E mais:

Buda Lira da Piollin em João Pessoa, Flávio José de Cabedelo, Wellington Costa também de Cabedelo, Josenildo Faustino de Cacimba de Areia e  José Givanildo de Serra Branca.

Sem esquecer:

José Arimatéia de Bayeux, Jaqueline Farias de Barra de Santana, Elizângela Paulino de Bayeux, da Rádio Casa Branca, Daniel Pereira do Centro Popular de Cultura e Comunicação, Rádio Comunitária Voz Popular da comunidade São Rafael, que Maria Juliana da Associação Juventude e Ação – AJA,  Rádio Comunitária Independente do Timbó em João Pessoa, e  Valdelice Rodrigues da CACTOS – Associação Comunitária de Educação e Cultura, Rádio Comunitária Cactos FM.

O programa destaca também:

Geilza Roberto, da Associação Comunitária dos Moradores de Mituaçu, Rádio Comunitária Mituaçu, Luiz Carlos Ferreira, nosso Lula da Rádio Umbu, de Umbuzeiro, Carlos Fábio, da Associação Comunitária Negra Nhandu, Rádio Comunitária Nhandu do sítio Lagoa, Severino Ramos da Rádio Araçá de Mari, Francisco Benício Segundo, da Associação Comunitária de Radiodifusão de Umburana Gangorra e Vertente em Jericó e Francisco Alves, da Associação Unir, Sentir, Pensar e Agir – USPAR, em São João do Tigre.


“Alô comunidade” mandou alô também para:

Magda Danyelle do Movimento Ajuda Mútua, em João Pessoa, extensivo a José Valentim, da Associação Cultural de Difusão Comunitária de Barra de Santa Rosa. Em Jacaraú, a Associação Comunitária Renascer, com a liderança do Severino Ramos.

Entre tantos companheiros e companheiras que acompanharam o programa durante 2011, ainda destacamos:

Associação dos Moradores e Agricultores do Bairro do Nordeste I – em Guarabira, na pessoa de José Maurício Ernesto eo considerado jornalista e radialista Josélio Carneiro, que nos ouve todos os sábados.

Ouça também o programa no blog:



O “Alô Comunidade” é produzido pela Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares e transmitido pela Rádio Tabajara (1.110 AM), reproduzido por sete rádios comunitárias e diversos blogs e sites. 


O programa vai ao ar todos os sábados às 14h, com apresentação e produção de Dalmo Oliveira, Fábio Mozart, Clévia Paz e Adriana Felizardo, com reportagem de Fabiana Veloso e Marcos Veloso. Apoio técnico de Marcelo Ricardo e Jacinto Moreno.


Ponto de Cultura recebe troféu por participação no Encontro de Bandas Marciais


Sidcley Rodrigues (esq.) entrega troféu, camisa e boné da Mostra a Fábio Mozart, do Ponto de Cultura em Itabaiana
Bandas e fanfarras da Paraíba participaram do 8º Encontro de Bandas de Itabaiana, promovido pela Sociedade Empreendedora da Cultura Musical do Vale, Agreste e Brejo Paraibano (Secumvap), no último dia 18 de dezembro. A iniciativa contou com a parceria do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, através do seu Núcleo de Música. O evento foi complementado com palestras sobre DST/AIDS no contexto da adolescência nos dias 12, 14 e 16 de dezembro na rede pública de ensino e no Ponto de Cultura.

O Presidente da Secumvap, Sidcley Rodrigues, agradeceu a participação e o incentivo oferecido pelo Ponto de Cultura Cantiga de Ninar ao evento, expondo seu contentamento com a realização do projeto, convidando a população a participar e conhecer a cultura local através das atividades do Ponto. Ao fim, Sidcley entregou a camisa, o boné e troféu de participação no 8º Encontro de Bandas Marciais de Itabaiana ao Ponto de Cultura.

O Coordenador do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, Fábio Mozart, elogiou a iniciativa da Sociedade Empreendedora da Cultura Musical do Vale, Agreste e Brejo Paraibano (Secumvap), informando que o Ponto tem alguns projetos importantes na área de música para desenvolvimento em 2012, como as oficinas de acordeon, flauta doce e violão, além da formação do “Ganzá de Ouro”, grupo de música regional agora sob a coordenação do poeta e compositor Orlando Otávio.

O 8º Encontro de Bandas Marciais faz parte de projeto com apoio do BNDES e Ministério da Cultura, além do apoio do comércio local.


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Mais um livro de memórias itabaianenses



Esse é único, ao mesmo tempo singular e plural, como são quase todos os livros de memórias. Singular porque guarda as lembranças de uma pessoa, no caso o professor Romualdo Palhano, e plural porque é parte da história de toda uma geração. É a história de um morador da cidade e de um período da própria cidade.

O livro de Romualdo é um marco na bibliografia desse doutor formado na academia, mas que estruturou sua visão de mundo a partir das vivências na Itabaiana da década de 70/80. Esse livro “Eu e a Rainha”, de Romualdo Palhano, ainda inédito e que a partir de hoje (sempre nas segundas-feiras) passo a publicar na Toca, tem uma linguagem mais poética para revelar seus passos de infância, “de menino a rapazinho”. Diferente das obras anteriores do Romualdo, mais acadêmicas e baseadas em concretudes científicas, aqui ele rola suave nas nuvens das lembranças, palavras que registram vibrações inscritas nas doces ou amargas recordações dos seus verdes anos.

Assim é que Romualdo começa repassando as ruas onde morou: Padre Ibiapina, Rua dos Ferroviários, Travessa da Rua da Palha, Rua Alfredo Coutinho de Lima, Rua João Feliciano de Luna e a Rua Poeta Zé da Luz, onde por fim veio a conhecer o teatro amador no Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana, marcante na sua vida profissional e de cientista social. Tão importante foi o Grupo que mereceu um livro de Romualdo Palhano: “O Teatro na terra de Zé da Luz – Da União Dramática ao GETI”.

Toda a obra de Romualdo Palhano (são onze livros) encontra-se à disposição do público leitor na Biblioteca Comunitária Arnaud Costa, no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar.

"EU E A RAINHA - DE MENINO A RAPAZINHO"


Rua Padre Ibiapina

A Rua Padre Ibiapina

     Rua Padre Ibiapina, nº 155 que ficava no Bairro do Botafogo foi a primeira rua que morei em Itabaiana, com esgotos a céu aberto, pouca iluminação pública e sem pavimentação, situação que demonstrava a total ausência dos órgãos públicos naquela artéria. Nessa rua havia uma capelinha católica, conhecida por Capela do Mororó, que era o nome do senhor que a construiu em função de uma promessa. Nessa rua havia uma personagem muito interessante e que pedia comida nas casas. Era uma senhora conhecida por Noêmia, popularmente “Noeme”, deficiente que apresentava problemas mentais e dificuldade de locomoção. Noêmia era amiga de quem era amigo dela. Quando ela percebia que alguém estava zombando, sua atitude era jogar pedra naquele indivíduo. O ato de jogar pedras era complementado com a seguinte frase: - Sou cachorro não! Sou cachorro não! Sou cachorro não! Ao simpatizar com alguma pessoa ela dizia: - Amor assim, sururu, amor assim! Amor assim, sururu, amor assim! Sururu! E prosseguia com fortes gargalhadas: - Ah!... Ah!... Ah!... Ah!...

     Foi na esquina da Rua Padre Ibiapina que me matricularam na Escola Municipal Monsenhor Francisco Coelho, que funcionava no bairro. Esta escola resumia-se a duas salas de aula, sendo primeira e segunda série do ensino fundamental. Seus móveis: duas filas de carteiras de madeira e um quadro negro. Na década de 1960 usava-se o giz e o quadro negro que era o didaticamente correto. Quando já estava no Colégio Estadual de Itabaiana percebi que o quadro havia se transformado em quadro verde e que num futuro bem próximo se tornaria quadro branco. Tínhamos como professoras Josefa Ribeiro Maciel, mais conhecida como Vera Baeta e Maria das Neves Silva, Nevinha Baeta. Como o estudo no Rio Grande do Norte era mais avançado e estávamos fazendo as tarefas em tempo recorde, as professores resolveram adiantar uma turma e nos passar para a segunda série do ensino fundamental, eu e minha irmã Tânia R. Palhano.

     O período que residi na Rua Padre Ibiapina foi curto, mas foi o suficiente para conhecer algumas figuras importantes como: Seu José Dudú (Zé Dudú) que comandava a Sede do Botafogo; o time do mesmo nome e a Escola de Samba Última Hora. Zé Dudú era carnavalesco; folclorista e animador cultural naquele recanto. Era conhecido em toda a cidade. A Sede do Botafogo também fazia trabalhos filantrópicos. Foi lá que meu irmão Ecílio Rodrigues Palhano e meu compadre Aluízio Arruda realizaram o exame de admissão. Outra figura de monta no lugar era o José Henrique (Zé Henrique), pequeno comerciante que promovia grande festa no dia de São José. Havia também a presença de um artesão e inventor conhecido por Pedro do Parque que morava diante de uma pequena praça. Este último, inventava, projetava, construía e montava parque de diversões. Entre os brinquedos construía: carrossel, canoas, aviõezinhos, cadeirinhas entre outros. Seu parque geralmente era armado perto dali, na Sede dos Trabalhadores, principalmente na festa da primavera no mês de setembro. Em janeiro de 2011 encontrei na Rua Padre Ibiapina o carteiro Ari Pereira que foi grande jogador do Sport Clube de Caruarú e depois veio jogar em Itabaiana pelo Vila Nova. No meio da rua, em pleno meio dia ele me deu um depoimento me ensinando os nomes das ruas da redondeza. Depois falou do seu trabalho; Disse-me ele: - Isso aqui não cansa não, é que deixa a gente enfadado, num sabe...?!  

(Do livro “Eu e a Rainha – de menino a rapazinho”, de Romualdo Palhano)