"Papo de bar", acrílico sobre tela de Waldomiro de Deus |
Encontro o Eliseu Pires no bar do Zé. Torcedor do Botafogo genérico da capital da Paraíba do Norte, Eliseu me veio com piadinhas a respeito do meu Auto Esporte Clube. A imprensa não noticiou, mas o Autinho do amor perdeu para o Bahia por três a zero pela Copa do Brasil. Eliseu disse que o Auto fez uma promoção para atrair torcedores ao estádio. Quem chegasse vestido com a camisa do time, teria 50% de abatimento no ingresso. O torcedor que se apresentasse devidamente fardado com toda indumentária, incluindo chuteiras, poderia pegar um lugar no banco de reservas ou até mesmo entrar na vaga de um dos pernas-de-pau do time. Maldade!
Meu compadre Jacinto Moreno deixou de beber faz mais de dez anos. Isso não o impede de passar a noite inteira, se for preciso, sentado na mesa de bar conversando com os amigos pinguços. Não é desses alcoólatras em recuperação que ficam com nojo de quem bebe. Jacinto deixou de beber depois que alcançou uma graça. Em certo dia, pediu: “Deus, me faça deixar essa vida de biriteiro!”. Na mesma hora, caiu neve em sua cabeça em pleno bairro de Oitizeiro, ao meio dia. Nunca mais pegou no copo da pinga. Agora, fez um filme contando a história de uma mulher bêbada que deixou também a vida boêmia depois de um milagre. Só que, no caso da moça do filme, não teve neve, devido às dificuldades técnicas para concretizar os efeitos especiais. Uma luz misteriosa marcou o milagre.
O irônico na produção do filme de Jacinto: ele pediu aos alcoólatras anônimos do seu bairro para filmar umas tomadas do filme na sede da instituição. “Não pode, porque somos anônimos, não devemos aparecer na mídia”, esclareceu o cara do AA.
Depois de dar baixa no exército dos cachaceiros, Jacinto Moreno melhorou de vida. Juntou dinheiro para comprar um carro. Um primo pediu para ele entrar de sócio em uma empresa temerária, só para validar os documentos. Anos depois, Jacinto foi conferir o dinheirinho na poupança, não encontrou nada! A firma do primo faliu, a Justiça mandou confiscar os bens dos sócios. “Agora, só guardo dinheiro debaixo do sofá”, disse Jacinto. São as aventuras e desventuras do mundo dos bares.
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