O povo vota errado, vende o votinho, trapaceia, e quando elege o prefeito ou vereador, deputado ou senador safado, fica reclamando. Assim é o eleitor Ameba, um sufragista salafrário, desses que no dia da eleição ficam fazendo hora, demorando para votar, esperando receber um trocadinho do cabo eleitoral ou do próprio candidato.
Ameba está arretado com o deputado em quem votou na última eleição. O parlamentar chama-se André Gadelha, um camarada lá do sertão da Paraíba, rico empresário de família também abastada e tradicional. “O homem é um ladrão! Votei num ladrão sem saber, fui enganado”, reclama o eleitor Ameba. Esse rapaz, o Ameba, morre de inveja dos ricos, porque faz parte daquela estatística dos que provam a imoral desigualdade de renda brasileira. Ameba ganha a vida como garçom, recebe salário mínimo e gorjetas para trabalhar 14 horas todos os dias. O vereador em quem ele votou embolsa mais de três mil reais para comparecer a uma sessão uma vez por semana, com direito a seis meses de férias anuais.
Voltando ao caso do deputado André Gadelha, ex-líder do Ameba, recentemente a imprensa noticiou que ele faz “gato” no posto de gasolina de sua propriedade para desviar consumo de água. Agora descobriram que o Tribunal de Justiça da Paraíba vai julgar um processo onde o deputado é réu, por supostamente estar enquadrado no artigo 155, que consiste no crime de furto. O deputado Gadelha simplesmente é acusado em inquérito policial de manipular o medidor da Energisa para medir menos do que o normal, o famoso “gato”. Ironia: o posto de gasolina de André fica em um bairro por nome “Gato Preto”. Os técnicos que fizeram a vistoria acreditam que o posto do empresário vem desviando energia há muito tempo. Assim, até eu fico rico!
Com um detalhe sórdido: no dia da eleição, Ameba pediu ao cabo eleitoral de André Gadelha uma ordem para encher o tanque do seu fusquinha em posto de gasolina existente em Itabaiana, curral eleitoral do Gadelha no agreste da Paraíba. Recebeu a ordem e foi abastecer em um posto que adultera a gasolina. Esse país tem jeito?
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