A imprensa da Paraíba está pronta para cobrir as eleições 2012?
Aprioristicamente, não! Em primeiro lugar porque a imprensa local sofreu uma metamorfose degenerativa grave nos últimos anos, com o pipocar dos, assim chamados, “portais de notícias”, conduzidos por pessoas sem a menor qualificação profissional ou ética. Ocorreu, na verdade, uma invasão de aventureiros de todos os matizes no fazer jornalístico paraibano, especialmente depois da queda da obrigatoriedade do diploma de nível superior, como requisito para o exercício da profissão.
É essa a “imprensa” que vai “cobrir” os fatos políticos durante o processo eleitoral desse ano. Aliás, já está cobrindo. A maioria desses portais é conduzida por “laranjas” financiados pelos próprios agentes políticos que disputarão prefeituras e câmaras municipais em todo o estado.
Na internet é assim: cada um que conte sua versão do fato! Mas nos veículos tradicionais a realidade não é lá tão diferente. O Correio é o depositório preferido da propaganda institucional disfarçada de notícia, produzida pelas agências governamentais, especialmente das Secom’s do Estado e da Prefeitura da capital. Já o Jornal da Paraíba se posicionou como palmatória do esquema oficial, depois que o governo socialista se instalou no Redenção. A UNIÃO, que deveria investir no caráter público de sua missão, na gestão atual não consegue sequer cumprir o papel de porta-voz equânime das edilidades, já que privilegia a pauta da máquina executiva estadual e das prefeituras aliadas ao esquema político que comanda o Estado.
Aqui, os magnatas da mídia confundem imparcialidade com revanchismo oportunista. Os ataques ao governo de plantão se dão não por conta da militância jornalística, mas, tão somente, porque a empresa foi deletada da folha de pagamentos das encomendas publicitárias oficiais. Ou por motivos ainda mais escusos, indisconfiáveis do público consumidor de notícias.
Mas, para além do atrelamento ideológico empresarial, a população paraibana sofre também por conta das performances risíveis da maioria daqueles comumente chamados de “profissionais da imprensa”. No radiojornalismo opinativo local a situação é ainda mais medonha, com uma meia dúzia de radialistas (que agora preferem se chamados de “jornalistas”, com toda a pompa) utilizando espaços generosos da programação em FM para exercitar, sem a menor cerimônia, o mais vergonhoso jabaculê na defesa de quem pagar mais.
O noticiário “político” domina sobejamente os programas “jornalísticos”, como se a vida dos agentes políticos (e suas práticas condenáveis) fosse a coisa mais importante para o público-ouvinte-telespectador-leitor. Histórias de corrupção, de traição partidária e de disputas regionais intermináveis dominam a pauta desses noticiosos.
Geralmente os comentários desses “âncoras” radiofônicos descamba para a agressão moral, desqualificação e injúria aos personagens dos comentários. A única ética que prevalece nesses ambientes é a ética da suposta “guerra de audiência”.
Com honrosas e raríssimas exceções, o radiojornalismo local discute apenas o trivial da cena política. Não se aprofunda em analisar as gestões. Não investe na investigação jornalística. Não promove o debate entre os contraditórios. Não interpreta os fatos, apenas opina sobre eles, com argumentos eivados de pré-conceitos ou municiados por uma das partes em conflito.
O rádio, que deveria promover a interação com a população, usa esse atributo apenas para manipular a audiência como se tudo fosse um grande programa de auditórios, com as torcidas fazendo muito barulho.
Dalmo Oliveira
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