quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sobre livros, goleiros e idiotas da internet


Eu com meu uniforme do Fogão, tomando notas ao lado do Arnaud Costa com sua camisa de corintiano.
 (Foto da fotógrafa iniciante Iraci Costa, minha mãe). 

“Se uma planta não consegue viver de acordo com sua natureza, ela morre... assim também um homem.” (Henry David Thoreau)

É o caso específico do veterano jornalista Arnaud Costa. O homem cresceu numa tipografia, redigindo notícias e escrevendo crônicas. Foi radialista, cronista esportivo e árbitro de futebol. Por isso não consegue viver longe do batente, mesmo que seja ditando suas matérias, já que a visão não anda cem por cento. Nosso conhecimento comum do folclore do futebol me fez secretário e co-redator do novo livro de Arnaud Costa, “Fatos pitorescos do futebol”, que promete lançar ainda neste ano.

Não tenho influência alguma sobre o conteúdo do livro de Arnaud Costa. Apenas escrevo o que ele dita, lembro alguma data, nomes já esquecidos. Surpreende-me a memória dele. Sabe decorado o time do União Sport Clube que venceu o campeonato de 1962 contra seu eterno rival, o Vila Nova de Itabaiana. Lembra de fatos acontecidos há meio século. 

Ontem passei o dia rascunhando as suas memórias futebolísticas. Lembramos de um goleiro que defendia o Botafogo da Maloca, time de Zé Dudu, figura folclórica de Itabaiana. O nome da fera: Cheio de Pernas. Por que Cheio de Pernas? É que existiu um goleiro russo chamado Lev Ivanovich Yashin, apelido Aranha Negra, que disputou as copas de 1958, 1962, 1966 e 1970, considerado por muitos, o melhor goleiro do mundo. Só de zona, começaram a chamar o nosso humilde goleiro de Aranha Negra. Ele não gostou do apelido, mesmo sendo cientificado da origem nobre do nome. Para resolver a pendenga, ele mesmo simplificou: “Nem aranha e muito menos negra. Podem me chamar de Cheio de Pernas, que aranha é um bichinho danado pra ter pernas”. Pronto, ficou o auto-apelido.

Voltando ao livro em gestação, meu pai é um tipo de intelectual pré-internet. Ele adora livros e é dos que acham que na internet só tem idiotas. Mais ou menos como pensa o cartunista Ziraldo: “A humanidade não presta. E você multiplica a potencialidade dessa maldade na internet.” Mal sabe meu pai Arnaud Costa que ando adiantando o conteúdo do seu livro aqui na net. Mas sei que meus leitores não são idiotas da internet. Serão os futuros leitores da sua obra.


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