quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Meu primeiro livro completa 25 anos


Em 1987, publiquei meu primeiro livro de poesias. Chamava-se Lira Desvairada o livrinho de pouco mais de 32 páginas fotocopiadas com as primeiras composições poéticas. A edição de cerca de 200 exemplares circulou entre os amigos e correspondentes, que eu tinha por hábito trocar cartas com mais de cem pessoas do Brasil e estrangeiro, numa época sem internet. O carteiro deixava em média umas 20 cartas por dia na minha caixa postal. Através desse expediente, vivia minha vida imaginativa, trocando poemas, conhecendo pessoas de lugares distantes, aprendendo a me comunicar por escrito. O atilado espírito crítico de alguns desses correspondentes já me avisava: não tenho pendores para a arte poética. Mesmo assim saí cometendo poemas, sem planos de publicar. Depois, juntei alguma produção e lancei “Pátria Armada”, meu último livro de poesia.

O livrinho representa um aspecto de uma época de minha vida, o tempo em que vivia outra realidade, numa idade em que a maioria dos de minha geração estava namorando com a resistência política à ditadura. Desse intenso período de combate íntimo contra as “forças do mal” saíram poemas de forte conotação política, expressões melancólicas “com o lirismo incomum dos que nada podem”, conforme registrei em uma das poesias de Lira Desvairada. Naquele tempo “de verdes anemias, tínhamos os corações dormidos e as barrigas indolentes, com medo de que o gato nos comesse a consciência”. A gente se achava o sal da terra, “apesar do martírio desse instante anacrônico, apesar da tortura desse momento-acidente”.

 


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