terça-feira, 18 de outubro de 2011

Saiu no Correio da Paraíba de ontem


RECORDANDO
                                                                                                   Lourdinha Luna*

       Feliz a terra que tendo um filho escritor, preocupa-se com seu berço e seus  moradores,  que pelo afeto são irmãos.  No livro A VOZ DE ITABAIANA E OUTRAS VOZES, do multimídia Fábio Mozart, o autor inclui, no mesmo sistema e em formatos diferentes, textos, sons, imagens, vídeos, animação e neles destaca os poetas compatrícios.  

      Os primeiros habitantes de Itabaiana foram os índios Tupis, que lutaram por seu chão até a morte, para livrá-lo da colonização jesuíta que chegaria à Paraíba no século XVIII. Na História & Consciência do Brasil, de Gilberto Cotrim, a comuna de Itabaiana teve um papel relevante na batalha da Confederação do Equador, sob a liderança de Frei Caneca.  O movimento separatista e republicano que pretendia segregar as províncias do chamado “Brasil do Norte”, teve no religioso o mentor intelectual do evento. Em sua pregação, acusava a elite carioca (família real) de só investir recursos em outras regiões do território brasileiro. Já se vê que a prevenção contra o Nordeste é antiga!...

       A rainha do Vale do Paraíba é mãe de Fábio Mozart, Abelardo Jurema, Wladimir Carvalho, Sivuca, Zé da Luz, Jessié Quirino e muito outros, na linha do saber e da arte. O número de poetas populares com sua majestosa produção literária, surpreende.  

 

      No livro citado, Fábio Mozart refere-se a nomes e episódios e incursiona, pelo folclore, ao revelar a cena cômica da condecoração da condessa de Rouchefoucauld, originária da nobreza da França. A nobre viera à Paraíba, convencida por Chateaubriand Bandeira de Mello,  de que o “conde” João Duré, de família de fidalgos  franceses, desejava entregar-lhe a Ordem do Jagunço,  em sua cidade natal, Itabaiana. Aceita a honrosa convocação a comitiva de políticos, empresários e figuras da sociedade paulistana chegaram à Soberana do Vale.   

       Como manda o protocolo, Chatô enfiou um gibão de couro de bode na condessa e um chapéu de vaqueiro em sua cabeça e assim paramentada e feliz, desfilou entre os convivas, encantando com sua augusta simplicidade. Contrita e de joelhos aos pés de Chatô, na cerimônia substituindo o “conde” Dure, proferiu as palavras solenes da consagração. Depois levou a agraciada a conhecer os campos de batalha do “conde” que eram os currais das vaquejadas.

       O maior contemplado com a ilustre visita fora o médico Antonio Santiago que arrecadou vultosos donativos dos visitantes abonados, para instaurar o hospital São Vicente de Paulo, sob a proteção de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Itabaiana, que há muito tempo esperava pelo benefício para a saúde de seus moradores.

* Da Academia Feminina de Letras e Artes da Paraíba

 

 (Publicado no Correio da Paraíba de 17/10/2011)

 

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