segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Índios tabajaras e potiguaras invadem cidade dos brancos na Paraíba





Foi na cidade de Areia durante o Festival de Arte. Quem testemunhou foi minha secretária não remunerada Clévia Paz, que agora tá toda ancha e vaidosa no papel de ajudante de ordem de Chico César, o cantor gestor da cultura da Paraíba e grande mentor do Festival. Remanescentes das nações Tabajara e Potiguara realizaram caminhada pelas ruas da histórica cidade brejeira, abrindo o Festival.

Faz tempo que índio não quer mais apito. Índio quer (e merece) respeito. A cultura indígena foi parcialmente eliminada pelo branco invasor. Atualmente, apenas algumas poucas nações indígenas ainda existem e conseguem manter parte da sua cultura original. Na Paraíba, o que restou da cultura indígena sai pelas ruas dançando nos caboclinhos do carnaval ou vai abrilhantar festa de branco. Nas aldeias, os potiguaras sobrevivem em Baía da Traição e Rio Tinto. Quase que totalmente aculturados, submetidos à pressão do colonizador, são pálidas figuras do que eram os guerreiros mágicos das selvas do litoral nordestino no século XVI. 

Cultura é uma coisa muito sólida. Destruíram minha aldeia, tingiram de vergonha meu canto e minha dança, ridicularizaram meus bonecos de pau e barro, esconderam minha poesia, rebaixaram meus heróis, demonizaram meus deuses, isolaram minhas esperanças mas eu ainda grito. Feito os potiguaras e tabajaras da Paraíba, igual aos negros quilombolas, ainda saio nas ruas tocando meus tambores e dizendo: “saibam todos que aqui viveu um povo feliz e sábio que um dia vai voltar “num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico... e revelará aos povos o que sempre esteve oculto, mesmo sendo óbvio” (Caetano Veloso)

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