POEMINHAS MAL AMARRADOS
Minhas prisões
Eu mesmo engendro
Eu mesmo engendro
Com os grilhões
Eu me acendro.
Sob o coito da palavra
O poeta vai criando
Sarna pra se coçar.
Se a mãe se abruma
Nem o poeta Caixa
Se apruma!
Tire seu vocábulo do andor
Que eu quero modelar a minha dor.
Afinal, porque tanta aflição
Se e a felicidade está na contramão?
Contentamento no sentido oposto
No vai-e-vem de regular desgosto
POEMA FROUXO
A vida não é sopa
Já dizia Lula Côrtes.
A vida é uma festa
Para os donos da floresta.
A vida é muito simples:
É só deitar e morrer.
A vida é uma arte
De respirar profundo
E investir na morte.
A vida funciona
Sem cura e sem remédio.
A vida queima breve
Vela de sete dias.
A vida só se dá
Para quem se fodeu.
Na escola da vida
Caetana é a mestra.
Minha vida sem causa
É causa da mixórdia
Desse poema frouxo
Sem reação, sem vida!
POEMETO BIPOLAR
Enternecimento
Por ser dizimista
Da igreja universal
Medo de ser pega
Na revista geral.
Dor física
Quando acordou de manhã
Meiguice
De gato com novelo de lã.
Exsudou
Lágrimas de enganar
É difícil
Ser sóbrio e bipolar.
Fábio Mozart
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