quinta-feira, 1 de novembro de 2012

TIJOLINHOS DE FINADOS




A morte é uma das poucas coisas que podem ser feitas simplesmente deitando-se. (Woody Allen)
Ameba foi fazer prece de louvor na cova da sogra. Agradecer pela ausência.
Cemitério de Itabaiana está abandonado. Dona Dida não respeita nem os vivos, que dirá...
Hoje, dia de memória e esquecimento. Onde estará enterrado meu irmão que morreu com dez meses de idade em Timbaúba?
Num dia de finados, há séculos, eu e o maestro Luiz Carlos Otávio “enterramos” Joacir Avelino em protesto político/etílico.
Confesso que já fiz farra dentro de cemitério com cachaça de despacho de macumba.
Coveiros inesquecíveis: Cavalo Azul e Azarias, o maior amante de cemitério que a terra há de cobrir.
Nesse mundo vão / o que sobrar de tua empáfia / vai no caixão.
Tenho forte tendência à ingenuidade cega: acredito na emoção da viúva no cemitério.
Cachorro na Espanha está há dois anos guardando o túmulo do dono. Isso eu chamo de fidelidade canina. 

No dia de finados, bando de manés se reúne para andar fantasiado como morto-vivo em São Paulo. 

João Gonçalves, que nasceu no dia de finados, carrega no DNA a atração por defuntos. 

Se pudesse viver novamente, na próxima vida tentaria cometer mais erros. (Jorge Luís Borges)
Não existe outro país senão o da morte. O que então nos ameaça?
Do alto do meu ceticismo, acredito que participamos de um fluir infinito, algo muito maior que nossa vida individual.
O lado sobrenatural da vida me encanta.
Certas vivências são fundamentais. O que seríamos nós sem os nossos pais?
Sua jactância tem a ver com seus complexos de infância. Só a morte apagará esse sorriso pernóstico de sua boca inútil.
Na profundeza do inconsciente escondemos o desejo de viver novamente.  
É de bom tom desejar feliz dia de finados?
Nesse dia de saudades, lembremos o enterro do Palmeiras.
Mudando de assunto: tem certos prefeitos cuja eleição é um poema ao cinismo.

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