quarta-feira, 9 de março de 2011

Zorah Lira na sublegenda

Nessa fase de nossa história, quem dava as cartas por aqui era o deputado Edme Tavares. Na foto, Arnaud Costa, sua candidata a vice, Zorah Lira, e o deputado Edme (sentado). Ao lado, o vereador Nô Almeida.


A cantora, poeta e compositora Zorah Lira foi candidata a vice-prefeita de Itabaiana na chapa do meu pai Arnaud Costa. Meu compadre Renato Almeida fez essa pergunta outro dia e eu não soube responder de imediato. Aliás, nem lembrava que Arnaud Costa havia sido candidato a prefeito algum dia.

O próprio Arnaud é quem explica: naqueles tempos remotos, havia uma tal de sublegenda, que era um esquema utilizado pelo regime militar para acomodar as várias facções políticas e dar maioria ao partido dos militares, que era a Aliança Renovadora Nacional. Em Itabaiana, dona Dida lançou Fernando Cabral como seu candidato a prefeito, necessitando de um candidato “laranja”, ou anticandidato para dar respaldo à candidatura oficial. Meu pai aceitou o sacrifício, mas dizia abertamente que votaria em Fernando Cabral. Zorah Lira, por sua vez, não engoliu bem essa história de anticandidato. “Vou votar na minha chapa e pedir votos para mim”, dizia. Não sei quantos votos Zorah ainda arrumou, mas o vencedor daquela eleição foi Galego.

Meu pai aceitou fazer o papel de anticandidato em nome da amizade que nutria pelo casal Aglair da Silva e dona Dida, ele médico muito considerado pelo político e jornalista Arnaud Costa. Concordou de bom grado com essa missão, tendo consciência de que não é a luta política ou social que redime o homem, mas a fidelidade aos amigos, sem soberba e sem orgulho tolo.

Infelizmente, o tempo mostrou que alguns pseudoamigos avançaram como pragas de gafanhoto sobre a moral pública e privada, com tal ímpeto que mais parecem urubus em cima da carniça. Não há lugar para a verdadeira fraternidade e afeição. Mas a firmeza com que Arnaud Costa e outros políticos tradicionais de Itabaiana conseguiram manter a dignidade, mesmo em meio a interesses menores, espúrios, e ao furor antidemocrático do regime de força, merecerá um dia a devida atenção dos historiadores e o respeito das novas gerações.

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