Na verdade, até as pessoas de pensamento direitista concordam hoje que o que ocorreu em 31 de março de 1964 (ou 1º de abril?) foi uma Contra-Revolução. Achavam, ou queriam fazer o país acreditar, que estava em marcha uma revolução comunista, nos moldes da que ocorreu na China e em Cuba. Os militares serviram de massa de manobra para políticos oportunistas e mercenários nacionais e internacionais, tendo por trás os interesses comerciais e estratégicos dos Estados Unidos.
Muita sujeira correu pelos canais da Nação, muito sangue, safadeza e corrupção. Muita mentira e censura, burrice, campos de concentração, assassinato de inocentes, torturas, mordaça da juventude e da imprensa, arrogância do guarda-noturno ao generalzinho. Também do lado contrário, sabe-se que houve traição e outros pecados políticos, equívocos e até fuzilamentos de companheiros. Eram “justiçados”. A esquerda mal armada entregou-se apressadamente a uma guerra sem povo e sem munição. Afora o PCB, por seu apego ao ortodoxo "caminho pacífico" para a tomada do poder, foram os trotskistas o único segmento da esquerda brasileira que não pegou em armas nos anos 60 e 70. Os grupos armados cometeram muitos erros.
Enfim, esse período foi tão brutal e sem sentido algum que as duas partes resolveram esquecer e aprovaram a anistia. Ainda tem muito soldado e paisano que lembra da Contra-Revolução. Hoje, dentro de clubes militares pelo Brasil, meia dúzia de fardados se reúne para incensar o “nacionalismo” deles e relembrar as glórias do passado, quando “os bravos soldados da Revolução barraram o avanço comunista em nossas terras”. Aproveitam para espinafrar os governos civis por acabarem oficialmente com as comemoração do 31 de março de 1964. Eles dizem que “relembrar os acontecimentos" de 64, "sem ódio ou rancor, é, no mínimo, uma obrigação de honra".
Alguns paisanos saudosos também choram o fim da ditadura. “Na época do governo militar não havia a imoralidade do ‘Big Brother’, lembra a madame que participou da passeata dos católicos contra João Goulart em 64. Até defendem torturadores e bandidos da Polícia: “Tenho saudade do grande Delegado Fleury que lutou pelo Brasil contra comunistas que são mostrados hoje como heróis”, afirma um certo Thiago na internet.
Defendo a democracia que temos, mesmo sendo obrigado a aturar e pagar o salário do capitão e deputado Jair Bolsanaro, um lixo humano que anda por aí como zumbi a lembrar daqueles tempos escuros.
Muito bom. Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirRafael