Como itabaianense da gema, gosto de passar o carnaval na velha terrinha. Não sou saudosista, mas escuto muita gente falar que bom era o carnaval de antigamente. O bloco do Zé Pereira era prá arrebentar quando saía uma semana antes do período momesco. Havia o desfile das três escolas de samba da cidade. Os blocos - não sei quantos, mas também desfilavam perante o palanque oficial, com direito a premiações. Dessa época é que surge o bloco Nó Cego, com a irreverência dos anos setenta. Hoje, prá lembrar os velhos tempos, temos o bloco da Saudade.
Na atualidade o que causa espanto é a total ausência do poder público durante os festejos carnavalescos. Nem sequer banheiros químicos foram disponibilizados para os insistentes foliões e a platéia. A cidade se transformou num sanitário a céu aberto. Policiamento ostensivo e de trânsito, nem pensar. Em determinado momento houve uma intensa briga no meio da folia, mas não apareceu um policial sequer, apesar dos insistentes apelos dos presentes: polícia! cadê a polícia? Chamem a polícia! E nada. Não havia a mínima estrutura para os corajosos brincantes. Que pena!
Se os que estão à frente do poder público não gostam de carnaval - deve-se respeitar, como também merece respeito àqueles que se divertem uma vez ao ano em um dos folguedos mais populares da nossa cultura. E por que não corrigir os erros? Começar de novo, com a implantação de uma Comissão Organizadora do Carnaval de Itabaiana, a partir da iniciativa do titular da Secretaria de Cultura ou assemelhada, para fazer gestões perante a congênere Estadual e o Ministério da Cultura, que dispõe de verbas para essas manifestações populares, desde que se faça um projeto de verdade.
O nosso apelo é para os que fazem o poder público municipal de Itabaiana, no sentido de que não frustrem cada vez mais o sofrido povo da Terra de Sivuca. Propiciem essa alegria, mesmo que fugaz - o carnaval -, aos foliões e carnavalescos, sem precisar gastar tanto dinheiro. E por falar em dinheiro, carnaval bem feito não gera despesa para o poder público, mas sim investimento e lucro. É só fazer os cálculos de quantas pessoas de Itabaiana deixaram de gastar na cidade, para gastarem em outras cidades. E os parentes e convidados que deixam de visitar a Rainha do Vale. São lucros que vão embora. A economia deixa de girar, de arrecadar. Com isso perdem todos: hotéis, pousadas, restaurantes e, principalmente os mais humildes: os ambulantes, os taxistas, os pequenos comerciantes e todos aqueles que direta ou indiretamente fazem a cultura. E o pior de tudo isso é a usurpação da alegria que esbanja esse povo sofrido. É só recomeçar. Os nossos hospitaleiros e ordeiros munícipes voltarão a agradecer e plenamente realizados, com certeza.
Joacir Avelino
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