AMIGOS VIRTUAIS E SOLIDÃO
Com a licença do escritor Jãn Macedo, de Campina Grande, transcrevo umas ideias arretadas do jovem artista expostas no seu site “Sonhos literários” (www.sonhosliterarios.com). A primeira: “Tinha quase dois mil amigos adicionados em suas redes sociais. Apenas três se lembraram do aniversário de um ano de sua morte”. Frase que aguça o sentimento de solidão quando se pensa em amizades virtuais. O papo que nos encanta, os ajustes sexuais nas caladas das noites, as mensagens adocicadas ocultam a realidade: estamos sós diante do monitor. A guria de mente aberta, a coroa sensível e carente, o poeta amigo, as mil e uma comunidades, as fotos oblíquas resultam em abstrações, alheamentos do espírito.
Na sequência, Jãn Macedo pega desprevenida a velha lição da cartilha de alfabetização: “Vovô viu a uva”. Historiando: vovô uniu suas gametas com a vovó, que teve o bom senso de morrer na flor da melhor idade. Vovô continua por aqui, fingindo que não está vendo o fruto das suas gametas ignorando sua figura patética de velho decadente. Mas vovô tem momentos de euforia. Esquece a deterioração geral, sai do quarto e vai olhar as meninas na praia.
Na calmaria do fim de tarde, vovô vê as minas e seu velho instinto de vida mostra sinais de vida. Crepúsculo. Vovô abaixa o calção na última fronteira da decência. “Vovô não vê mais o ovo”.
Olá Fábio Mozart.
Muito interessante a sua leitura desses meus dois microcontos e suas reflexões relacionadas a eles. Foi uma surpresa muito boa numa segunda-feira bastante acelerada.
Saudações literárias,
Jãn Macedo
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