E Deus criou o homem...
Criou um, criou outro e na quinta tentativa viu que tudo estava muito chato e criou uma menina. Eis que nasceu Vasti Cléa. É a filha única dos cinco filhos do mestre Arnaud Costa e dona Iraci. Ficha técnica da menina: morena, magrinha, inteligência herdada do pai. Isso há alguns anos passados. Hoje, só deixou um pouco de ser magrinha, depois que o mar da vida agitou-se em ondas repetidas, quando apareceram filhos e netos.
Estou hoje cronicando sobre ela porque se trata do seu aniversário. Seus predicados são muitos. O maior deles: vive de fato nossa vida de família, chega antes de todos nós quando se trata de acudir um irmão, um parente qualquer. Tem o espírito da solidariedade familiar.
A gente tem orgulho de Vasti. O pai, ainda mais! Outro dia eu estava folheando o álbum de família com meu pai. Sobre a foto acima, ele contou uma história que só acontece com as pessoas totalmente desprovidas de senso capitalista, até de bom senso quando se trata de demonstrar o afeto filial. Foi quando Vasti terminou o curso de direito, realizando o sonho do rábula Arnaud de ter um filho advogado. Ele prontamente montou escritório de advocacia na cidadezinha de Pilar, onde qualquer pessoa superficialmente entendida de estudo de mercado saberia que a chance de obter sucesso no empreendimento seria zero. O pai vaidoso investiu no escritório e convidou os amigos de Itabaiana para a inauguração, incluindo a secretária Dorinha, pessoa de muita competência e confiança. Lá estiveram o escrivão José Maria de Almeida e esposa, o advogado Pedro José da Silva, o vereador Nô Almeida e seu filho Renato Almeida, Cidinho e família e outras pessoas do meio jurídico da região. Foguetes e cerimônias, discursos, saudações, a apresentação e a entrega da chave do escritório à novel bacharela, enfim tudo o que tinha direito para iniciar sua vida de profissional. Nos quatro cantos da cidade de Pilar ficou-se sabendo que, pela primeira vez em sua história, a terra de José Lins do Rego teria um escritório de advocacia.
Mas aquela foi a única oportunidade em que o escritório da Dra. Vasti Cléa Costa recebeu visitas. Depois de meses entregue às moscas, sem registrar um único constituinte, fechou as portas. Nem bem os retumbantes ecos do foguetório da inauguração deixaram de ser ouvidos, o escritório dava por encerradas as atividades.
O pai desprezou os prejuízos, não deu recibo do mal empreendimento, já estava de olho em outro lance fundamental na carreira da filha: deveria seguir a atividade de promotora pública. Para isso estava preparada. Poder de argumentação, capacidade para comunicação oral e escrita e cultura geral a jovem advogada tinha de sobra. Por via das dúvidas, o mestre Arnaud diariamente trancava a menina em uma sala, onde era sabatinada para fortalecer a autoconfiança, a capacidade de análise e convencimento em situações reais, o equilíbrio emocional, o gosto pelo debate, o senso de ética e de responsabilidade. Não deu outra: no primeiro concurso para promotor, a filha do mestre Arnaud Costa foi classificada.
Parabéns de toda a família!
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