Eu, Débora Lins e o Dr. Romualdo Palhano
Situações de vulnerabilidade infantil encontram-se de metro em metro na cidade de Itabaiana, resultado da falta de apoio social, de justiça, de um mínimo de atenção aos necessitados, ausência de saúde, educação de qualidade e emprego. Contra essas calamidades luta um grupo de rapazes e moças do Conselho Tutelar. Sem um abrigo para as crianças, sem uma casa de apoio, apenas com a boa vontade e o coração, esse povo se vê sozinho quando, por exemplo, tem que encaminhar uma criança usuária de crack e moradora de rua.
Débora Lins, que trabalha no Conselho Tutelar, me disse que apelou até para o padre da Freguesia em busca de ajuda para os coitadinhos, vítimas do abandono e das drogas, sem encontrar guarida. Débora é uma batalhadora pelo bem coletivo. “A gente precisa tomar uma atitude”, diz ela, sem esmorecer diante dos problemas que são tantos. Nessa guerra contra a drogadição e violência, só encontram certo apoio na Promotoria Pública local. E a gestão municipal, o que anda fazendo em favor de nossas crianças e adolescentes? Débora é realista: “A gente sabe que cuidar de menino pobre não dá voto, por isso até o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente ignora nosso trabalho”, desabafou a conselheira.
Não existe clínica de recuperação. A situação corriqueira é o atendimento do Conselho Tutelar nos eventos de violência ou abandono explícito. Mas cadê o apoio e os projetos de recuperação de menores expostos à pobreza, com todos os seus direitos violados? “Não existe um olhar especial do poder público para as necessidades dessas crianças”, observa Débora Lins.
De minha parte, já reconheci o valor dessa destemida conselheira e indiquei seu nome para receber o Prêmio Leonilla Almeida no ano passado. Só me cabe denunciar, como cidadão, o fato de que o Conselho Tutelar não possa exercer suas funções porque o Poder Público não assume suas responsabilidades, impedindo que os conselheiros atendam às crianças, os adolescentes e suas famílias.
Para ser justo, devo dizer que o novo Secretário de Educação do Município, Fábio Rodrigues, recebeu muito bem o Conselho Tutelar, abriu as portas das escolas para a fiscalização da merenda e das condições físicas dos prédios, numa boa vontade até incompatível com o padrão normal dos agentes públicos nesse nível, na gestão da atual prefeita.
Débora Lins é um instrumento de transformação e uma lutadora pelos direitos humanos, com todas as credenciais para se envolver com as questões dos direitos infanto-juvenis. Ela estuda e pratica o que lê num livro infanto-juvenil diferente, que não contém histórias bonitas com finais felizes: o Estatuto da Criança e do Adolescente.
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