domingo, 20 de março de 2011

Chiquinha de Juvenal

CASAL DE NOIVOS - Autor: Zé Caboclo, primeiro discípulo do mestre Vitalino de Caruaru


Amigo, Orlando

Você me fez voltar 30 anos, quando ainda era apenas um garoto de 11 anos e lembro-me muito saudosamente daquela Itabaiana e seus personagens tão pitorescos. Das várias figuras marcantes do meu tempo lembro-me de Nino Continência, Pibite, entre outros, e tive também o privilegio de conhecer Chiquinha, pois a mesma freqüentava muito a rua Boca da Mata, onde morava o meu avô José Marinho e que era passagem obrigatória dela como também lembro muito dela comprando perfumaria na loja do meu pai.

Lembro-me também de Chiquinha muito zangada na padaria de Zé Mário, cansada de responder a mesma pergunta que todos lhe faziam quando ela circulava pelo comércio... O que você não sabe é que Chiquinha morreu “noiva”! Pois é... Nos idos dos anos 80, não sei bem te dizer em que ano, Chiquinha circulava pelo comércio e ao entrar em um certo estabelecimento avistou um representante de uma determinada firma vendendo seu produto. Pois bem, como se sabe a vontade de Chiquinha de se casar era tanta que qualquer um que passasse a sua frente logo se tornaria pretendente, e o dono do estabelecimento, para não perde a oportunidade, logo cuidou de apresentar o rapaz e encher a cabeça de Chiquinha de esperança e foi o que aconteceu. Nesse dia, para piorar a situação, o rapaz ficou sabendo do seu drama e que se tratava de uma pessoa humilde e carente e ficou compadecido daquela senhora. Na hora de ir embora o rapaz lhe deu certa quantia em dinheiro e se foi, para nunca mais voltar, foi transferido ou demitido, não se sabe, o que se sabe é que a historia se espalhou, a própria Chiquinha fazia questão de contar para todos que estava noiva e cuidou logo em fazer o enxoval e divulgar o nome de seu amado Juvenal. Logo ficou conhecida como Chiquinha de Juvenal. Todos que lhe cumprimentavam logo perguntava: “e Juvenal, como está?” “E Juvenal, quando vem?” Sem falar que todos que lhe ajudavam financeiramente faziam questão de lhe dizer que foi Juvenal quem mandou e assim viveu as últimas décadas de sua vida à espera de Juvenal, o seu grande amor.

Tenho certeza que seu último desejo, se perguntado, seria que em sua lápide estivesse gravado: “aqui descansa em paz “Chiquinha de Juvenal”´.

Luciano Marinho


Publicado no blog

www.itabaianapbmemoria.blogspot.com



2 comentários:

  1. Oi Fábio Em Areia existiu um tipo folclórico que sonhava em se casar. A lavadeira de roupa,tinha uma filha que se engraçou por um rapaz da redondeza e com ele namorou (por influência dos amigos do jovem) sem que a moça recebesse de sua parte a mínima atenção ou esperança. No dia que ele entrara na igreja do Rosário para a benção nupcial, com noiva em seu braço, ela enloqueceu. Rasgou as roupas e saiu gritando pela rua... Não houve "meizinha" nem remédio de farmácia que lhe devolvesse o juizo. Isso aconteceu no começo do século XX e foi comentado e com amargura lamentado na cidade. A doméstica mal sucedida no amor solitário "engomou" as vestes do seminarista Zeamérico, quando entrou para a Escola Elesiástica, onde pouco se demorou, à falta de vocação... Um feliz domingo. Afetuosamente - ourdinha

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  2. Luciano, citei na crônica que obras literárias são recheadas de personagens semelhante a Chiquinha e que representam valor imenso no contexto da historia, tanto que fica gravado na memória do leitor.Na memoria viva dos itabaianenses Chiquinha e outros não seria diferente.O gratificante do seu comentário é que você ratifica o que escrevi, pois você ainda era uma criança quando acontecia os fatos e se recorda tão bem que fechou com chave de ouro a crônica.
    Nos anos 80, minhas idas a Itabaiana já eram escassas, mas me lembro da pergunta que faziam a Chiquinha sobre o Juvenal mas confesso, desconhecia o porque da pergunta.

    Abraço
    Orlando Araujo

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