quarta-feira, 23 de março de 2011

Chiquinho Bezerra está no ponto pra cantar no Ponto


O cantor e compositor Chico Bezerra, aposentado do Banco do Brasil, já foi homenageado no festival de cultura do Sindicato dos Bancários, mas em sua terra natal não é lembrado. O homem é artista de primeira, sabendo-se quanto é difícil hoje em dia valorizar e divulgar a boa música em um país dominado pelo lixo cultural.

Encontrei o compadre Chico Bezerra negligenciando pelas ruas de João Pessoa, muito serenamente descansado, aposentado e de mal com sua terra. “Faz mais de três anos que não vou a Itabaiana, me encabulei com umas coisas lá”, explica Chiquinho. As forças que configuraram suas predileções, sua visão de mundo, são energias itabaianenses e isso ele não nega e nem repudia. Só está magoado com os destinos da terra-mãe tão maltratada.

Eu, é claro, falei do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar e de como estamos empenhados em divulgar nossos artistas. Chico ficou fascinado com o projeto e me fez prometer que levaria seu espetáculo musical para o Ponto. “Meu maior desejo é me apresentar na minha terra, mas nunca houve interesse de ninguém”, lamenta. Presumível é o desfecho da conversa: convidei Chico Bezerra para cantar no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, talvez na semana do aniversário da cidade.

Para tentar preencher o vazio emocional de Chico com relação à sua cidade entregue às baratas, cupins e ratos, passei ao prezado amigo um exemplar do meu livro “A Voz de Itabaiana e outras vozes”, onde falo do próprio Chiquinho e dos seus irmãos Marcos e Cabo Jorge, grande atleta do Vila Nova, hoje forte liderança do movimento negro.

Como a vida é destituída de planejamento e forma, vou assim ao acaso formatando a programação do Ponto de Cultura, mesmo porque estamos desesperadamente carentes de dinheiro para tocar o projeto original do convênio do Ministério da Cultura. O Governo de Dilma ameaça calote aos pontos. A gente que se mete em artes e outros ideais do espírito tem um pendor natural para viver subalterno aos caprichos dos governantes, quando não submisso a pretensos mecenas, patrocinadores, protetores e ao mesmo tempo exploradores da criação alheia. Mas aí já mudei de assunto...

Um comentário:

  1. Margaret Santiago Bandeira23 de março de 2011 às 12:28

    Gostaria de saber do dia desse espetáculo. Saudades do colega Chiquinho.

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