Nasci já adulto, como Adão. Não tive infância, igual a Pixote e mais os 5 milhões de meninas e meninos abandonados no Brasil.
Minha missão era guardar a glória de Deus e os carros dos bacanas nas portas das boates. Um dia tentamos, eu e meus colegas, entrar no jardim de um ricaço e fomos expulsos. Formamos juntos o Império das Ruas. Tenho ódio da raça humana.
Por isso, nada mais justa e verossimilhante a pergunta: o inferno onde me colocaram é proporcional ao pesadelo que estou preparando para vocês? Agitação, opressão e fatos aflitivos levarão minha marca de mão suja e faminta na sua cara burguesa. Aguarde. Você me abandonou, mas eu não lhe esquecerei.
Eu danço conforme a música. Em chapa quente...
("Um país que tem medo de suas crianças, realmente enlouqueceu". Fábio Mozart, na peça "Cantiga de Ninar na rua")
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