domingo, 21 de agosto de 2011

PREFÁCIO PARA A NOVA EDIÇÃO DE BIU PACATUBA


Maria Helena Malheiros com a professora Marizete Vieira, de Mari, terra do esposo da filha de Biu Pacatuba e cenário das lutas camponesas

É com muita honra que apresento o livro “Biu Pacatuba um herói do nosso tempo”. Hoje, tenho em Fábio Mozart um grande amigo, pois nos agraciou, a mim e a minha família, com esse presente: a história da luta de meu pai, Severino Alves Barbosa, em prol da causa agrária, que culminou com sua prisão nos idos dos anos sessenta, época em que o nosso País vivenciava o início de um período negro da nossa história, que foi a ditadura militar. 

O livro “Biu Pacatuba, um herói do nosso tempo”  narra as lutas sociais no brejo paraibano, nesse caso, no município de Sapé, com as Ligas Camponesas, que culminaram com a prisão de muitas pessoas, dentre elas Severino Alves Barbosa – Biu Pacatuba, que foi preso, simultaneamente,  com  seus amigos e companheiros de luta, Ivan Figueredo de Albuquerque e João Pedro Teixeira. 

O livro contém dois poemas, em forma de cordel, arte em que o poeta é um mestre no assunto: um sobre Biu Pacatuba em sua luta contra o latifúndio e o outro sobre pessoas que fizeram parte da história de Mari, cidade onde o poeta residiu por vários anos. O fato de o autor ter escolhido o cordel para a confecção do poema foi algo maravilhoso e muito se coaduna com o personagem principal da história, pois, ambos são elementos simples e não vejo outra forma melhor de ser escrito, senão por cordel mesmo. 
 
No início deste prefácio afirmei que estava sendo uma honra fazê-lo, pois, este livro, ao contar a história de luta de meu pai, fez com que eu me sentisse livre de uma dívida a cumprir, como se, finalmente, ressoasse aquele grito preso na garganta, para dizer da minha revolta, ao mundo, contra as atrocidades sofridas por pessoas que tem como crime ou pecado a vontade de ver justiça social imperando entre os povos.

Esse livro funciona, para mim, como uma catarse emocional, pois me vejo liberta dessa dívida para com meu pai, que, pelo seu feito tão humano, não poderia ficar no anonimato e era responsabilidade nossa divulgá-lo. Minha família sofreu muito com esses fatos acontecidos, deixando marcas indeléveis em todos, mas hoje, muito nos honra o fato de ele ter buscado fazer algo pelo seu semelhante. Reafirmo minhas palavras em um dos lançamentos desse livro, do qual participei: é um bálsamo em minha vida!   

Parabéns, portanto, ao poeta e escritor Fábio Mozart, a quem conheço há  pouco tempo, mas o suficente para sentir que se trata de uma pessoa de muita capacidade para a escrita  e um grande sonhador, guerreiro e lutador , também, por mais justiça e igualdade social, em sua luta diária, através de seus trabalhos, tanto os escritos quanto os, por ele,  apresentados  em  rádios comunitárias, em documentários e peças teatrais, por isso, sendo, muitas vezes, mal entendido e até mesmo perseguido.  

Comparo o Fábio Mozart ao bambu, resistente, pois mesmo depois de um vendaval que o dobra até chão, ele se ergue e volta à sua posição inicial, firme, pois tem a capacidade de suportar tensões, pressões e dificuldades, superando crises e adversidades do dia-a-dia.

Desejo que este livro obtenha o seu objetivo didático, que é o de divulgar  histórias de pessoas simples, mas que deram a sua contribuição para uma sociedade mais justa, mais humana e igualitária. 

Maria Helena Malheiros Barbosa da Costa


João Pessoa-PB, 08 de agosto de 2011

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