ERASMO SOUTO
Augusto de Lima trabalhava comigo e, sendo universitário de Direito da Católica, concluia-se de cara que o seu Direito não era muito católico. Foi uma das pessoas mais "por fora" que conheci. Dia do
aniversário da morte de Getúlio Vargas, entrei na sala e:
- "O povo de quem fui escravo não será mais escravo de ninguém" - quem disse isso, Augusto?
- Brizola?
Outro dia encontrei-o tristonho porque havia tirado meio ponto numa prova da faculdade. "Vou pedir revisão!" - reclamava. Um colega que estava ao lado não resistiu: "Tirar meio ponto numa prova e pedir
revisão é o mesmo que perder de 10x0 no futebol e dizer que o juiz roubou".
A última vez que nos vimos foi num "Dia da Bandeira". Entrei na sala assoviando o "Hino à Bandeira" e Augusto antecipou-se:
- Já sei. Dia da Independência...
- Ora, Augusto, hoje é "Dia da Bandeira" - protestei.
- Brasileira?
- Claro, rapaz, escuta o hino: "Salve lindo pendão da esperança/Salve símbolo augusto da paz..." .
Daí observei-o com as duas mãos à cabeça, meditando.
- Que foi, Augusto? Algum problema?
- Esse cara do hino...
- Que cara do hino?
- Esse Augusto da Paz. Eu me chamo Augusto, acho que é meu parente...
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PS – Augusto deve ser parente de Sonsinho.
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