sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Eu e W.S. Solha temos algo em comum: não vendemos nossos livros


W.S. Solha é escritor, ator de cinema e dramaturgo. Nasceu em São Paulo, estando radicado na Paraíba desde a década de 60.

Ele está com novo livro na praça. Mandou mensagem para os amigos e leitores, entre os quais me incluo, pedindo endereço para remeter a obra pelo correio. “Como não vou fazer lançamentos, nem colocar esse meu novo livro à venda, diga-me, por favor, seu endereço postal, para que eu lhe remeta o romance, sem quaisquer ônus, assim que ele sair, no próximo mês”, informar Solha.

Eu também não gosto de vender livros ou promover noite de autógrafos. Na tal noite, o que você gasta paparicando os convidados é muito mais do que ganha com a venda de 30 ou 40 livros, quando vende!

Eu não vendo meus livros. Eles circulam através de amigos, ou em promoções como a Gincana Cultural dos estudantes, onde venderam mais de 300 exemplares de “A Voz de Itabaiana e outras vozes” em favor do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar. Mesmo porque os livrinhos por mim lançados foram patrocinados por órgãos públicos. O último teve a chancela do Banco do Nordeste do Brasil. Alguns amigos comercializam uns exemplares para ajudar as ações do Ponto. Eu, faço como Solha: aos raros compadres que me pedem, mando pelo correio. Se eu tivesse um esquema terceirizado profissional para comercializar os livros, tudo bem. Mas eu sair vendendo livro, só se fosse Testemunha de Jeová.

VENDENDO O RIM

Recebi mensagens de compadres e comadres preocupados com a possibilidade de eu vender um rim para pagar as contas do Ponto de Cultura. “Pelo amor de Deus, não sacrifique um órgão tão importante, embora tenha dois. Seus amigos, entre os quais me encontro, tenho certeza que todos estão dispostos a lhe ajudar a sair desse sufoco”, acudiu uma comadre minha.

É tudo lorota, meus caros e minhas caríssimas! Não vou vender rim nem qualquer parte deste corpo velho. No máximo, posso ceder temporariamente a consciência, mesmo sem prestabilidade aparente.

ZEZINHO BILAU

Morreu Zezinho Bilau. Meu compadre Dalmo Oliveira mandou dizer:

“Um trágico acidente de moto ceifou a vida do meu amigo José Roberto, a quem chamávamos carinhosamente de Zezinho Bilau. Ele bateu, caiu da moto e foi atropelado na BR 230 perto da Unipê. Bilau vai deixar saudades pela sua energia alegre. Sua pressa em curtir a vida. Mesmo morando em Tambauzinho, Zezinho estava sempre no Geisel, onde cresceu desde a fundação do bairro. Loiro, alto, forte com vibrantes olhos claros, Zezinho tinha um quê de James Dean. Sua morte nesse tipo de acidente seria algo previsível pelo estilo de vida que levava. Mas Zezinho não era só aventura: festivo por natureza, ele estava envolvido com vários projetos culturais, como o teatro de bonecos da Emlur e o bloco carnavalesco do Bar do Batente, do qual foi co-autor do hino oficial. Me lembro vivamente do dia em que foi lá em casa me mostrar a música. Vascaíno doente, Zezimho sonhava em ser locutor esportivo... Mais uma voz silenciada cedo demais!”

Sábado, no programa “Alô Comunidade”, vou tocar a música de Zezinho Bilau em nome dos amigos que ficaram curtindo a melancolia da perda. O programa vai ao ar às 14 horas, na Rádio Tabajara AM.

Um comentário:

  1. Oi Fábio: Acabo de ler num excerto de seu blog uma nota tranquilizadora sobre a não cessão de um rim para pagar conta de uma ONG.Eu estava na dúvida porque "todo poeta é doido..." adivinhe quem disse isso!Pois bem vou dizer para você não ficar quebrando a cabeça que é um mal maior do que doar um rim. Esse "doido" tem o sentido de sonhador, generoso,aquele que dar tudo que tem para ajudar alguém numa situação. Esse sentença é de Celso Mariz, o historiador. Boa noite. Lourdinha

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