Marcelo Ricardo é o cabeludo, ao lado de Moreira da Abraço/PB, Lili e Jane, em audiência com o então prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho |
O nome do cara é Salo Sandor Mueller, da Rádio Comunitária de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande gaúcho. Ele se diz membro do Conselho de Saúde, Conselho da Infância, Movimento de Mulheres, representante do Trânsito e integrante da luta dos catadores de material reciclável em sua cidade. O maluco já responde a quatro processos por operar rádio comunitária sem outorga, e deve a bagatela de doze mil reais de multas aplicados pela Anatel. “Esse povo nunca foi a favor do trabalhador. Minha maior decepção é ter acreditado um dia nessa esquerda mentirosa do PT, suja, corrupta, parasita, que pensa apenas em calar os pequenos. Nem com FHC era assim. Onde eu vou buscar doze mil reais para pagar essa multa que minha rádio levou? O que eu posso fazer é botar uma bomba no cu do Lula”, desabafa o rapaz.
Aqui em João Pessoa, outros malucos botaram no ar uma rádio comunitária no bairro Jardim Veneza, vieram os homens e tacaram uma multa de mais de 30 mil reais. Mas esses doidos não querem jogar bomba em ninguém, só pensam em continuar a luta. “Perdemos uma batalha, mas não desistimos da guerra”, diz Marcelo Ricardo, da Rádio Comunitária Diversidade. O Ministério das Comunicações dá licença de funcionamento a falsas rádios comunitárias que cobram quinhentos reais por uma hora de programa semanal para arrendamento, onde a comunicação está a serviço dos interesses dos supostos donos da emissora, e não da comunidade. No entanto, uma rádio autenticamente comunitária como a Diversidade não consegue sua outorga.
“Precisamos lutar contra essa discriminação com as rádios comunitárias, as rádios comerciais fazem seu papel ao tentar acabar conosco, afinal são os interesses deles, então vamos reagir,vamos nos unir, usar a internet para aumentar nossa área enquanto podemos. Daqui a pouco vão acabar proibindo a gente de interferir na internet também”, protesta Jerry, de São Paulo, conclamando a união dos comunicadores populares e dos artistas que não podem pagar jabá, os pequenos anunciantes, as câmaras de vereadores dos pequenos municípios. “Chegou a hora de mostrar força”, diz ele.
Jerry denuncia que o deputado que está retirando a FM das rádios comunitárias é do DEM, “os mesmos caras que apoiaram a ditadura, que torturou e matou dezenas de pessoas”. É que agora tem um projeto no Congresso que tira o direito das rádios comunitárias de usar a sigla FM. Esse projeto veio do Senado, de autoria do senador paraibano Roberto Cavalcante, dono de um sistema de comunicação composto de inúmeras estações de rádio, TVs e jornais. O citado cidadão responde a mais de cem processos por sonegação fiscal, formação de quadrilha e outros delitos.
De acordo com ele, a sigla FM, que sintetiza a emissão de ondas em frequência modulada, traz a idéia de exploração comercial do canal. Para o senador, essa prática vem trazendo prejuízos às emissoras comerciais, já que elas, segundo ele, pagam pelo uso da frequência modulada. Roberto Cavalcante diz ainda que as FMs comerciais estão perdendo contratos e sendo confundidas com as rádios comunitárias.
De acordo com ele, a sigla FM, que sintetiza a emissão de ondas em frequência modulada, traz a idéia de exploração comercial do canal. Para o senador, essa prática vem trazendo prejuízos às emissoras comerciais, já que elas, segundo ele, pagam pelo uso da frequência modulada. Roberto Cavalcante diz ainda que as FMs comerciais estão perdendo contratos e sendo confundidas com as rádios comunitárias.
As siglas AM e FM fazem referência ao processo de transmissão usado por todas as emissoras de rádio. AM significa amplitude modulada e FM, frequência modulada.
“Não acredito em deputados, em Dilma ou qualquer outro político. Precisamos acreditar em nós, na nossa forma de pressão e luta. Tá na hora de mostrarmos quem somos”, conclama Jerry.
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