domingo, 5 de agosto de 2012

POEMA DO DOMINGO



O EQUILIBRISTA

Ser brasileiro é viver se balançando num pêndulo
Entre o vau turbulento das carências
E a alegria da cadência do insustentável.

O brasileiro obedece a uma estranha lei
Da física que produz música, imagem e energia
Sem nenhuma pretensão de obedecer.

O brasileiro, equilibrista nato,
Pela extensão variável de suas rotas
Traça estratégias confusas de sobrevivência.

O brasileiro, de forma displicente
E calculadamente aleatória,
Desequilibra o medo e o estupor.

O brasileiro, mero equilibrista,
Não vira a cara na rua, indiferente,
Andando no arame da necessidade.

O brasileiro vagueia pelas ruas
Qual saltimbanco sumário e inevitável
A confundir as rotas dos planetas.

F. Mozart



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