Unidos Venceríamos!
Entendendo o projeto de cultura do SINDIFISCO-PB
Adeildo Vieira
Existe
um poder avassalador que mora na cabeça do ser humano. É o poder de acreditar,
que quando associado ao poder de querer fazer pode gerar grandes ações
transformadoras. Agora vamos imaginar se esta superposição de poderes tiver
ainda o poder estrutural como suporte, aquele a que chamamos de financeiro, o poder
de ter dinheiro, pra ser mais claro... Resultado imbatível!!! Bom, é o que se espera de instituições que
existem com o único fim de promover transformações. São governos, sindicatos,
ONGs, OSCIPs, e tantas outras organizações públicas e privadas que têm o cofre
cheio, mas que, infelizmente, acabam demonstrando pobreza nas idéias. A muitas
falta o querer, a outras soma-se o não acreditar, o que é ainda mais
triste.
A
arte e a cultura talvez sejam as áreas campeãs no campo do não acreditar das organizações. É que existe uma cultura de não
acreditar na cultura, aliada a uma ignorância sobre a importância do fazer
artístico-cultural para uma sociedade. No ramo sindical, por exemplo, há sobre
o fazer cultural uma mescla entre compreensão panfletária, defendida pelos velhos
sobreviventes da ditadura, e uma visão recreativa, bailada pelos novos
revolucionários na era democrática. Só que entre Vandré e Zeca Pagodinho, tem
vencido o segundo. Nada contra o pagode, mas o fato é que ele nunca vem
sozinho, há sempre um churrasco e uns barris de chopp pra acompanhar. Bom, eu
até gosto dessa mistura, mas o fato é que as entidades sindicais bem que
poderiam ampliar suas ações, pensando cultura de uma forma mais comprometida
com a dita transformação social, abraçando a cultura brasileira em suas
diversas manifestações que, além de botar pra dançar, também nos levam ao
deleite pela reflexão poética e pela visitação lúdica ao nosso umbigo
brasiliano. E isso é transformador. Depois a gente cai no samba, no côco, no
frevo, no maracatu, que ninguém é de ferro! Com ou sem chopp.
Mas
chamo a atenção para uma entidade sindical que tem compreendido a importância
da cultura para a sociedade. Trata-se do SINDIFISCO - PB – Sindicato dos
Fiscais Tributários do Estado da Paraíba, que desenvolve, há mais de cinco
anos, o projeto SINDICULTURA, promovendo a circulação de atividades culturais
de vários gêneros por todo o estado. O mais interessante é que não há apelo
popular no desenvolvimento do projeto, pois entre comédias e dramas teatrais
circulam também shows cantados e instrumentais e outras propostas artísticas
com o que há de melhor na nossa cena cultural. Há nesta ação sindical um misto
de compromisso com a formação de público para a produção cultural paraibana
aliado ao respeito com que são tratados os artistas contemplados no projeto. É
um caso em que uma entidade de trabalhadores cumpre o papel de muitas
instituições de cultura. Podemos dizer que a compreensão do SINDIFISCO-PB sobre
a cultura tem sido transformadora, com resultados que serão colhidos a longo
prazo, como toda ação necessária que se arvora a desafiar o olhar vesgo das
multidões.
Há
muito que eu sonho com o advento de um projeto intersindical de cultura,
orquestrado por entidades de trabalhadores que compreendessem a importância de
ações culturais e artísticas para o crescimento do cidadão e da sociedade. Um
projeto que consorciasse recursos financeiros, movendo estratégias capazes de
fazer girar as engrenagens da cultura em favor do desenvolvimento humano. Seriam
os trabalhadores organizados montando um futuro à luz de um passado escrito
pelos Centros Populares de Cultura da UNE dos anos sessenta. Claro que o
momento é outro, com a iridescente luz da democracia apontada aos nossos olhos.
Mas democracia (ainda mais esta, que escraviza produzindo ignorância) não pode
ofuscar os olhos de quem é capaz de combater a estupidez cultural que tem
assolado nosso país. Vale mesmo é citar o exemplo do SINDIFISCO – PB, que bota
a arte e a cultura no seu devido lugar.
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