domingo, 11 de setembro de 2011

QUEM LÊ MEU LIVRO




Até já contei essa história aqui. O cara botou no juízo que deveria jogar no ar uma rádio comunitária. Juntou mais uns quatro ou cinco birutas, fez uns arranjos no quartinho dos fundos da casa e comprou os equipamentos básicos de uma estação de rádio de baixa potência, com a ajuda do irmão, avó, vizinhos e conhecidos. Depois, muitas alegrias, sensação de compartilhamento comunitário, o povo se juntando, o pastor delirando com a possibilidade de pregar seu evangelho, as moças catequistas, os poetas, os forrozeiros, a turma do hip hop se chegando, o moço que gosta de Roberto Carlos, todo mundo querendo transmitir sua graça, seu apelo, sua palavra de carinho, sua música preferida, seu dengo, sua esperança, sua mágoa, sua reclamação e a mensagem chegando limpinha, magicamente clara nos rádios das casas. 

Por um momento, aquele grupo de jovens teve a sensação estranha de que a vida é justa e não é tão ruim morar numa comunidade distante, pobre e esquecida. A rádio comunitária, que tem a principal função de fornecer serviços e voz à sua comunidade, é fundamental pra uma população que só é notícia nas rádios comuns quando acontece  um crime no bairro. Foi quando formaram a diretoria, o conselho e todas as exigências legais para pedir autorização ao Governo para utilizar o canal que é público.

O Governo fez ouvidos de mercador e a rádio continuou transmitindo. Foi quando a denúncia feita pelos políticos e empresários trouxe a polícia federal que apreendeu todo o equipamento, processou os responsáveis e multou a rádio em quase três mil reais.   

Mas ninguém nasceu pra vítima e perdedor. A comunidade volta a lutar pela rádio, cotizando-se para pagar a multa e comprar novamente os equipamentos. Eu conto essa e outras histórias de lutas populares em torno de projetos de comunicação comunitária no meu livro “Democracia no ar”.

Na foto, dois protagonistas da história da Rádio Comunitária Diversidade do Jardim Veneza, em João Pessoa: Marcelo Ricardo e Josiel Barriga de Mel. Eles exibem um exemplar do meu livro, que é uma espécie de “manual de sobrevivência” para os que brigam contra os que querem calar a voz do povo.   


Um comentário:

  1. Oi Fábio: Seu médico já decretou a seca de 77 em seu joelho? Quando decretar me avise para que eu agredeça a Ibiapina, que dorme o sono eterno em seu santuário no município de Solânea. Ele está no aguardo de uma resposta.

    Afetuosamente
    Lourdinha

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