domingo, 4 de setembro de 2011

Treinando para piloto de cadeira de rodas


Eu, meu irmão Lavoisier e o patriarca Arnaud Costa - (Foto: Dalva)
Querendo colocar em prática a concepção do homem cadeirante, experimentei o novo transporte do mestre Arnaud Costa, recuperando-se de AVC, mas sempre caminhando para a frente, e não para trás ou para os lados. Rodando, seria o termo correto. Quem faz história não anda para trá.


No meu caso, sofrendo de artrose nos joelhos, faço fisioterapia na companhia desse nobre homem, ele também reaprendendo a andar.

Falei ao meu pai sobre o Ailton Parrá, bancário aposentado, sujeito irreverente e bonachão que viveu muitos anos em Itabaiana. Arnaud Costa disse que até hoje tem um problema no joelho esquerdo por causa de Parrá. Seguinte: querendo alugar uma casa, Parrá encomendou o serviço de corretor de imóvel ocasional. Arrumada a casa, Arnaud Costa perdeu as chaves. Ao tentar pular o muro, torceu o joelho. Toda vez que muda o clima e o joelho dói, Arnaud lembra de Parrá.

Portanto, meu caro leitor domingueiro, você está lendo um texto de uma pessoa cadeirante. Isto é inclusão. Comemore comigo. Uma sociedade inclusiva é aquela que reconhece, respeita e valoriza a diversidade humana. Aceitada a premissa de que se trata, no meu caso, de fantasia, gostei de andar de cadeira de rodas, tendo faltado um pouco de confiança para levar o mergulho no imaginário de cadeirante às últimas consequências. Não sei se aprenderia a ser tão dependente. Mas acabamos por apreciar receber a solidariedade dos amigos e agregados. A lesão no joelho esquerdo não me leva ainda a movimentar em cadeira de rodas. Coxo, mas ainda bípede.

Nossa família está muito empenhada em que o mestre Arnaud continue ativo, para superar as sequelas do acidente vascular cerebral. Ele já se vira na cama, levanta, senta-se na beira da cama e vai progredindo, com o encorajamento adequado dos familiares. Vejo que logo ele aprenderá o suficiente para necessitar de pouca assistência.

Apêndice consolador: Arnaud Costa já dita suas crônicas aos filhos. A mente lúcida lembra fatos passados, entusiasta e esperançoso como sempre foi.  

Um comentário:

  1. Oi Fábio: Você está com bom aspecto. Ou melhor está mostrando sangue "nas ôreias e nos beiço", segundo Zeamérico é sinal de saúde. Portanto, não se agoire sentando nessa cadeira de rodas. Pule dai rapidamente, deixe a "dita cuja" para quem não pode viver sem ela.
    Um bom dia, uma semana excelente e tudo mais que se possa enquadrar no adjetivo - bom. Lourdinha

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