VIVA O GORILA!
Fábio Mozart
Quero fazer um poema fragmentado
grosseiro, vulgar e incivil,
dissidente, herege e pedante
como a afetação dos sério-cômicos sociais.
grosseiro, vulgar e incivil,
dissidente, herege e pedante
como a afetação dos sério-cômicos sociais.
Quero fazer um poema doente,
redundante, pequeno e inimigo,
um poema feito de cacos
de dentes apodrecidos
e enfeitá-lo com distintivos oficiais.
redundante, pequeno e inimigo,
um poema feito de cacos
de dentes apodrecidos
e enfeitá-lo com distintivos oficiais.
Quero rasgar um poema safado,
absurdo, estúpido e enorme,
com buracos desse tamanho
escarrando no olho do lírico.
absurdo, estúpido e enorme,
com buracos desse tamanho
escarrando no olho do lírico.
Quero editar um poema manchado
com o sangue de um lazarento
e sujá-lo com honras militares.
com o sangue de um lazarento
e sujá-lo com honras militares.
Quero escrever um poema ridículo
e vendê-lo a preços módicos
nas trincheiras da civilização cristã.
e vendê-lo a preços módicos
nas trincheiras da civilização cristã.
Quero lavrar um poema decadente,
paulatinamente podre,
bombasticamente bosta,
inexoravelmente néscio,
monumentalmente miséria
e ofertá-lo em abundância
em qualquer ordem do dia
para a grandeza de nossa ferocidade
e glória da procedência primata.
paulatinamente podre,
bombasticamente bosta,
inexoravelmente néscio,
monumentalmente miséria
e ofertá-lo em abundância
em qualquer ordem do dia
para a grandeza de nossa ferocidade
e glória da procedência primata.
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