domingo, 31 de julho de 2011

POEMA DO DOMINGO (Hoje excepcionalmente com um mau exemplo)

Este pode ser considerado o pior poema da história dos relatórios policiais. A Corregedoria da Polícia devolveu a peça por absoluta falta de qualidade literária. Esse delegado é a vergonha dos poetas cordelistas. Vai ser ruim assim na Asa Norte, fela da gaita! Deveria ser preso por desacato à arte de versejar.

Inquérito policial relatado em versos pelo delegado Reinaldo Lobo, da 29a Delegacia do Riacho Fundo, no Distrito Federal, foi devolvido pela Corregedoria Geral da Polícia Civil do DF para receber novo relatório final, sob alegação de atecnia. 

"Manifesto a tristeza de ter um relatório final de um Inquérito Policial devolvido pela corregedoria porque fora feito em versos. Controle prévio é censura. Autonomia funcional implica autonomia intelectual", protestou o delegado.

Segue o relatório do delegado-poeta que, segundo ele, narrou todo o importante do caso concreto:

Inquérito Policial n.º 274/2011 – 29ª DP
Autor: Fabiano Alves dos Santos
Vítima: Reginaldo Chagas da Silva
Incidência: art. 180, caput, do Código Penal

R E L A T Ó R I O

Já era quase madrugada
Neste querido Riacho Fundo
Cidade muito amada
Que arranca elogios de todo mundo
O plantão estava tranqüilo
Até que de longe se escuta um zunido
E todos passam a esperar
A chegada da Polícia Militar
Logo surge a viatura
Desce um policial fardado
Que sem nenhuma frescura
Traz preso um sujeito folgado
Procura pela Autoridade
Narra a ele a sua verdade
Que o prendeu sem piedade
Pois sem nenhuma autorização
Pelas ruas ermas todo tranquilão
Estava em uma motocicleta com restrição
A Autoridade desconfiada
Já iniciou o seu sermão
Mostrou ao preso a papelada
Que a sua ficha era do cão
Ia checar sua situação
O preso pediu desculpa
Disse que não tinha culpa
Pois só estava na garupa
Foi checada a situação
Ele é mesmo sem noção
Estava preso na domiciliar
Não conseguiu mais se explicar
A motocicleta era roubada
A sua boa fé era furada
Se na garupa ou no volante
Sei que fiz esse flagrante
Desse cara petulante
Que no crime não é estreante
Foi lavrado o flagrante
Pelo crime de receptação
Pois só com a polícia atuante
Protegeremos a população
A fiança foi fixada
E claro não foi paga
E enquanto não vier a cutucada
Manteremos assim preso qualquer pessoa má afamada
Já hoje aqui esteve pra testemunhá
A vítima, meu quase chará
Cuja felicidade do seu gargalho
Nos fez compensar todo o trabalho
As diligências foram concluídas
O inquérito me vem pra relatar
Mas como nesta satélite acabamos de chegar
E não trouxemos os modelos pra usar
Resta-nos apenas inovar
Resolvi fazê-lo em poesia
Pois carrego no peito a magia
De quem ama a fantasia
De lutar pela Paz ou contra qualquer covardia
Assim seguimos em mais um plantão
Esperando a próxima situação
De terno, distintivo, pistola e caneta na mão
No cumprimento da fé de nossa missão
Riacho Fundo, 26 de Julho de 2011

Del REINALDO LOBO
63.904-4

Um comentário:

  1. Oi Fábio: Assim que li, no blog do Tião, esse arremedo de poesia popular, recomendei que o autor fosse aprender a versejar com Miguezim de Princesa. Agora vejo que acertei na condenação à simulação de Cordel desse cara que, na informação do Tião, é Juiz de Direito. Seja o que for sua rima é pobre e feia.

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