Cartaz chinês de apoio à luta dos povos oprimidos do mundo |
Não vou fazer literatura com a miséria alheia nem tentar fazer acreditar que fora da caridade não tem salvação, como querem os espíritas kardecistas. Meu negócio aqui é jogo de palavras e, como é o caso, mostrar conjugação de fatos históricos coincidentes. É que no dia dos povos oprimidos comemora-se também o Dia da Libertação Nacional da Nicarágua, em 19 de julho.
Caridade, opressão e libertação. A seqüência da equação não é arbitrária. Pode ficar também assim: opressão, caridade e libertação. As populações negras no Brasil jamais foram libertadas. Vivem a humilhação secular de ser cidadãos de segunda classe no país racista que é o Brasil.
No dia da caridade, em alguma esquina imunda desse país, o delinquente juvenil aponta sua faquinha para o peito do playboy: “Não quero mais sua merda de esmola, vou furar seu peito pra roubar sua jóia, vou enquadrar sua mina, te amarrar e jogar fogo”.
Um dia, antes de se tornar o pelego de luxo que é hoje, Luiz Ignácio Lula da Silva berrou na cara do patrão: “Eu não quero esmola, quero é um salário digno”. No dia da caridade, a madame poderá ouvir com asco o moleque do Hip Hop cantando de forma transgressora seus conteúdos escandalosos, sem perceber que o rapazinho de boné e bermudão está alargando as fronteiras da estética e partindo para uma libertação que ele nem sonha o que significa, tomando de empréstimo o refrão e o jeitão dos negros americanos.
Tendo sido sensível a todas as formas de caridade, os povos oprimidos do Nordeste brasileiro já tomaram o leite podre da “Aliança para o Progresso” para escapar às maquinações do comunismo internacional e abrir a alma para os desígnios industriais do capitalismo periférico.
No dia da caridade, toda força aos povos oprimidos e viva a libertação nacional da Nicarágua!
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