Erasmo Souto
Tendo acordado às duas horas da manhã, Cabo Generino resolveu tomar ar fresco no terreiro da sua casa. Dor de cabeça dos seiscentos diabos! O porre de aniversário do compadre Terêncio tinha sido de lascar. Lembra-se do acontecido somente até a oitava dose de conhaque.
Manhã de inverno sertanejo, madrugada belíssima com arvoredo deslumbrante, mas Terêncio nem nota. Está irritado e, pra completar, aquele bombo fazendo-o estremecer da nuca ao dedão do pé. Forró na casa de Zé Cirilo. Sanfona tocando, zabumba ressoando e a dor de cabeça virada na porra.
- Acorda, Bastião... – grita dirigindo-se ao parrudo soldado estirado na rede.
- Às ordens, Cabo... responde o meganha em posição de continência.
- Home, pelamor de Deus vai na casa de Cirilo e pede pra ele acabar o forró.
- E se ele num quiser, Cabo!
- Fure o zabumba que o forró termina.
E lá se foi o soldado com a missão. Mas logo está de volta:
- Chefe, falei com Cirilo. Ele disse que num para não. É que a festa tá muito animada. Num tive coragem de furar o bombo...
- Cabra frouxo! Deixe que vou estraçaiar aquele miserável. Quitéria, traz a minha peixeira!
Com a faca de doze polegadas nos quartos, Cabo Generino segue para o forró. Bastião vai atrás disposto a defender o abufelado superior. Cerca de dez minutos depois, ainda morrendo de dor de cabeça, o Cabo retorna a sua casa e é interpelado pela mulher:
- Tu num fosse furar o bombo? O forró num parou não...
- Quitéria, minha filha, deixe aquele povo brincar. Adivinha quem tá
tocando no zabumba?
- Sei lá...
- Pois num é o cumpadre Lampião!
(Do livro SENVEIGONHICE DE MATUTO(a) a ser lançado daqui a uma eternidade e mais 15 dias)
Manhã de inverno sertanejo, madrugada belíssima com arvoredo deslumbrante, mas Terêncio nem nota. Está irritado e, pra completar, aquele bombo fazendo-o estremecer da nuca ao dedão do pé. Forró na casa de Zé Cirilo. Sanfona tocando, zabumba ressoando e a dor de cabeça virada na porra.
- Acorda, Bastião... – grita dirigindo-se ao parrudo soldado estirado na rede.
- Às ordens, Cabo... responde o meganha em posição de continência.
- Home, pelamor de Deus vai na casa de Cirilo e pede pra ele acabar o forró.
- E se ele num quiser, Cabo!
- Fure o zabumba que o forró termina.
E lá se foi o soldado com a missão. Mas logo está de volta:
- Chefe, falei com Cirilo. Ele disse que num para não. É que a festa tá muito animada. Num tive coragem de furar o bombo...
- Cabra frouxo! Deixe que vou estraçaiar aquele miserável. Quitéria, traz a minha peixeira!
Com a faca de doze polegadas nos quartos, Cabo Generino segue para o forró. Bastião vai atrás disposto a defender o abufelado superior. Cerca de dez minutos depois, ainda morrendo de dor de cabeça, o Cabo retorna a sua casa e é interpelado pela mulher:
- Tu num fosse furar o bombo? O forró num parou não...
- Quitéria, minha filha, deixe aquele povo brincar. Adivinha quem tá
tocando no zabumba?
- Sei lá...
- Pois num é o cumpadre Lampião!
(Do livro SENVEIGONHICE DE MATUTO(a) a ser lançado daqui a uma eternidade e mais 15 dias)
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