O RÁBULA FALA DE CÁTEDRA
(Ao meu pai, Arnaud Costa)
Fábio Mozart
O condenado que é privado de viver
Como um decente e respeitado ser humano,
Os párias tristes, meretrizes, mundo insano
Que o nascer-contravenção põe a perder,
Os deserdados, nessa torpe condição
De resistir, mesmo que o Foro lhes delate,
E a justiça carcomida fira e mate,
“Prisão perpétua e mais dois de reclusão”
Além de provas, contra-provas, leis, ação
Penal, e o mais que a “máquina” vil inventa,
Tem o causídico, o rábula que sustenta
Tênues defesas de um mundo em podridão.
Se réu confesso, inconfesso ou revel,
Tem dele o rábula imagem mais perfeita,
Pois da seara miserável faz colheita
E dessa seita de apenados rasga o véu.
Conhece o rábula do seu constituinte
As chagas doloridas, o viver de cão;
Para tais vítimas o direito é vão
E a física prisão é mais que um acinte.
Não isenta de pena a tal sociedade,
Os criminosos que são seu produto,
Mas não detém, por baixo desse induto,
O defensor em busca da verdade.
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