Hoje, 30 de abril, é o Dia do Ferroviário, criado pela Lei Federal 2.061 de 13 de abril de 1953. Dois anos depois eu vim ao mundo, e 21 anos depois entrei para trabalhar na Rede Ferroviária Federal no cargo de rádio-telegrafista. Mas fiz de tudo na estrada de ferro: fui bilheteiro, chefe de estação, manobrador, maquinista, despachante de mercadorias e telefonista.
A rede ferroviária foi extinta e com ela grande parte dos trabalhadores ferroviários. A estrada de ferro deixou museus, bibliotecas, arquivos, coleções e acervos, prédios históricos, monumentos, locomotivas, vagões, logradouros e sítios. Quase tudo está abandonado. Ajudei a salvar o prédio da estação de Mari, onde terminei meus dias como ferroviário. Hoje lá funciona uma rádio comunitária. Em Sapé, sem ter quem a defendesse, a estação foi demolida pela Prefeitura (desenho maior). Em Itabaiana, a velha estação foi criminosamente desfigurada e entregue a particulares.
No dia do ferroviário, só posso lembrar dos bons tempos dessa modalidade de transporte, e ressaltar a riqueza cultura ligada ao patrimônio imaterial do trem de ferro. O patrimônio imaterial abrange as mais variadas manifestações populares que contribuem para a formação da identidade cultural de um povo. Nem isso foi preservado.
O Ponto de Cultura Cantiga de Ninar vai apresentar hoje o documentário “Incelência para um trem de ferro”, curta-metragem de Vladimir Carvalho, produzido em 1972. O filme conta a história do Trem de Ferro que cortava os sertões do Nordeste nos anos 50, partindo do momento em que a velha locomotiva é recolhida pelo Museu do Açúcar, no Recife, 30 anos depois. Depoimentos de Luís da Rosa Oiticica, usineiro e diretor do Museu do Açúcar, e do maquinista Joaquim Batista Ferreira.
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