Aviso aos meus leitores e
leitoras que a vida destrói muitas coisas, porém arranja outras tantas, e que
estou de quarentena devido a um acidente sofrido. Depois eu conto detalhes. Por
enquanto, sem poder teclar, reprisando velhas crônicas marcantemente
interessantes.
Saudades da minha ruazinha
esquecida no subúrbio da cidadezinha idem, onde todos se conheciam e a dor dos
outros era nossa também. Aqui, só recebi a visita do oficial de Justiça para
informar que fui condenado a pagar cinco mil pilas por um mal entendido
qualquer. Com firmíssimo propósito de não pegar grana emprestado ao agiota para
pagar essa dívida infame, entrarei com recurso no Tribunal. Depois eu conto essa
também.
Saio do muro das lamentações
para saudar os candidatos a prefeito de Itabaiana, os quais se comportaram
muito bem na reunião promovida pelo Ponto de Cultura Cantiga de Ninar,
consoante tive oportunidade de saber. Estudantes, poetas, artistas, trabalhadores,
boêmios, gente do povo, muitos foram à Câmara ouvir os candidatos. O encontro
foi histórico.
Meu compadre Marcos Veloso
foi o Mestre de Cerimônia da reunião com os candidatos. Foi ele também portador
de exemplar do livro “Lira dos quarenta anos” que meu compadre Antonio Costa
gentilmente autografou para mim. Um pensador romântico escreveu que “todo
brasileiro é poeta aos vinte anos”. Com duas vezes essa idade, Costa é duas
vezes poeta. Mesmo porque sua veia poética só se revelou tardiamente, e o homem
não pára de progredir artisticamente. Imagino a qualidade do trabalho de
Antonio aos sessenta. Será um consagrado trovador. Possui suficiente capacidade
para “poetar”, no varejo e por atacado.
Eu, um relés versejador
patológico, não nasci para compor, mas pura e simplesmente cultuar a poesia.
Encerro, antes que o
digitador não atenda mais nenhum verbo ou frase feita, chateado que se mostra
com a tarefa e eu mande o cara catar coquinho. Evitando, assim, recíprocos
constrangimentos, acabo a carta de hoje, esperando estar melhor amanhã para
falar do acidente e suas consequências.
Adiantando que é deveras lastimável ter que ser socorrido em uma
emergência de hospital público por conta do malfadado Sistema Único de
Saúde. Tem a ver com a frase de Pedro
Osmar que dá título a esta carta. Depois explico melhor.
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