sábado, 7 de julho de 2012

A arte de aturar bêbado



Bar Luzeirinho em Jaguaribe, um dos mais famosos botecos da João Pessoa dos anos 60/70, na avenida Vasco da Gama. Nesse bar de intelectuais, o garçom mais famoso era Zé, esse moço grisalho que aparece aí ao lado do velho Leão na porta do seu bar. Mas, hoje Zé não serve no Luzeirinho, que fechou as portas. Ele tem seu próprio bar. Quarenta anos de profissão servindo todo tipo de gente.
Não conheci o Luzeirinho. Como era esse bar? Zé conta que era um lugar de pouco requinte, mas muito famoso pela qualidade dos seus bêbados, indo do poeta Ronaldo Cunha Lima ao carnavalesco Livardo Alves, do poeta Caixa D’água ao intelectual Martinho Moreira Franco, do ator Sávio Rolim à poeta Violeta Formiga, do escritor Nelson Coelho ao tribuno maluco Mocidade.  A todos Zé servia, com um sorriso e paciência de quem nasceu para ser garçom.
Hoje, o bar do Zé ainda serve a cerveja gelada e o caldinho, marca registrada do Luzeirinho. Jaguaribe é que decaiu. Como bairro que perde aos poucos seu charme e sua pujança cultural, não é mais morada de um Pedro Osmar, de um Adeildo Vieira, artistas que faziam a diferença na vida social e cultural do bairro. A freguesia do bar de Zé reflete essa decadência. O único sobrevivente do Luzeirinho é o velho Rui, que toma seu uísque diariamente todas as tardes e leva dois dedos de prosa com Zé.  
Outro garçom era o gordo Antonio, conta Zé. Eles serviam o melhor picado de porco da cidade, às quartas e sábados. Rapariga não entrava no Luzeirinho. Só se fosse acompanhada por algum figurão, de deputado pra cima. Mulher sozinha, nem pensar. Aliás, o Luzeirinho era um bar de homens. Só as mulheres muita avançadas para sua época, como Violeta Formiga, tinham coragem de ocupar uma mesa e conversar com seus amigos em pé de igualdade.




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