Bar
Luzeirinho em Jaguaribe, um dos mais famosos botecos da João Pessoa dos anos
60/70, na avenida Vasco da Gama. Nesse bar de intelectuais, o garçom mais
famoso era Zé, esse moço grisalho que aparece aí ao lado do velho Leão na porta
do seu bar. Mas, hoje Zé não serve no Luzeirinho, que fechou as portas. Ele tem
seu próprio bar. Quarenta anos de profissão servindo todo tipo de gente.
Não
conheci o Luzeirinho. Como era esse bar? Zé conta que era um lugar de pouco
requinte, mas muito famoso pela qualidade dos seus bêbados, indo do poeta
Ronaldo Cunha Lima ao carnavalesco Livardo Alves, do poeta Caixa D’água ao
intelectual Martinho Moreira Franco, do ator Sávio Rolim à poeta Violeta
Formiga, do escritor Nelson Coelho ao tribuno maluco Mocidade. A todos Zé servia, com um sorriso e paciência
de quem nasceu para ser garçom.
Hoje,
o bar do Zé ainda serve a cerveja gelada e o caldinho, marca registrada do
Luzeirinho. Jaguaribe é que decaiu. Como bairro que perde aos poucos seu charme
e sua pujança cultural, não é mais morada de um Pedro Osmar, de um Adeildo
Vieira, artistas que faziam a diferença na vida social e cultural do bairro. A
freguesia do bar de Zé reflete essa decadência. O único sobrevivente do
Luzeirinho é o velho Rui, que toma seu uísque diariamente todas as tardes e
leva dois dedos de prosa com Zé.
Outro
garçom era o gordo Antonio, conta Zé. Eles serviam o melhor picado de porco da
cidade, às quartas e sábados. Rapariga não entrava no Luzeirinho. Só se fosse
acompanhada por algum figurão, de deputado pra cima. Mulher sozinha, nem
pensar. Aliás, o Luzeirinho era um bar de homens. Só as mulheres muita
avançadas para sua época, como Violeta Formiga, tinham coragem de ocupar uma
mesa e conversar com seus amigos em pé de igualdade.
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