Dolfo, ídolo do União e carnavalesco de Itabaiana |
MANGUEIRA
Houve uma
época em que o Mangueira Futebol Clube de Entroncamento apresentava a seguinte
formação no velho esquema quatro/dois/quatro: Catatau, Enxuga o Rato, Catoco,
Barata e Bolo Fofo; Batata e Camelo; Mão de Onça, Papagaio, Bonito e Piaba. Na
reserva: Caranguejo, Luiz da Gata, Sardinha, Marimbondo e Foguetão. Técnico,
Pai Véi. Auxiliar: Jacaré. Massagista: Cobra. Árbitro: Bodeiro. O dono das
camisas do time era Zé de Biu de Nena.
Lembramos de um goleiro que defendia o Botafogo da Maloca, time de Zé Dudu, figura folclórica de Itabaiana. O nome da fera: Cheio de Pernas. Por que Cheio de Pernas? É que existiu um goleiro russo chamado Lev Ivanovich Yashin, apelido Aranha Negra, que disputou as copas de 1958, 1962, 1966 e 1970, considerados por muitos, o melhor goleiro do mundo. Por gozação, começaram a chamar o nosso humilde goleiro de Aranha Negra. Ele não gostou do apelido, mesmo sendo cientificado da origem nobre do nome. Para resolver a pendenga, ele mesmo simplificou: “Nem aranha e muito menos negra. Podem me chamar de Cheio de Pernas, que aranha é um bichinho danado pra ter pernas”. Pronto, ficou o auto-apelido.
Seleção de Itabaiana foi jogar com a seleção de Solânea, no brejo da Paraíba, lugar muito frio. No dia do jogo, os rapazes de Itabaiana, acostumados com o calor brabo da sua terra, batiam os dentes com a baixa temperatura. Alguém providenciou uma garrafa de conhaque São João da Barra. No vestiário, os jogadores tomaram dois dedos da bebida para esquentar. O goleiro reserva Cheio de Pernas ficou tomando conta do litro do conhaque. Quando já estava avinhado, o goleiro titular machucou-se. Convocado para substituir o atleta machucado, Cheio de Pernas entrou em campo e cochichou no ouvido de Toinho de Chico Veiga, o guarda-valas titular:
--- E aí, dá pra tu continuar não? Sabe aquele litro de conhaque? Tomei tudinho. Tou bebinho da silva! É melhor tu com a munheca doendo do que eu vendo duas bolas.
--- Cheio de Pernas, tu és um filho-da-puta! Como é que tu faz um negócio desses comigo?
Cheio de Pernas voltou pro banco e com a cara mais limpa do mundo, (nem tanto), disse ao técnico que o goleiro podia continuar.
CHEIO DE PERNAS (3)
O melhor batedor de faltas de Itabaiana, na época, era o famoso Naná. Além de ótimo cabeceador, colocava a bola onde queria. Falta perigosa na entrada da área em jogo do Botafogo da Maloca e Vila Nova. No gol do Bota, Cheio de Pernas ajeitando a barreira deu um grito:
--- Ô Zeca, fica de frente pra bola!
Zeca respondeu:
--- E tu acha que eu vou perder de ver o gol de Naná?
NANÁ (1)
O nome
dele era Arnaldo Almeida, um meia armador técnico, de grande talento, que
faleceu na flor da idade, vítima de acidente de automóvel. Revelado no Vila
Nova de Itabaiana, jogou no Treze de Campina Grande e no Botafogo da Paraíba.
Naná, como era conhecido, veio da dinastia de Sivuca, de quem era sobrinho,
membro do clã de Campo Grande, terra de grandes artistas e esportistas.
NANÁ (2)
Naná era
amador no Vila Nova e apaixonado pelo seu clube. Jogava com o coração, brigava
pelo time, discutia com a torcida de dentro do campo. Quando fazia um gol
contra o rival União, corria para a “barreira”, local de concentração da
torcida do União, e desafiava:
--- Fala
agora, barreira!
MANOEL
CALU (1)
Manoel
Calu era um zagueiro perna-de-pau, jogador do segundo time do União Sport Clube
de Itabaiana. No vestiário, o técnico terminava a preleção tentando animar o
time:
--- E não
esqueçam, são onze contra onze, a bola é redonda para todos. Menos pra Manoel
Calu...
MANOEL
CALU (2)
Cidadão
de bem, mas muito enfezado, Manoel Calu vestia seu uniforme e chuteiras no dia
anterior ao jogo e dormia equipado. Passava dois dias sem tomar banho. O fedor
espantava os adversários. Era seu handcap,
seu truque.
UM TIME
DO OUTRO MUNDO
Luiz
Bocão comprou sua primeira TV na Copa do Mundo de 1970. Nos dias de jogo do
Brasil, sua casa virava arquibancada. Amigos e parentes torcendo pela super
seleção de Zagalo. As transmissões de futebol inauguravam a tecnologia do
“replay”, a repetição das jogadas. Quando o Brasil marcava um gol e a TV
passava o “replay”, Luiz Bocão gritava, eufórico:
--- Isso
é que é um time, é um gol atrás do outro!
VAQUEIRO
Vaqueiro
foi um volante do União na década de 40/50. Acostumado a correr atrás de boi
nos terrenos inóspitos da caatinga, disputava as partidas descalço. Obrigado
pela regra a usar o equipamento, seu futebol não rendia a metade. Virava um
atleta comum. Na hora do aperto, tirava as chuteiras e “comia a bola”.
PÁSSARO
MAGRO
O nome do
cara é Passo Mago, famoso meia do Botafogo da Maloca. Entregue ao departamento
médico, foi se consultar com Dr. Pires na Casa da Mãe Pobre, ambulatório do
povo humilde dos bairros Maloca e Cochila, em Itabaiana. Dr. Pires era um médico
que primava pelo idioma, seguindo à risca as regras da gramática e do bem
falar.
--- Bom
dia senhor Pássaro Magro. O que está sentindo?
---
Oxente, doutor, quem é Pássaro Magro? Eu sou Passo Mago!
(Do livro inédito
“Fatos pitorescos do futebol”, de Arnaud Costa)
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