Antiga estação ferroviária de Sapé, demolida por um prefeito sem noção |
Depois de ver exterminada a
ferrovia da Paraíba e do Nordeste, pergunto-me se ainda existe motivo para
assinalar o dia do ferroviário. Não tenho o que escrever sobre o ferroviário,
apenas lembranças do meu tempo de trabalhador da linha férrea.
Fui ferroviário por 25 anos.
Houve época em que fui bilheteiro de trens de passageiros, agente de pátio,
telegrafista, manobrador, auxiliar de agente de estação e eventual maquinista. Da
minha geração, todos foram demitidos ou aposentados.
A ferrovia acabou, ela que
foi a segunda maior rede do mundo em tempos idos. Nesses anos todos, a ferrovia
construiu uma cultura que é preciso preservar. As causas do desaparecimento dos
trens são várias, mas a maior, eu acho, é nossa dependência econômica das
nações poderosas. Um país continental como o nosso não poderia prescindir do
trem.
O trem fez nascer cidades e
vilas, ajudou a desenvolver o interior do país. Em 1858, o trem surgiu no
Nordeste e foi um dos maiores fatores de desenvolvimento da região. O governo
Collor, com sua proposta neoliberal, começou a privatizar a ferrovia, aliás,
deu de graça os ramais. Depois de alguns anos, não temos mais ferrovia nenhuma,
virou pó um patrimônio imenso, liquidado em 1999, ano em que deixei a Rede
Ferroviária Federal.
Parabéns, pelo dia e por outras.
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