segunda-feira, 30 de abril de 2012

Dia do ferroviário


Antiga estação ferroviária de Sapé, demolida por um prefeito sem noção

Depois de ver exterminada a ferrovia da Paraíba e do Nordeste, pergunto-me se ainda existe motivo para assinalar o dia do ferroviário. Não tenho o que escrever sobre o ferroviário, apenas lembranças do meu tempo de trabalhador da linha férrea.

Fui ferroviário por 25 anos. Houve época em que fui bilheteiro de trens de passageiros, agente de pátio, telegrafista, manobrador, auxiliar de agente de estação e eventual maquinista. Da minha geração, todos foram demitidos ou aposentados.

A ferrovia acabou, ela que foi a segunda maior rede do mundo em tempos idos. Nesses anos todos, a ferrovia construiu uma cultura que é preciso preservar. As causas do desaparecimento dos trens são várias, mas a maior, eu acho, é nossa dependência econômica das nações poderosas. Um país continental como o nosso não poderia prescindir do trem.

O trem fez nascer cidades e vilas, ajudou a desenvolver o interior do país. Em 1858, o trem surgiu no Nordeste e foi um dos maiores fatores de desenvolvimento da região. O governo Collor, com sua proposta neoliberal, começou a privatizar a ferrovia, aliás, deu de graça os ramais. Depois de alguns anos, não temos mais ferrovia nenhuma, virou pó um patrimônio imenso, liquidado em 1999, ano em que deixei a Rede Ferroviária Federal.

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