Eu me preparando para fazer o papel de mim mesmo, telegrafista ferroviário, no filme de Marcos Veloso |
Alguém me apontou como um cara do alternativismo, figurinha do universo underground, um sujeito da cultura independente. Sou nada! Dependo de patrocínio para ocupar meu humilde espaço. Não faço parte da comunidade dos “loucos” que produzem e resistem sem precisar de dinheiro estatal. Ou de dinheiro algum.
Admiro a força de vontade de um Marcos Veloso, de um Jacinto Moreno, criadores que fazem cinema sem captar o dinheiro da produção. Lidando com orçamento zero, os meninos fazem um cinema precário, não resta dúvida. Eles escrevem e montam seus filmes contando com a ajuda dos amigos.
Sem precisar se preocupar em pagar técnicos, atores, maquiagem ou equipamento (ele filmou com uma câmera do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar), Marcos Veloso não gastou dinheiro com quase nada para fazer seu filme de estréia, “Bem me quer, mal me quer”, a ser lançado no dia 25 de maio no Espaço Cultural São Francisco, em João Pessoa. “É possível filmar sem dinheiro algum. Mas nós estouramos o orçamento porque tive que comprar pão e mortadela para o lanche dos atores”, disse Marcos.
No elenco, Jacinto Moreno e Ednalva Farias. O diretor Marcos Veloso é humilde, não se considera um cineasta. “Sou apenas um cara com uma câmera, um computador e uns companheiros que embarcam comigo nessa brincadeira de fazer vídeo de ficção sem nenhum dinheiro”. Ele se diz inspirado por Jacinto Moreno, seu colega de aventuras audiovisuais. Jacinto é veterano nesse negócio de trabalhar sem grana. Ele opera a câmera, atua e edita seus filmes. No início, a edição era feita de um videocassete para o outro. Só muito depois ele adquiriu um computador onde montou sua ilha de edição.
Ednalva Farias e Adriana Felizardo são as atrizes fixas do elenco dos dois realizadores lisos. “Trabalhamos na base do 0800 porque gostamos de fazer cinema e porque gostamos mais ainda de Jacinto e Marcos”, diz Adriana. Para Veloso, realizar seu primeiro filme a custo zero é uma forma de dizer às pessoas que é possível fazer as coisas, mesmo sem recurso algum. “Para as pessoas desmotivadas, a gente serve de exemplo”, diz ele.
Fábio Mozart viaja no sonho dos cineastas, de uma forma ou de outra. Eu participo dos filmes com críticas construtivas e até fazendo parte do elenco. Agora mesmo me prestei ao papel de telegrafista ferroviário para o mais recente projeto cinematográfico de Marcos Veloso e Jacinto Moreno, um filme que vai contar a história de vida do cangaceiro Antonio Silvino. Todo mundo se sente especial por alguma coisa, mesmo que mínima. Eu quero anotar este recorde pessoal: serei um ator em um filme de média metragem que teve orçamento zero. Já é alguma coisa!
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