Eu com meu chapéu de cantador de xote, dono do meu universo imaginário, mas sem controle sobre os demais cantadores |
Minha sorte está pouco favorável. Não só não fui a Aparecida como não terei ninguém para defender minha música no Festival do Ponto de Cultura Acahuan. Infelizmente, o cantor Túlio Melo alegou motivos particulares para não viajar. Eu, com forte crise de amigdalite, estou também fora de cena. Pronto. A mágica de uma viagem que seria dos sonhos transforma-se em chateação e frustração.
Ocorre que neste sábado teremos dois eventos já dominantes no meu círculo de interesse: o lançamento do livro de Arnaud Costa em Mari, na Loja Maçônica, e a estréia do programa “Alô comunidade” na Rádio Tabajara AM, às 14h. Cada qual com minha participação e entusiasmo. Porque nessas ocorrências cumpre-se meu sonho de levar a voz do povo para a mídia e a ambição de perpetuar a obra do meu pai para a posteridade.
A cada novo projeto em que aplico minhas forças e vontade é como o momento inaugural. Já fiz muitas vezes aquilo, mas cada nova ocasião é como se fosse a primeira. Gosto disso, porque vejo que mantenho a sintonia fina do interesse e empenho pela vida. Passeio por esses momentos como quem anda fascinado por um mundo de sonhos.
Mas a realidade logo vem com seu rigor e sua crueza. Eu nem ligo para ela. Serei eterno arlequim, farsante, cínico e amante dos devaneios e sonhos. Não perco a pose, igual àquele Senhor de Engenho de que fala José Américo de Almeida: para salvar as aparências, o ex-ricão vinha a pé para a cidade de Areia, todo empoado, batendo o rebenque nas botas e tinindo as esporas. Vendeu o cavalo, mas não perdeu a pose.
A despeito disso, tenho que reconhecer: vida de pobre não é uma existência, é uma expiação.
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