Acho que vou tirar meu cavalinho da chuva

 Poeta e compositor Pedro Osmar (à direita) com poetas repentistas no Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, cujo trabalho tem o reconhecimento de diversos setores culturais da Paraíba

O Ponto de Cultura Cantiga de Ninar é mantido pela Sociedade Amigos da Rainha do Vale do Paraíba. Temos 28 sócios e nenhum deles paga qualquer tipo de mensalidade. A renda que obtemos para gerenciar o Ponto vem de contribuições de alguns amigos e de minhas parcas economias de aposentado, além de alguns eventos esporádicos.

Estamos devendo alguns meses de aluguel ao ex-secretário de cultura de Itabaiana, Pedro José da Silva, que quer receber, claro! E nós queremos e vamos pagar essa dívida. A renda obtida na Gincana Cultural com a venda dos meus livros foi destinada ao pagamento de alugueis atrasados da outra sede, na Galeria Lins, dívidas do ano passado, conforme se pode ver na prestação de contas publicada no blog do Ponto de Cultura (www.pccn.wordpress.com)

Soubemos que a sede da Sociedade Recreativa dos Trabalhadores estava para ser alugada. Procuramos o Presidente da entidade, Zenilton, ficando este a princípio interessado em locar o prédio, que antes servia de templo para uma igreja evangélica. Para o Ponto de Cultura seria ideal, porque teríamos mais espaço físico e condições de promover eventos de médio porte suficientes para manter este empreendimento sem fins lucrativos. Lá também seria instalada a Biblioteca Arnaud Costa, com mais espaço. 

Ocorre que forças ocultas mexeram o caldeirão da politicalha local e o pessoal da Sociedade dos Trabalhadores voltou atrás. Não vai mais alugar a sede para o Ponto de Cultura. Não sei se a “marcha a ré” foi por causa de minhas atitudes combativas e posições independentes. Ou teriam sido os poderes hegemônicos da politicagem local que temem a repercussão do trabalho educacional e cultural realizado no Ponto de Cultura? O certo é que não temos espaço físico para instalar nossa sede e eu cansei um pouco desse processo. Acho que vou tirar meu cavalinho da chuva. Para evitar problemas com pessoas por quem tenho respeito e para não acenar com perspectivas que não podem ser realizadas e frustrar os artistas e as crianças frequentadores de nossas oficinas e eventos culturais. 

Com a extraordinária competência perversa do seu espírito pragmático, tem político em Itabaiana que prefere “botar terra” em movimentos transformistas e progressistas que de alguma forma possam empanar o brilho falso de suas atividades. Não sei se é o caso, mas parece que o Ponto de Cultura de alguma forma incomodou os predadores do nosso futuro enquanto cidade que aspira a alguma coisa além da barbárie, da ignorância e falta de perspectiva.