Mídia paraibana é alvo de protesto de entidades do movimento social e popular
Setores ligados ao movimento de mulheres e das rádios livres e comunitárias, além de estudantes de comunicação, estão propondo organizar protestos públicos contra alguns programas radiofônicos e televisionados que “atentam contra a dignidade do ser humano e incitam o crime e o preconceito”. Jornalistas, comunicadores, blogueiros independentes e ativistas de rádios comunitárias estão propondo reunião para organizar protestos contra o que consideram “um verdadeiro desacato à nossa inteligência e aos nossos direitos”, por parte da imprensa paraibana.
O alvo maior dos protestos é o comunicador Anacleto Reinaldo (foto). “Os comentários de Anacleto Reinaldo, em geral, causam perplexidade àqueles que adotam um mínimo de criticidade ao assisti-lo”, afirmou Janaine Aires, jornalista e estudante de Relações Internacionais, membro do Observatório da Mídia Paraibana e militante do Coletivo COMjunto de Comunicadores Sociais.
“Na televisão ele ainda "pega leve. No seu programa de rádio é que ele fica à vontade pra botar pra fora toda sua ignorância e preconceito. Certa vez esse senhor, em seu programa de rádio, comentando um caso em que a mulher denunciou o marido por agressão e este foi preso com base na Lei Maria da Penha, começou a dizer no ar que essa Lei deveria se chamar "Maria da rapariga". Imaginem vocês um ‘comunicador’ ir ao ar pra falar uma coisa como esta!”, disse Fabiano, estudante de comunicação. “Liberdade de expressão não quer dizer falta de responsabilidade com o que se veicula, seja no rádio ou na TV. É preciso que alguém se responsabilize pelo que esses caras falam. Anacleto, Samuka, Mofi e muitos outros representam um retrocesso para a mídia paraibana”, finalizou.
“Este não será um ato ‘contra a imprensa’ visando ‘silenciar’ comunicadores popularescos. Muitos de nós somos jornalistas e sempre lutamos contra qualquer tipo de censura (do Estado ou dos donos da mídia), sempre defendemos uma imprensa livre, mas Anacleto, Mofi, Samuka, qualquer um desses, não é uma questão somente para os direitos humanos, mas para todos nós que não aguentamos e não aceitamos mais esse tipo de postura dos meios de comunicação. Não há ética, não há princípios, não há respeito”, acrescentou Fabiano.
A jornalista Rosa Varjão defende que se envie para o ao Ministério das Comunicações cópias de vários programas desse tipo. “Assim, estes órgãos ficam sabendo dos conteúdos dos programas que estão sendo veiculados nas rádios da Paraíba”. Mabel Dias, Coordenadora de Gênero da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária no Estado da Paraíba, também faz coro com os indignados em relação aos programas policiais veiculados nas rádios e TV. Para Zezé Béchade, assessora de comunicação. “Anacleto merece ser banido dos meios de comunicação, mas os culpados também são todos os envolvidos na produção e veiculação desse tipo de programa”.
“Precisamos agir, ou seja, reagir a estes caras de pau. Vamos nos mobilizar e ir às ruas contra esta mídia marrom. Ética não pode ser confudida com falsa liberdade de expressão e comunicação”, disse Fernanda Benvenutty, do movimento LGBT da Paraíba.
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