A sede do Espaço Nordeste em Gurinhém |
Gurinhém é um município localizado na microregião de Itabaiana, com pouco mais de 13 mil habitantes. O nome vem do Tupi Guarani, que significa “peixe gostoso”. Esse peixe devia nadar no rio Canta Galo que passa nos arredores da cidade. Gurinhém pertenceu ao município de Pilar, assim como Itabaiana, povoado pelos padres jesuítas que andavam atrás dos índios para catequizá-los, batizá-los e civilizá-los, isso por volta de 1820. Hoje, todo mundo é catequizado e batizado, mas a civilização, que é o estágio mais avançado da sociedade, foi prejudicada pelas distorções econômicas, políticas e culturais que depreciam este meu Nordeste até os dias que correm.
Diria que os esforços sempre são feitos pelas pessoas que de alguma forma acreditam na redenção das cidadezinhas desta minha Paraíba pela educação e cultura. Alguém de lá tomou a iniciativa de chamar para a comunidade o “Espaço Nordeste”, um projeto do Banco do Nordeste “que busca levar para a região programas de microcréditos urbano e rural, além de projetos culturais”. Na inauguração teve até apresentação de grupos regionais e da banda da Prefeitura.
Atraído por esse moído cultural, o infatigável Edglês Gonçalves esteve por lá para ver de perto os programas e atividades nas áreas de cultura do “Espaço Nordeste”. Ficou encantado. “Fui para orientar o meu trabalho com a cultura nas cidades de São José dos Ramos e Salgado de São Félix e percebi a evolução dessas pequenas comunidades no aspecto cultural”, disse ele.
Lá ele conheceu a biblioteca do projeto e a articuladora Marília Pinheiro. Falou do nosso Ponto de Cultura Cantiga de Ninar e de nossa (ainda) incipiente Biblioteca Comunitária Arnaud Costa. Marília ficou muito contente por saber que existe em Itabaiana projeto cultural deste nível. Itabaiana é uma espécie de cidade pólo da região, mas carente de equipamentos públicos culturais. Edglês prometeu levar o grupo de teatro para apresentações e os livros dos autores itabaianenses para a biblioteca do “Espaço Nordeste”.
Já dizia o professor Caju: “lutar contra a ignorância é como lutar contra a morte: inútil, porque ela sempre vence”. Mas, apesar de ser uma guerra já perdida, é necessária. Temos mais de quinhentos exemplares de bons livros em nossa biblioteca à disposição do público, mas raramente aparece uma alma para se ilustrar. Pessimista mesmo é o escritor baiano João Ubaldo Ribeiro quando fala de leitura: “No Brasil, não tem valor positivo ligado à leitura. Ninguém ganha prêmio por ler. Que motivação se tem para ler? Diversão não é mais, que tem o vídeo game, a internet e tal. O que leva um jovem a ler? Nada”.
De um jeito ou de outro, é nosso dever semear livros. Para perplexidade de muita gente, eu consegui vender mais de 300 exemplares do meu livro “A Voz de Itabaiana e outras vozes” na praça itabaianense. Não sei se vai servir para ler, para embrulhar peixe ou para enfeitar estante, mas que vendi, vendi!
A propósito, recebi o seguinte recado do meu compadre Dema Azevedo, ex-vice-prefeito de Itabaiana:
“Fábio:
As vezes achamos que o mal irá prevalecer. Mas, a forma de combatê-lo é perseverar fazendo o bem. Não desista. Fazer o certo em Itabaiana é realmente difícil, porque aqueles que usam o poder em benefício próprio são muito combativos. Que os que trabalham em benefício do coletivo desistam, é tudo que eles querem. Você tem feito um trabalho importante em prol daqueles sem voz e vez, só nos resta apoiá-lo. No que depender de mim, pode contar”.
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