O leitor Carlos Alberto Malta Ribeiro mandou dizer, a respeito da crônica sobre gestão pública em Itabaiana: “O que falta para afastar esses políticos canalhas é o povo de Itabaiana criar vergonha na cara e colocar no poder pessoas que tenham honestidade , dignidade e caráter para lidar com o dinheiro público”.
Meu compadre Carlos Alberto, sabe-se que a maioria dos políticos brasileiros é corrupta. De onde vieram? Do povo. Os administradores safados, os funcionários públicos desonestos, de onde vieram? Do povo. Nós, brasileiros, somos adeptos da velha lei de Gerson. Quem não sabe, Gerson é aquele jogador da seleção que fazia propaganda de cigarro na TV com o chavão: “eu gosto de levar vantagem em tudo”.
É assim que se comporta o brasileiro em geral. Se der, a gente fura a fila, dá toco ao guarda de trânsito, arruma boquinha pra faturar fácil, adora comprar muamba sem nota fiscal e mente na declaração do imposto de renda. O que se espera de representantes de um povo assim?
Ribeiro quer pessoas honestas, dignas e de caráter para gerenciar a sua cidade. É um desejo normal. Se eu tenho uma loja, quero para meu gerente uma pessoa assim, que não me roube nem deixe surrupiarem meu patrimônio. E que seja competente, acima de tudo. Na iniciativa privada, a gente faz seleção de pessoal. Na esfera pública, infelizmente não temos muitas opções. Afinal, qual a pessoa honesta, digna e de caráter que teria coragem de se meter no jogo sujo da política? Tem poucas exceções. O eleitor é que tem a missão de selecionar os mais capazes e dignos.
Espero sinceramente que Itabaiana tenha uma opção decente para a próxima seleção do seu administrador. Deveria ter uma lei do recall político: o cara que não estivesse agradando como gestor público, receberia cartão vermelho da população em plebiscitos anuais.
Você já ouviu falar de um prefeito honesto em Itabaiana? Eu conheci um. Chamava-se Everaldo de Morais Pimentel. Meu pai Arnaud Costa narra um episódio que diz bem do caráter do Dr. Everaldo. Quando assumiu o cargo, arrumou uma verba para renovar a rede elétrica da cidade, e para isso abriu licitação, ganhando uma firma do Recife, que deveria fornecer os postes. Ao chegar na dita empresa, Dr. Everaldo foi levado ao escritório do gerente, que apresentou as notas fiscais e demais documentos para a transação, enquanto os postes já estavam sendo colocados nos caminhões. Em dado momento, o gerente cochichou:
-- Olhe, é praxe da casa, em casos como esse, dar 5 por cento de comissão para o prefeito que nos honrou com sua preferência. Já está tudo embutido nas notas fiscais e recibos.
-- Pois então mande descarregar os caminhões, respondeu calmamente Dr. Everaldo. Isso é roubo, e não faço negócio com ladrões.
Ainda hoje ele é lembrado como um político honesto, mas na verdade não chegou a ser político. Entrou na vida pública por acaso, na chapa do prefeito Hugo Saraiva, cassado pelo golpe militar de 1964.
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