Rivaldo Bandeira (à direita) com seu irmão Zequinha Bandeira (Foto: Sto. Barroso)
Os tipógrafos eram trabalhadores letrados, e por isso politizados,
numa época em que o acesso a informações não chegava para a imensa maioria do
povo. A primeira greve de trabalhadores no Brasil foi da categoria dos
tipógrafos, no início de 1858. Eles reivindicavam aumento de um mil-réis por
dia e paralisaram os jornais cariocas. Sob a influência das ideias anarquistas
e socialistas, a classe dos tipógrafos se considerava como uma espécie de
aristocracia operária.
A greve dos tipógrafos, no final do século dezenove, teve como
consequência a demissão dos grevistas. Eles fundaram uma associação e passaram
a publicar seu próprio semanário, o Jornal
dos Tipógrafos, primeiro jornal alternativo do Brasil. Lembro desse
episódio histórico para celebrar os cinquenta anos do meu Jornal Alvorada, editado na cidade de Itabaiana do Norte, na gráfica
do mestre Rivaldo Bandeira.
Meu pai foi compositor na tipografia de Nabor Nunes Machado, em
Itabaiana. Era muito amigo do outro tipógrafo, Rivaldo Bandeira. Devido a
alguns ranços políticos, ele não aprovou minha ideia de editar um jornal. Recorri
à tipografia concorrente. O mestre Rivaldo Bandeira acolheu meu projeto
adolescente e ainda me ensinou a arte da tipografia. Fui iniciado como
impressor de manual, chapista e cortador. Nos anos seguintes, quase virei
gráfico de offset, mas acabei caindo
na estrada de ferro. Fui ganhar a vida correndo atrás de trem.
O corpo gráfico da tipografia de Rivaldo Bandeira era constituído
dele mesmo e do Ronaldo Brão, popular Sabugo.
Ronaldo Brão passou toda a vida trabalhando na oficina de Rivaldo, até a
morte deste. Quando o mestre Rivaldo desencarnou, deixou em testamento a
gráfica para seu devotado e constante colaborador.
Por meio de amigos em comum, entrei em contato no Facebook com a
doutora Eliane Pessoa Bandeira, filha do mestre Rivaldo. Morando atualmente em
Crateús, no Ceará, Dra. Eliane se diz colecionadora de memórias de sua terra e
estimou saber que sou filho de um amigo do seu pai. “Rivaldo Bandeira era um
humanista e democrata, dono de uma cultura muito acima de sua escolaridade. Sem
ser pedante, entendia de tudo. Conhecia o mundo sem jamais ter se ausentado de
Itabaiana. Era simpático aos conceitos comunistas, tinha ideário de igualdade”,
recorda Eliane.
Quando o corpo de Rivaldo Bandeira foi velado, seu gato Mimi permaneceu durante todo tempo ao lado do caixão. Acompanhou o cortejo até o cemitério e nunca mais voltou para casa.
Este relato sobre um homem de bem que passou a vida compondo,
paginando e imprimindo a crônica do melhor que temos em termos de dignidade e
racionalidade humana, vai dedicado aos profissionais técnicos em processos
gráficos, reportando a figura de Cassiano Hipólito Ribeiro dos Santos, um dos
primeiros operários gráficos deste jornal A
União, único jornal oficial ainda existente no Brasil, conforme notifica a Wikipédia. Quando for erigido o museu da
imprensa paraibana, é de justiça que os nomes dos mestres Cassiano e Rivaldo
Bandeira venham a constituir esse acervo, com a distinção que merecem.
Muito me honra esta homenagem ao mestre Rivaldo Bandeira, meu Pai. Um Homem como poucos. Mestre da arte Gráfica,Pai devotado,chefe de família exemplar e uma figura humana como poucas. Meu heroi.Obrigada por esta homenagem a esse que ninca buscou homenagens mas é digno de todas. Que Dey2s o tenha. Da sua filha Eliane
ResponderExcluirMuito me honra esta homenagem ao mestre Rivaldo Bandeira, meu Pai. Um Homem como poucos. Mestre da arte Gráfica,Pai devotado,chefe de família exemplar e uma figura humana como poucas. Meu heroi.Obrigada por esta homenagem a esse que ninca buscou homenagens mas é digno de todas. Que Deus o tenha. Da sua filha Eliane
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