domingo, 28 de julho de 2024

sexta-feira, 26 de julho de 2024

sexta-feira, 19 de julho de 2024

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Crônica do retorno

 


Quem me deu o tema é protagonista no enredo central de minha vida. O registro do dia em que voltamos a fazer contato, depois de mais de uma década distantes. Era o movimento de retorno aos quadros constitucionais vigentes, conforme cronicou Manuel Bandeira em sua crônica justamente titulada O retorno. Voltei às quatro linhas da constituição do meu mais remoto afeto, quando atrevidamente, no deslumbramento dos vinte anos, ousei vivenciar a magia da benquerença, afinidade incessante, afora algumas interrupções de rumo.


São vinte e sete anos, marca o calendário. Encontros e desencontros experimentamos pela vida afora. Episódios o mais das vezes deslembrados, escondidos em uma esquina qualquer da memória. Mas, esse retorno não ficou adormecido. Os desencontros não ficaram na agenda. O reencontro, esse sim, capaz de penetrar na profundidade da mística secreta do aconchego e da inspiração, um evento aparentemente vulgar, propício a revelar as verdades complexas das conexões humanas, merece a evocação.


Com a lembrança da data do reencontro, vem o questionamento sutil sobre os descaminhos que inventamos e os reencontros conquistados depois de uma sofrida mudança de rota. A pessoa recebe a graça de descobrir aquele terceiro olho, o “satori” dos filósofos Zen, onde o mundo já conhecido seja de novo conhecido como nunca o foi. Espiando pela brecha desses vinte e sete anos, tenho o palpite de que não vivi à toa, urdindo a vida com o mel da estima produzido por uma abelha jandaíra transmudada em tiúba, a abelha uruçu que faz o mel mais doce e transparente do reino dos polinizadores, fundamental para a humanidade e para este cronista, particularmente.


Não posso saber até quando estarei vivenciando esse ciclo mágico na sucessão dos dias e noites. Na idade da caduquice, se me for permitido chegar a esse estágio, vejo-me cascavilhando acontecimentos, imagens e ideias armazenados no cérebro desgastado, repensando a vida. Uma data inescurecível: o dia do reencontro com alguém com quem compartilhei risadas e perrengues comuns do dia a dia, desafios, aflições e prazeres na longa jornada, desde quando nossas vidas tomaram rumo comum. A existência é um tecido intricado e às vezes enigmático, feito de experiências pessoais e instantes que delineiam nossa trajetória. Entre esses momentos, o retorno é ponto de partida para o segundo e mais decisivo tempo do meu jogo vivencial. Fiz alguns gols contra, confesso. Andei pisando na bola e despencando na área, fingindo falta e pedindo penalidade máxima, movimento próprio do canalha comum. O importante foi reacender a chama das conexões profundamente enraizadas. E segue o enredo. Feliz aniversário de retorno!  

segunda-feira, 8 de julho de 2024

TIJOLINHOS DO MOZART

 


Vidente Madame Preciosa previu minha morte. Só não adiantou quando será o desenlace, nem onde e como desencarnarei. Ta certo. Não discuto com esse povo.

Estamos em julho. Metade do ano, percebo que não fiz nada, mas na outra metade pretendo dobrar a meta.

Sem graves problemas que exijam leis para resolver, os deputados da Paraíba aprovam lei que torna a expressão “Paz do Senhor Jesus” patrimônio cultural imaterial do Estado.

Tirando o que ta certo, ta tudo errado.

Messias Bolsonaro aperreado com o caso das joias. Vão-se os anéis, ficam-se as dedadas. Segue o jogo.

Abandonarei a Academia de Letras Rudimentares. Motivo: meus pares estão se tornando meus ímpares.

Seleção Brasileira de Futebol proibida de jogar no meu televisor, em nome da minha saúde mental.

Festa fascista da extrema direita brasileira em Santa Catarina acaba em velório. Seus comparsas europeus foram enterrados vivos, mas prometem ressuscitar. 

Assessor de Carlos diz que família Bolsonaro sacava todo salário em dinheiro vivo, porque esse é um hábito dos muito vivos.

Milei ganha medalha de imbecil do Bolsonaro e se torna ‘imorrível, imbrochável e incomível’.

O Facebook me reconheceu como um dos criadores de caso mais relevantes esta semana.

Existem três tipos de pessoas no mundo: as que sabem contar e as que não sabem. (Obrigado, Sonsinho!)

Pra quem não sabe quem é Sonsinho, ouça meu podcast: https://www.radiodiariopb.com.br/barata-bugada-faz-aborto-de-si-mesma-programa-radio-barata-no-ar-edicao-no-467/

Bolsonaro, indiciado como ladrão de joias, diz que na vida tudo é bijuteria, não vai vender seus dois rins no Mercado negro para devolver as pedras preciosas. E ponto final.

 

 

 

 

 

 

 

PROJETO CARAVANA DO CORDEL BRASILEIRO EM BANANEIRAS

 


O velho Fábio Mozart

Na feira de Bananeiras

Distribuindo folhetos

Rompendo novas fronteiras

Com a poeta Cristine

Uma de nossas obreiras

 

terça-feira, 2 de julho de 2024

Poeta centenário

 


Em 18 de maio de 2020 faleceu em Guarabira o poeta cordelista, violeiro, xilogravador e Mestre da Cultura Ismael Freire da Silva. A prefeitura local registrou o desaparecimento do artista que estava radicado em Guarabira desde 1940, “onde desenvolveu toda a sua produção artística e deu voz à cidade e ao povo com um legado que ficará para a história e os admiradores das futuras gerações”.

Ismael Freire nasceu no dia 30 de julho de 1924. No dia 3 de maio deste ano, a Academia de Cordel do Vale do Paraíba homenageou o poeta bananeirense em plena feira livre daquela cidade brejeira, durante sarau do Projeto Caravana do Cordel Brasileiro. O cordelista Gilberto Baraúna, de Pilões, disse na ocasião: “Queremos estar aqui nesta feira em julho para festejar o centenário desse grande poeta bananeirense”. Eu distribuí gratuitamente meu folheto “Cordel para Bananeiras” e prometi voltar à feira com um folheto sobre Ismael Freire no dia 30 de julho, data do centenário de nascimento. De fato, em alusão aos cem ano do nascimento de Ismael Freire e em honra da sua memória, lançarei o folheto “Poetas de Bananeiras”, onde registro fatos sobre a vida desse homem simples e fecundo criador, uma das principais figuras do cordel brasileiro produzido na Paraíba, onde nasceu esse gênero. 

Não há de se negar a importância e o papel de Ismael Freire no cordel brasileiro, nascido em Bananeiras, cidade onde também veio ao mundo João Melchíades Ferreira da Silva, outro monstro sagrado deste gênero. Como sócio efetivo da Academia Bananeirense de Letras e Artes, estou propondo algumas ações por parte das entidades públicas e privadas de Bananeiras, envolvendo inclusive os estudantes da rede de ensino, com o fito de incentivar o conhecimento da vida e da obra do escritor entre os alunos e o público em geral. Quem sabe, um concurso municipal de poesia. Sei que o prazo é exíguo, temos menos de 30 dias, mas vale a pena o esforço para que o poeta seja lembrado em sua terra natal, um dos grandes personagens na história cultural da cidade. Como disse o cronista Alvaro L. Costa Correa, lembrar do artista é dar à sua obra a permanência que merece. É mantê-lo, de alguma forma, aqui entre nós.

Morador do município há quatro anos, já produzi um folheto contando a história de Bananeiras, onde se faz um passeio pela história desta cidade de 21 mil habitantes, situada na região do Brejo paraibano, que já foi o maior produtor de café do Nordeste até o começo do século vinte, o que tornou a cidade mais rica da região, expressa ainda hoje na arquitetura dos seus oitenta casarões ainda preservados. Quis fazer essa homenagem à terra dos poetas Ismael Freire e João Melquíades Ferreira da Silva, e agora apresento o cordel “Poetas de Bananeiras” no centenário de Ismael.  

Ismael Freire da Silva

Um vate que idolatro

Nasceu em 30 de julho

Do ano de 24

Sua vida dá um filme

Ou uma peça de teatro.

 

No ano dois mil e vinte

Se deu o falecimento

Desse artista celebrado

Pelo versátil talento

Viveu 96 anos

Transformou-se em monumento.

 

Foi poeta cordelista

E um mestre violeiro

Como xilogravurista

Dominou o seu terreiro

Como editor/produtor

Deste cordel brasileiro.

 

Sua terra Bananeiras

Fica devendo homenagem

Mesmo depois que o poeta

Fez sua grande viagem

Resgatando a memória

Do bardo e sua imagem.