Eu com meu uniforme do
Fogão, tomando notas ao lado do Arnaud Costa com sua camisa de corintiano.
(Foto da fotógrafa iniciante Iraci Costa, minha mãe).
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“Se uma planta não
consegue viver de acordo com sua natureza, ela morre... assim também um homem.”
(Henry David Thoreau)
É o caso específico do
veterano jornalista Arnaud Costa. O homem cresceu numa tipografia, redigindo
notícias e escrevendo crônicas. Foi radialista, cronista esportivo e árbitro de
futebol. Por isso não consegue viver longe do batente, mesmo que seja ditando
suas matérias, já que a visão não anda cem por cento. Nosso conhecimento comum
do folclore do futebol me fez secretário e co-redator do novo livro de Arnaud
Costa, “Fatos pitorescos do futebol”, que promete lançar ainda neste ano.
Não tenho influência
alguma sobre o conteúdo do livro de Arnaud Costa. Apenas escrevo o que ele
dita, lembro alguma data, nomes já esquecidos. Surpreende-me a memória dele.
Sabe decorado o time do União Sport Clube que venceu o campeonato de 1962
contra seu eterno rival, o Vila Nova de Itabaiana. Lembra de fatos acontecidos
há meio século.
Ontem passei o dia rascunhando as suas
memórias futebolísticas. Lembramos de um goleiro que defendia o Botafogo da
Maloca, time de Zé Dudu, figura folclórica de Itabaiana. O nome da fera: Cheio
de Pernas. Por que Cheio de Pernas? É que existiu um goleiro russo chamado Lev
Ivanovich Yashin, apelido Aranha Negra, que disputou as copas de 1958, 1962,
1966 e 1970, considerado por muitos, o melhor goleiro do mundo. Só de zona,
começaram a chamar o nosso humilde goleiro de Aranha Negra. Ele não gostou do
apelido, mesmo sendo cientificado da origem nobre do nome. Para resolver a
pendenga, ele mesmo simplificou: “Nem aranha e muito menos negra. Podem me
chamar de Cheio de Pernas, que aranha é um bichinho danado pra ter pernas”.
Pronto, ficou o auto-apelido.
Voltando ao livro em gestação, meu pai é um tipo de intelectual pré-internet. Ele adora livros e é dos que acham que na internet só tem idiotas. Mais ou menos como pensa o cartunista Ziraldo: “A humanidade não presta. E você multiplica a potencialidade dessa maldade na internet.” Mal sabe meu pai Arnaud Costa que ando adiantando o conteúdo do seu livro aqui na net. Mas sei que meus leitores não são idiotas da internet. Serão os futuros leitores da sua obra.