Bolsonaro preocupado com suas hemorroidas
porque Sérgio Moro é dedo duro. Essa e outras manchetes infames na RÁDIO BARATA
NO AR, edição 006:
domingo, 31 de maio de 2020
sexta-feira, 29 de maio de 2020
RÁDIO BARATA NO AR - Maio 2020 - 005
Horóscopo
de Madame Preciosa para a quarentena
(A
figura acima simboliza o signo de Câncer. Não é posição sexual, seus
pervertidos!)
quarta-feira, 27 de maio de 2020
RÁDIO BARATA NO AR - 004 - Maio 2020
BARATA UNIDA JAMAIS SERÁ VENCIDA
A Rádio Diário PB tem a coragem e o
descaramento de apresentar RÁDIO BARATA NO AR. Produção, edição, locução,
apresentação, extorsão, embromação, convulsão e acareação de Fábio Mozart, o
locutor da quarentena obscena. – 4ª edição no RadioTube:
RÁDIO BARATA NO AR - 003 - Maio 2020
Fábio Mozart é processado no Supremo Tribunal Funeral por ouvinte bostífero da Rádio Barata no Ar
RÁDIO BARATA NO AR na Rádio DiarioPB e no RadioTube.
segunda-feira, 25 de maio de 2020
Cordel debate saúde pública na escola com humor e simpleza
Fábio Mozart e Cristine Nobre escreveram o folheto “Xarope de cloroquina
serve até pra febre do rato”, publicado em plataformas de leitura na internet.
O cordel “tira a terreiro” as políticas públicas de saúde implementadas no
Brasil atualmente, em plena pandemia do novo coronavírus. O dito folheto se
insere na linha “gracejo”, cordéis voltados para o lado do riso. Esta modalidade de folheto trata do humor simples do povo
nordestino, irreverente e repleto de duplo sentido.
Quadros de notório saber na educação, pública
ou particular, já perceberam o valor da literatura de cordel como ferramenta
pedagógica, pela sua comunicabilidade e interatividade, pelo baixo custo e
musicalidade dos seus versos, enquanto elemento motivacional e impulsivo nas
ações de incentivo à leitura e escrita. A odontóloga e cordelista Cristine
Nobre, de Pirpirituba, já pratica atividades didático-pedagógicas na promoção
da saúde bucal através dos folhetos. Ambos somos membros efetivos da Academia
de Cordel do Vale do Paraíba, onde construímos uma parceria pró-ativa no sentido
de produzir cordéis em diversos gêneros. Boa parte dos criadores desta Academia
é constituída de professores, atuando em suas escolas como agentes
disseminadores da nossa cultura popular mais autêntica, levando o alunado a
conhecer suas próprias raízes e valorizando as vocações e talentos dos jovens.
Tem muito colegial escrevendo e lendo literatura de cordel nas escolas graças a
mestres como Pádua Gorrion, de Itatuba, Raniery Abrantes e Annecy Venâncio, Manoel Belizário, Jota
Lima da UEPB, Francisco Diniz em Santa Rita, Antonio Marcos Monteiro de Itabaiana, Claudete Gomes e Bento Júnior de João
Pessoa, entre tantos outros.
Neste contexto, a Escola Estadual Renato
Ribeiro Coutinho, de Alhandra, resolveu investir no desenvolvimento criativo
dos alunos nessa fase de estudos à distância, utilizando o nosso folheto “Xarope de
cloroquina serve até pra febre do rato”. A repercussão se deu na internet,
através de portais de literatura onde leitores e escritores interagem entre si.
Os alunos leram o folheto e responderam a um questionário.
Essa febre benigna dos cordéis nas escolas e suas experimentações como termômetro
do nível cognitivo dos alunos e alunas, vem deixando claro que precisamos
aplicar no mundo da educação altas doses de letras, poéticas ou em prosa, para
despertar o prazer à leitura e à escrita, porque ainda é muito deficiente o
desempenho da moçada quanto aos significados das palavras, a compreensão do
texto. De forma desenvolta e informal, o folheto estimula a interpretação e
reflexão. Ainda assim percebe-se significativa falta de equilíbrio entre o que
se lê e o que se apreende. Interpretação inexata de um texto simples é sinal
claro de analfabetismo funcional. Como bom sinal, os números de pesquisas
recentes dando conta de que o analfabetismo funcional já é muito menos entre os
mais jovens do que entre os mais velhos.
Na escola onde o
folheto foi explorado, a maioria dos alunos e alunas responderam ao
questionário com mentalidade aguda e senso de discernimento intelectual. Parte
da resposta de uma aluna: “Eu entendi que esse cordel é uma crítica ao
Presidente Jair Bolsonaro sobre o medicamento cloroquina, porque até hoje não
foi comprovado pela ciência que a cloroquina serve para pessoas que estão com a
doença Covid-19. As iniciais FM e CN nas estrofes são dos autores Fábio Mozart
e Cristine Nobre”. Outro escreveu: “O folheto mostra que o Presidente é um grande
babaca”.
Sobre a
pergunta “o que significam as siglas FM e CN entre as estrofes?”, um aluno
respondeu que se trata de FM, “a sigla de Frequency
Modulation que em português significa "Modulação em Frequência" e se
refere à transmissão de ondas com variação da frequência”. E as iniciais CN,
para o aluno, é o código na Internet para a China. Esse escorregão nos ajuda a
entender o fenômeno da internet como ferramenta de pesquisa na escola, suas
extravagâncias e desvios.
sexta-feira, 22 de maio de 2020
RÁDIO BARATA NO AR - 2ª edição - Maio 2020
Fábio Mozart lança candidatura para vereador e pede ajuda em
vaquinha virtual na Rádio Barata.
terça-feira, 19 de maio de 2020
Rádio Barata no Ar estreia nesta terça-feira (19/05/2020)
A rádio web DiarioPB estreia o programa “Rádio Barata no Ar”, com apresentação de Fábio Mozart. A atração estreia nesta terça-feira, 19 de maio, e vai ao ar diariamente às 10 horas, com reprise às 19 horas. O programa terá retransmissão pelas rádios Ganga, de Maceió, Zumbi e Cuiá de João Pessoa.
O objetivo do novo programa é abordar assuntos do cotidiano, comentar de maneira bem humorada, os acontecimentos da semana, de forma irreverente e leve, sempre com boas piadas.
“A ordem é resistir. A barata é mais resistente que os humanos e quase todos os outros bichos. A bichinha se vira muito bem em ambiente hostil. Se faltar comida, faz refeição de matéria em decomposição e pode viver sem cabeça por algumas semanas. O que não é nada demais, visto que o Brasil sobrevive sem cabeças pensantes há mais de um ano”, alfineta Mozart.
Fábio Mozart é jornalista, blogueiro, radialista e colunista do jornal A União. Acompanhe a Rádio DiarioPB: https://www.radio.diariopb.com.br/
ÁUDIO DA PRIMEIRA EDIÇÃO:
https://www.radio.diariopb.com.br/programa-radio-barata-no-ar/?fbclid=IwAR3DTQSXx2VIC7PWM3qA060oxi5-SuUSXsilRjlD7yjxJwy_Sg6YRK7GEvE
ÁUDIO DA PRIMEIRA EDIÇÃO:
https://www.radio.diariopb.com.br/programa-radio-barata-no-ar/?fbclid=IwAR3DTQSXx2VIC7PWM3qA060oxi5-SuUSXsilRjlD7yjxJwy_Sg6YRK7GEvE
quarta-feira, 13 de maio de 2020
MULTIMISTURA - 12/05/2020
Inédito. O programa mais imbecil
que você vai ouvir hoje. Madame Preciosa anuncia a cura do vírus com seu pó
miraculoso devidamente abençoado pelo deus Eros.
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BLOCO 2
BLOCO 3
BLOCO 4
sábado, 9 de maio de 2020
POEMA DO DOMINGO
Xarope de cloroquina serve até pra febre do rato
FOLHETO A
QUATRO MÃOS – POETAS FÁBIO MOZART E CRISTINE NOBRE
FM
O
Presidente Bozó
Como grande
patriota
Curandeiro,
benzedeiro
E um
autêntico idiota
Prescreveu
a cloroquina
Pra curar
sua patota.
Você vá
tomando nota
Lambedor de
cloroquina
Uma receita
infalível
Para a
pessoa mofina
Bozó foi o
criador
É quem prescreve e assina
CN
Ele trouxe lá da China
Bom é tomar
com azeite
Mas
dispense o adoçante
Para ter
melhor deleite
E se tiver
um capim
Acrescente
e aproveite!
Misture com
mel e leite
Ficando bem
animado
As orelhas
vão crescer
Vai falar
com relinchado
E todo
mundo vai ver
Sua cara de
abestado.
FM
Conforme
fui informado
Pelo doutor
Bolsonaro
Esse
lenimento cura
Intelecto e
tino raro
Deixa o
paciente tolo
Sem
raciocínio e faro
Mas ele
deixa bem claro:
Tem a predisposição
O cabra
precisa ser
Ignorante e
babão
Palerma
imbecilizado
Puxa-saco
de patrão
CN
Com muita
convicção
Um jumento
batizado
Que sem
muito amor à vida
Obedecendo
ao malvado
Gado que
segue seu dono
Nesse circo
improvisado
O sujeito
alienado
Engole até
gororoba
Mulheres na
contramão
Fazendo chá
de taioba
Qualquer
dia engolem bosta
Vestidos de
carioba
FM
Enquanto
isso, o soba
Prepara sua
meisinha
Que é um
remédio caseiro
Pra curar a
gripezinha
Cuja
receita oculta
Aqui a
gente esquadrinha
Você pega
uma tesourinha
Corta os
três fios de ouro
Do cabelo
do diabo
Reza três rezas
de agouro
E quatro
preces perversas
Dedica ao
demo vindouro
CN
Se o Demo
der estouro
Por falta
da cabeleira
Mesmo sendo
poucos fios
Vai fazer
uma sujeira
Seu corpo
vai ser imune
Depois
dessa brincadeira
E tu sem
eira nem beira
Ficarás bem
chacoalhado
Pensando:
“o Diabo é bom
Estarei
imunizado
Com saúde e
com riqueza
Não serei
um fracassado”
FM
Olhando por
outro lado
Vou
prescrever a receita
O modo de
se fazer
O remédio
dessa seita
Dos fãs de
Jair Messias
Povo da
mente estreita
Primeiro
faça a colheita
De duas
lágrimas do cão
Misture com
creolina
E três
barras de sabão
Quatro
quilos de enxofre
Um punhado
de carvão
CN
E não será
nada em vão
Toda essa
misturada
Antes de ir
para o fígado
Dará boa
fermentada
No estômago
do cabra
Pra pessoa
ser curada
A receita é
arretada!
E não para
por aí
Tem outros
ingredientes
Pra usar e
repetir
Junte a
baba do capeta
Vai ser bom
pra digerir
FM
Se o doente
grunir
É que ta
fazendo efeito
Carvão de
osso de sogra
É
componente insuspeito
E intriga
de parente
Também fará
bom proveito
E sem
nenhum preconceito
Acrescente
a cloroquina
Com um
punhado de pimenta
Dois quilos
de toxina
Colhão de
carneiro mocho
Suco de
naftalina
CN
Para o
menino ou menina
Que queira
um novo sabor
Algo nunca
antes visto
Que um
gênio elaborou
Com um
poder invasivo
Um coquetel
de sabor
A patente é
de doutor
Conhecido
na cidade
Homem muito
astucioso
Mas de
pouca integridade
O seu saber
destoante
Faz nascer
a crueldade
FM
Com toda
sinceridade
Livre de
qualquer malícia
Esse homem
de patente
Tem
presença fictícia
O que pensa
é fantasia
Ou é caso
de polícia
Com sua
grande estultícia
Essa
receita prescreve
Como falso
esculápio
Vai
derreter como neve
Tanto que
já é chamado
De
Bolsonaro, o breve
CN
Receita que
não é leve
Fórmula
proposital
Proposta
por um demente
Que pensa
que é o tal
Que mente
mais do que tudo
Passa
remédio letal
Não tem
rabo, o animal!
O filho do
capiroto
É um
projeto de gente
Capaz de
jogar esgoto
Em receita
pra doente
Pois ele é
um cara escroto
FM
E se você é
canhoto
Manipule
com a direita
Essa é a
mão ideal
Para
aprontar a receita
Com muito
ódio na mente
Conforme
manda a seita
Precisa
fazer colheita
Do chá
Garra do Diabo
Misturar
bem com enxofre
E temperar
com o rabo
Do inimigo
Cão Coxo
Aumentando
o menoscabo
CN
Mistura
leite e quiabo
Esse xarope
acelera
Mexe com o
intestino
O diabo
destempera
Deixa tudo
bem fedido
Pra ferrar
com a galera
Pior que
essa “mizéra”
Dessa receita
adoidada
Mesmo dando
um tremelique
Deixa gente
acreditada
A ignorância
impera
Nessa terra tão
amada
Com a merda
afrouxada
Aparece a
assadura
Com plena
convicção
De que o
remédio cura
Só mesmo a
arte do cão
Faz essa
conjectura
FM
Mesmo sendo
merda pura
O bolsominion
acredita
Sai à rua,
dá chilique,
Faz vergonha,
ronca e grita
A direita
no Brasil
Na sua
versão xiita
Se enganam
com a cor da chita
E proclamam
a ditadura
Em um
bailado cafona
De plena subcultura
Debocham da
dor do povo
Esculacham sepultura
Mesmo sem
musculatura
Esse povo
nos dá medo
O horror do
despotismo
Não
esquecemos tão cedo
Ufanista palhaçada
Sabor de xarope
azedo.
sexta-feira, 8 de maio de 2020
O dia em que seguimos a estrela
Foi no dia 9 de maio de 1981 na cidadezinha
Itabaiana do Norte. No mês anterior, duas bombas explodiram em um carro no
Pavilhão Rio Centro, no Rio de Janeiro. Seria o último ato de terrorismo de
Estado cometido pela ditadura. O Presidente General João Figueiredo ameaçou
prender e arrebentar quem sabotasse a democracia arquitetada pelos militares
depois de dezessete anos de regime ditatorial. Eu e mais uns três ou quatro
gatos pingados, acanhados e temerosos, mas esperançosos, criamos o Partido dos
Trabalhadores em Itabaiana. Na época, falar em partido de esquerda já era uma
temeridade, imagine fundar um. A ata foi assinada pelo juiz eleitoral Reginaldo
Antonio de Oliveira. Já lá se vão 39 anos!
Fui eleito presidente da junta provisória
do Partido dos Trabalhadores. O secretário atendia pelo nome de Joacir Avelino
e o tesoureiro Roberto Palhano, que viria a ser nosso primeiro e único
candidato a prefeito da cidade pelo PT, obtendo 268 votos. Éramos artistas
amadores e acreditávamos que a arte tinha esse caráter pedagógico e libertador
e que todo criador teria a missão de se comprometer com as causas e
transformações políticas da sociedade. Fui autor de uma peça teatral intitulada
“O camponês a caminho do calvário”, censurada até pelo bispo D. José Maria
Pires.
Lembro que, para obter o número de
assinaturas de filiados a fim de registrar o partido, apelamos para os
amigos em mesas de bar, as meninas dos cabarés, familiares e namoradas. Minha
namorada assinou a ficha nº 1 e veio a sofrer vicissitudes no meio familiar e
pressão da mandona política da cidade.
Já naquela época a gente operava em sistema
de rede, mas era rede de pescar piaba no Rio Paraíba e comer com cachaça nas
reuniões do partido. Intentou-se até na formação do sindicato das profissionais
do sexo e afins, sendo esse “afins” dignamente representado por Nega Tonha, uma
travesti do cabaré de Topada. O debate político era feito no palco do grupo
teatral, no oitão da igreja, na beira do rio e nos lupanares. Não fizemos a
revolução, mas mexemos um tantinho assim no quadro geral da estrutura política
e da realidade social. Depois o partido caiu na decadência ideológica e caímos
fora. Continuamos anti-imperialistas, antiglobalização, anticapitalismo
selvagem, antifascismo e libertários. Uns mais, outros menos. Muitos caminhos
conduzem à decrepitude, à velhice. Alguns se perderam na evasão de si, no medo
do diferente, no exílio em ilhas, no chamado do consumismo, na insolidariedade.
Dos meus antigos companheiros, tem deles que contraíram a humanofobia e hoje
defendem bandeiras ridículas de extrema direita.
De qualquer forma, o Partido dos
Trabalhadores balançou as mentes de alguns rapazes de minha época numa cidadezinha do interior, na conjuntura política do país dominado por uma ditadura em agonia. Teve seu momento de significação. Esta ata será entregue ao meu compadre
Renilson Bezerra, Presidente atual do partido, de forma que nossa história
remota ajude a captar as lições do presente, mantendo o sonho, apreendendo as
incertezas sobre nosso futuro, a grande incógnita política e social da direita
radical no poder.
MULTIMISTURA - 07/05/2020
MULTIMISTURA faz “live” e consegue ser mais
respeitoso do que a vídeo conferência da Câmara de João Pessoa
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quinta-feira, 7 de maio de 2020
Memorial dos meus amigos
Nessas longas tardes, noites e
manhãs de apartação social, tenho pensando nos amigos e amigas que passaram
pela minha vida, alguns que já morreram e que são mais do que números, outras e
outros ainda presentes iluminando minha vivência com poesia, afeto, fraternidade,
companheirismo, ensinamento e boas lembranças.
Hoje vi um portal chamado “Inumeráveis”,
memorial dedicado a cada uma das vítimas do coronavírus no Brasil que já passam
de oito mil pessoas. A ideia é registrar em poucas linhas a personalidade das
vítimas da doença a partir de depoimentos das famílias, para que deixem de ser
apenas números na estatística dessa tragédia. (www.inumeráveis.com.br) Definições do
tipo “Adalberto, o carnaval em pessoa; Adélia generosa; Adriana dentista,
criadora de sorrisos”; Afrodísia, matriarca amorosa; Aldevan, um bravo doce...”;
Alexandra Popoff, imigrante russa que fazia a melhor bacalhoada; Ana que amou a
vida; Anisio que amava rock and roll; Arthur Martins que foi ao encontro do seu
cão amado; Augusto Octávio, o palhaço da família; Bernadete, tia Bebé tão
generosa; Carlilo, seu sonho era voltar a andar; Cícero Romão, enfermeiro que
cuidou de todos até seus últimos dias”, e vai por aí.
Pois eu gastei o juízo um pouquinho
e fiz micro biografias de algumas pessoas do meu círculo de amizade. Nunca,
entretanto, pensando em que venham a constar desse memorial das vítimas do coronavírus,
mas só para exercitar minha destreza no laconismo e reafirmar a simpatia e
apreço que sempre tive e terei por essas pessoas. Certos nomes ficaram de fora.
Alguns porque não toleram publicidade, outros porque são tão essenciais na
minha história de vida que a redundância chega a ser chocante. Meu pai, por exemplo,
o que diria dele em dez palavras? “Foi quem me deu a primeira papa, o primeiro
livro e o primeiro elogio”.
Da lista já constam mais de cem
nomes, pela ordem alfabética. Daqui para o final do isolamento terei uns trezentos
micro perfis. Eis os primeiros do inventário da dileção:
Adeildo Vieira
Cantador das benquerenças e um
coração enorme.
Adiel
Meu primeiro patrão. Fui ajudante
de aguadeiro, tangedor de burros do meu primo.
Agnaldo Barbosa
Ardiloso criador de estórias e um
herói do populário.
Adilson Adalberto
Um biólogo que quis ser poeta e
vive seu sonho.
Alves
Meu compadre maquinista de gigante
simpatia e trovador das estradas de ferro.
Alcion
Morreu datilografando carta para
a namorada. Primo e amigo de infância.
Albenor
Cândido menino comunista
oitentão.
Almiro
O mestre do babau, o ator
popular, o cantor de rua, um artista singular na sua simplicidade.
Aline
Primeira namoradinha, aos dez
anos. Cachinho, ternura e meiguice em retrato desbotado na memória.
Aniceto
Vizinho decente e discreto.
Antonio de Pádua El Gorrión
Professor que fez da escola um
lugar de interlocução e vivência, com seus folhetos e a força da simpatia.
Assis Firmino
Meu compadre é como bolacha: em
todo canto se acha. Pitoresco filho de Mari.
Avelino
Mistura da bonomia do Sargento
Garcia com a valentia do Zorro. Sargento Avelino, de quem fui escrivão
improvisado, professor de português e admirador.
Arnaud Costa
“Foi quem me deu a primeira papa,
o primeiro livro e o primeiro elogio”.
domingo, 3 de maio de 2020
POEMA DO DOMINGO
O poeta que virou zumbi no terror da
pandemia
CORDEL A QUATRO MÃOS
- POETAS FÁBIO MOZART E BENTO JÚNIOR
FM
Um poeta enfraquecido
Meio tonto do juízo
Na Paraíba do Norte
Além de caneiro, liso,
De fiado no comércio
Não comprava nem um frizo
Foi assim, no prejuízo,
Que enfrentou a pandemia
Os dez filhos e a mulher
Lamentavam noite e dia
Precisando de ração
Em uma grande agonia
BJ
Só pensando em fantasia
Vive cheio de mistério
Andando dentro de casa
Lendo livro de adultério
Pensa no coronavírus
Que leva pro cemitério
Ele nem sabe o critério
Nem o seu metabolismo
Se sente o próprio zumbi
Dentro do capitalismo
Sentindo sua injustiça,
Seu desastre e seu sadismo
FM
E nesse imobilismo
O poeta foi ficando
Cada vez mais alterado
O seu sistema mudando
Sete semanas depois
Não dormia, só chorando
Foi aí então que quando
Ele avistou uma rata
Debaixo da sua cama
Trepando com uma barata
Percebeu que estava louco
Em existência abstrata
BJ
Caía uma chuva ingrata
Na cabeça do poeta
Pois, vendo aquela barata
Pensou na ilha de Creta
Dizendo: bicho de asa
Nunca foi a sua meta.
Apontando grande seta
Pra rata que estava em pé
Deu dois pinotes na cama
E saiu cantando “olé”
A pandemia maltrata
Muito mais que a mulher
FM
Ele engole um clister
Sentindo grande soçobro
Sem ter em casa cachaça
afirmou: “não me recobro.
Se eu soubesse que era assim
Teria bebido o dobro”.
Na boca um gosto salobro
Na cabeça uma agonia
O poeta andava à toa
Isso de noite ou de dia
Do quarto para o quintal
Do banheiro para a pia.
BJ
O cabra a graça perdia
Quando mexeu o intestino
A sonda que lavou tudo
Apontava o seu destino
Tudo não passou de um sonho
Na cabeça do menino
Assim José Constantino
Foi ficando igual zumbi
Andando dentro de casa
Cinco noites sem dormir
Ele abriu a geladeira
Pensando em dali fugir.
FM
O óbito a lhe convir
E achava até bonito
A morte sempre é gentil
Com um poeta aflito
Todo poeta que morre
Viaja ao infinito
De repente ouviu-se um grito
Era o poeta cagando
Sei que quebrei o lirismo
Do verso que ia armando
Mas o “parça” é Bento Júnior
Gaiatice no comando
BJ
Fábio Mozart, vá rimando
E deixe de ser gaiato
Você me chama de “parça”
Porque eu narro esse fato
Latindo que nem cachorro
E miando como gato
Sei que o momento é exato
De nos livrar do terror
Me agarro com o bruxo Dalmo
Que é devoto de Xangô
Gravo na Rádio Zumbi
Emissora do autor.
FM
Sem ter anel de doutor
Poeta virou fantasma
Escrevendo um cordel
Em um linguajar de plasma
Espantando a noite débil
Com seu acesso de asma
Vestindo o ectoplasma
Poeta inaugura o mundo
Transforma a realidade
Em suposto céu profundo
Criando até anticorpo
Contra o corona imundo
BJ
Nessa vai e vem profundo
Noite e dia ele sofrendo
Com tristeza no olhar
O rosto empalidecendo
Com dez filhos pra comer
A mulher aborrecendo
Pois assim eu vou vivendo
Sem ter a quem recorrer
Apelo para os amigos
Mas não posso percorrer
Os caminhos do socorro
Vendo a hora perecer.
FM
Depois de muito sofrer
O poeta se inspirou
Passou três dias e noites
Quando sorriu e chorou
De alegria envergonhada
E a vida continuou.
Seu folheto terminou
Dedicado ao bem querer
Sua nega Filomena
Deixou até de beber
Poeta que vence a morte
Precisa nem saber ler.
BJ
A Filomena quis ser
O que nunca tinha sido
Esposa do seu fiel
E dedicado marido
Que antes era devasso
Doido, bêbado e atrevido.
E mesmo desprotegido
Seu lar agora tem paz
Foi o corona quem trouxe
Mesmo sem comida e gás
Assim pensou Filomena
Com o pensar do Satanás.
FM
Na verdade, só se jaz
Quando o ciclo histórico acaba
E só quem pode saber
Quando chega essa diaba
É o próprio indivíduo
Cacique e pajé da taba
A morte chega se baba
Pra matar o poetinha
Mas o poeta não morre
Apenas recolhe a linha
E vai pescar mais além
Da tua vida e da minha.
BJ
Quer retomar a vidinha
Quando essa peste acabar
Tomar um tonel de pinga
Beber até se lascar
E comer a Filomena
Mais um filhote engendrar
Para o nervo acalmar
Liga a televisão
Só sai notícia do vírus
Que dá nó no coração
Mais uma noite sem sono
Mais um tempo de aflição.
FM
Poeta vê ilusão
Um vaga-lume com vela
Um urubu senador
Um Hippocampus de sela
Um político honesto
Olho do cu com remela.
Um bolsominion banguela
Babando feito cadela
Saiu debaixo da cama
Com blusa verde e amarela
Gritando: “Viva meu mito!”
Na caserna se aquartela
BJ
Um poeta tagarela
E pião de carrapeta
Tentando passar recado
Ligeiro feito cometa
Fique em casa! Não relaxe!
Não siga aquele capeta
Pensa que é republiqueta
Essa nação brasileira
Pior é prisão perpétua
Da estúpida cegueira
Poeta pode ser doido
Mas não é burro de viseira.
Um poeta enfraquecido
Meio tonto do juízo
Na Paraíba do Norte
Além de caneiro, liso,
De fiado no comércio
Não comprava nem um frizo
Foi assim, no prejuízo,
Que enfrentou a pandemia
Os dez filhos e a mulher
Lamentavam noite e dia
Precisando de ração
Em uma grande agonia
BJ
Só pensando em fantasia
Vive cheio de mistério
Andando dentro de casa
Lendo livro de adultério
Pensa no coronavírus
Que leva pro cemitério
Ele nem sabe o critério
Nem o seu metabolismo
Se sente o próprio zumbi
Dentro do capitalismo
Sentindo sua injustiça,
Seu desastre e seu sadismo
FM
E nesse imobilismo
O poeta foi ficando
Cada vez mais alterado
O seu sistema mudando
Sete semanas depois
Não dormia, só chorando
Foi aí então que quando
Ele avistou uma rata
Debaixo da sua cama
Trepando com uma barata
Percebeu que estava louco
Em existência abstrata
BJ
Caía uma chuva ingrata
Na cabeça do poeta
Pois, vendo aquela barata
Pensou na ilha de Creta
Dizendo: bicho de asa
Nunca foi a sua meta.
Apontando grande seta
Pra rata que estava em pé
Deu dois pinotes na cama
E saiu cantando “olé”
A pandemia maltrata
Muito mais que a mulher
FM
Ele engole um clister
Sentindo grande soçobro
Sem ter em casa cachaça
afirmou: “não me recobro.
Se eu soubesse que era assim
Teria bebido o dobro”.
Na boca um gosto salobro
Na cabeça uma agonia
O poeta andava à toa
Isso de noite ou de dia
Do quarto para o quintal
Do banheiro para a pia.
BJ
O cabra a graça perdia
Quando mexeu o intestino
A sonda que lavou tudo
Apontava o seu destino
Tudo não passou de um sonho
Na cabeça do menino
Assim José Constantino
Foi ficando igual zumbi
Andando dentro de casa
Cinco noites sem dormir
Ele abriu a geladeira
Pensando em dali fugir.
FM
O óbito a lhe convir
E achava até bonito
A morte sempre é gentil
Com um poeta aflito
Todo poeta que morre
Viaja ao infinito
De repente ouviu-se um grito
Era o poeta cagando
Sei que quebrei o lirismo
Do verso que ia armando
Mas o “parça” é Bento Júnior
Gaiatice no comando
BJ
Fábio Mozart, vá rimando
E deixe de ser gaiato
Você me chama de “parça”
Porque eu narro esse fato
Latindo que nem cachorro
E miando como gato
Sei que o momento é exato
De nos livrar do terror
Me agarro com o bruxo Dalmo
Que é devoto de Xangô
Gravo na Rádio Zumbi
Emissora do autor.
FM
Sem ter anel de doutor
Poeta virou fantasma
Escrevendo um cordel
Em um linguajar de plasma
Espantando a noite débil
Com seu acesso de asma
Vestindo o ectoplasma
Poeta inaugura o mundo
Transforma a realidade
Em suposto céu profundo
Criando até anticorpo
Contra o corona imundo
BJ
Nessa vai e vem profundo
Noite e dia ele sofrendo
Com tristeza no olhar
O rosto empalidecendo
Com dez filhos pra comer
A mulher aborrecendo
Pois assim eu vou vivendo
Sem ter a quem recorrer
Apelo para os amigos
Mas não posso percorrer
Os caminhos do socorro
Vendo a hora perecer.
FM
Depois de muito sofrer
O poeta se inspirou
Passou três dias e noites
Quando sorriu e chorou
De alegria envergonhada
E a vida continuou.
Seu folheto terminou
Dedicado ao bem querer
Sua nega Filomena
Deixou até de beber
Poeta que vence a morte
Precisa nem saber ler.
BJ
A Filomena quis ser
O que nunca tinha sido
Esposa do seu fiel
E dedicado marido
Que antes era devasso
Doido, bêbado e atrevido.
E mesmo desprotegido
Seu lar agora tem paz
Foi o corona quem trouxe
Mesmo sem comida e gás
Assim pensou Filomena
Com o pensar do Satanás.
FM
Na verdade, só se jaz
Quando o ciclo histórico acaba
E só quem pode saber
Quando chega essa diaba
É o próprio indivíduo
Cacique e pajé da taba
A morte chega se baba
Pra matar o poetinha
Mas o poeta não morre
Apenas recolhe a linha
E vai pescar mais além
Da tua vida e da minha.
BJ
Quer retomar a vidinha
Quando essa peste acabar
Tomar um tonel de pinga
Beber até se lascar
E comer a Filomena
Mais um filhote engendrar
Para o nervo acalmar
Liga a televisão
Só sai notícia do vírus
Que dá nó no coração
Mais uma noite sem sono
Mais um tempo de aflição.
FM
Poeta vê ilusão
Um vaga-lume com vela
Um urubu senador
Um Hippocampus de sela
Um político honesto
Olho do cu com remela.
Um bolsominion banguela
Babando feito cadela
Saiu debaixo da cama
Com blusa verde e amarela
Gritando: “Viva meu mito!”
Na caserna se aquartela
BJ
Um poeta tagarela
E pião de carrapeta
Tentando passar recado
Ligeiro feito cometa
Fique em casa! Não relaxe!
Não siga aquele capeta
Pensa que é republiqueta
Essa nação brasileira
Pior é prisão perpétua
Da estúpida cegueira
Poeta pode ser doido
Mas não é burro de viseira.
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